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September 2010

Audio Specials Tudo AV

Shield!

September 6, 2010

Primeiro trabalho da matéria de Direção de Rádio I, podíamos escolher entre produzir algum dos spots escritos no semestre passado, pra Roteiro de Rádio, ou escrever algo novo para gravar. Como o grupo mudou muito, inclusive com uma galerinha que não pegou Roteiro de Rádio, achamos mais divertido criar um do zero. Nessa última quinta, fomos pro estúdio, pra aprender a brincar com as coisas de lá, e finalizamos a brincadeira. Aguardem MUITO mais material de som por aqui.


Spot Shield

TEC/EFEITO SONORO – Trânsito caótico, motores, buzinas, motos por 3 segundos

LOCUTOR 1 (calmo) – Você não vai pensar duas vezes antes de usar Shield.

LOCUTOR 2 (animado, estridente, ficando cada vez mais irritante) – É isso mesmo! A poluição sonora te irrita? Aquele vizinho chato te incomoda aos sábados? Tudo isso pode ser resolvido com Shield, o melhor protetor auricular do Brasil, testado nos maiores laboratórios de controle do país, borracha desenvolvida com o mais fino látex, extraído dos recantos mais impenetráveis da Floresta Amazônica (…)

TEC/EFEITO SONORO – Fade de 100% até 40% ao longo de 5 segundos na voz e na ambiência.

TEC/EFEITO SONORO – Bolha/ Tampão

TEC/EFEITO SONORO – Sai imediatamente a voz do Locutor 2 e a ambiência.

TEC/EFEITO SONORO – Silêncio por 5 segundos.

LOCUTOR 1 – Protetores auriculares Shhhhhhield. (Pausa) (Suspiro) O silêncio que você merece.

Day-to-Day

Comentando “A Poética”.

September 1, 2010

TAREFA: Comentar uma frase de “A Poética”, de Aristóteles. Escolha uma frase que iluminou um aspecto novo da dramaturgia para você e comente.

FRASE ESCOLHIDA:Às vezes, os sentimentos de temor e pena procedem do espetáculo; às vezes, também, do próprio arranjo das ações, como é preferível e próprio de melhor poeta. É mister, com efeito, arranjar a fábula de maneira tal que, mesmo sem assistir, quem ouvir contar as ocorrências sinta arrepios e compaixão em conseqüência dos fatos; é o que experimentaria quem ouvisse a estória de Édipo. Obter esse efeito por meio do espetáculo é menos artístico e requer apenas recursos cênicos.” (p. 33)

Essa frase não exatamente me revelou algo novo, no que diz respeito à dramaturgia, mas me faz lembrar de algo muito importante, que esqueço com freqüência. Me lembra que o mais importante numa obra é sua trama, a história que envolve os personagens e por eles é desenhada simultaneamente, e não a embalagem que a contém.

Atualmente, é cada vez mais comum nos perdermos no mundo de efeitos visuais e sonoros mais e mais impressionantes, e acabarmos esquecendo da história que justifica todo aquele “banquete sensorial”. Muitas vezes (a maioria das vezes, arriscaria dizer) a história não é forte o suficiente pra sustentar a obra, então nos vemos compelidos a apelar para os outros aspectos do meio audiovisual.

Portanto, a frase aponta que, se você tem que recorrer ao espetáculo (efeitos, truques, magia, explosões, etc.), sem que ele esteja perfeitamente embasado na história, para atingir seu público, você não está sendo um bom poeta (criador/contador de histórias). A boa história dispensa qualquer tipo de enfeite, é uma história que pode ser apresentada tanto numa tela gigante, com um som topo de linha, como narrada numa conversa entre amigos, e vai funcionar em todos os casos, atingindo de verdade e emocionando os ouvintes.

Day-to-Day

[CINE] Zero.

September 1, 2010

– Sonido?
– Listo!
– Câmera?
– Foi.
– Sete, plano sustenido (#), take um.
– Ação!

Era essa a “melodia de claquete”, que abria todos os planos, nas vozes de Murilo (Assistente de Direção), Labaki ou Henrique (Som), Felipe ou Lucas (Foto) e Victor ou André (Direção). O André, por sinal, atuou no Pedro e a Cigana e fez Fotografia no Raposa. Tá, não abria todos os planos, mas a maioria deles. Mudava-se a seqüência, o nome do plano, e os takes, mas as piadinhas escritas na claquete estavam sempre presentes.

O Zero foi o sexto Cine do ano, como vocês devem saber, acompanhando isso aqui, ou o andar da carruagem na USP. Nele, acompanhamos a pesquisa de Matias (Rogério), um gênio da computação, e seus imprevisíveis resultados. O rapaz trabalha até o esgotamento e acredita tanto que seu trabalho é importante que acaba desenvolvendo uma paranóia. Ele acredita que existe um homem, um agente (Marcelo Zurawski, pai do André, Diretor), querendo roubar sua pesquisa. Então, ele a carrega sempre consigo, num pendrive.


Matias e sua pesquisa/paranóia

Fazendo contraponto a toda essa loucura, temos Mari (Bianca), sua vizinha e (aparentemente) única amiga. Ela tenta fazê-lo esquecer do trabalho e da paranóia sempre que possível, mas nunca é bem sucedida. Em meio a tudo isso, vemos Matias trabalhando, algumas das aparições de Mari e recortes de um homem estranho. Não o vemos claramente em momento algum, portanto, não sabemos ao certo se ele de fato existe, ou se é coisa da cabeça do rapaz. É nesse clima que a história se desenvolve.

Is this real life?

Como o set começava na Sexta-feira de manhã, não pude participar dessa primeira parte, pois tinha aula. Cheguei bem cedo na USP e antes da aula mesmo, dei um pulo no estúdio A, onde estava – no momento – construída a casa do Matias. Estava levando o chroma e a lente 50mm f/1.4, que seria muito usada nas filmagens.

Chegando lá, o Victor me pediu ajuda, porque o computador não queria ligar. Mexemos numas coisinhas lá, e o bicho funcionou. Mas a tela era azul. Onde era branco, tava ciano. Mas que diabos! Fucei as configurações, nada. Só restava uma opção: mal contato. Dito e certo. Depois de um bocado de briga com o cabo (passando por uma fase só verde), conseguimos acertar o branco da tela.

Antes ainda de sair, dei uma brincada no prompt de comando do Windows e achei umas coisinhas que faziam aparecer loucuras de texto na tela, como código incompreensível, algo bem útil ao conceito da pesquisa do rapaz. É como eu disse no post sobre Pós Set: eu podia ser o personagem do Zero. Não como ator, mas como conceito – e todos os móveis do meu quarto (a mesa do computador e a estante) já estavam no set mesmo…

Voltamos (eu e a May, ela era continuísta) depois da aula – que por sinal foi muito tediosa, e vimos umas duas horas de aberturas diferentes do Fantástico -, para entrar de fato no set. Chegamos quando estava sendo feito o plano de abertura, usando uma girafa de microfone como grua improvisada para câmeras muito leves (leia-se: 7D). Olhando o resultado, até que ficou bem suave e convincente. Valor de produção é tudo! Há!

Essa primeira diária foi bem longa. Começou às seis da manhã e foi até o final da tarde. O Rogério era o único ator presente, fizemos a grande maioria dos planos no apartamento dele. Inclusive umas loucuras com pinhole – aquele estilo de câmera que você tem um furinho e a luz entra por aí, sem necessidade de foco, mas que pede MUITA luz. O resto ficava para o dia seguinte, que era a mais tensa das diárias.

Pinhole tocando o terror em ISO 12800!

Depois que grande parte da equipe já tinha ido embora, ficamos eu, Victor, André, Caio (Diretor do Comando, aqui tava como Assistente de Foto), Murilo e Lucas (Diretor do Arco Íris, e que aqui era Diretor de Foto), querendo assegurar o funcionamento do chroma no dia seguinte. Chroma, aquele pano verde que fica na parede do meu quarto, para quem não tá entendendo o termo – afinal, esse blog tem leitores que não são de AV!

Penduramos o negócio no alto das tapadeiras (paredes falsas), prendemos no chão, esticado, com barbantes e sacos de pedras e brincamos com a luz, dois softlights, rebatidos atrás das tapadeiras para então iluminar difusamente o pano sem jogar luz nos atores e evitar reflexos verdes tanto nos atores e na porta, já testando o movimento do carrinho e trilho.

Rodamos alguns testes e o Victor ficou analisando eles no After enquanto esperava o horário do rodízio de carros acabar (22h) e ele poder ir embora da USP. Foi minha segunda experiência com chroma desde o começo dos tempos, mas o Murilo garantiu que vai funcionar. Eu e a May saímos às 20h, de ônibus mesmo, porque a gente é guerreiro.

Rodado no Sábado, o resultado final do chroma ficou um sucesso!

No Sábado, começávamos às 10h. Ouvi errado e entendi que a chamada era às 9h. Ficamos dormindo por lá por uma hora antes que alguém da equipe chegasse… Por que Sábado era o dia mais tenso? Porque era o único dia em que tínhamos os três atores, porque tínhamos chroma, porque tínhamos externas, no CRUSP. Só aí já temos motivos de sobra pra carregar os nervos. Se algo desse errado, as coisas do CRUSP cairiam pro Domingo. O Murilo acelerava enfaticamente pra que isso não acontecesse.


Marcelo Zurawski é o Agente

O chroma rolou sem problemas, tudo deu muito certo na parte de estúdio da segunda diária. Por fim, eles saíram pro CRUSP, qual a maior complicação? O ofício para filmar lá tinha sido negado! Ou seja: “vamos rodar na ilegalidade!”. A palavra de ordem era Discrição, com uma equipe beeem reduzida (só quem era essencial mesmo) e muita atenção para o que se passava nos arredores, evitando chamar a atenção dos guardinhas. Não posso falar muita coisa porque fiquei na outra parte da galera…

Externas no CRUSP!

De Sábado pra Domingo rolou uma mágica. Assim que uma equipe saiu pra rodar as cenas no CRUSP, o resto todo, que nem era tão numeroso assim, ajudou a Direção de Arte (Gisele e Mari Brecht) a transformar o apartamento do Matias no apartamento da Mari: em menos de doze horas. A gente tirou os móveis (inclusive um armário assassino), lixou paredes até ficar coberto de pó azul (Avatar), com os cabelos duros de tanta cal, limpou rolos de pintura, forrou o carpete com papel e misturou tintas. Quando saímos de lá, de carona com o Labaki, a galera ainda tava começando a pintar.

A tinta – mesma usada no Prazer Extremo – não pegava na parede com cal, e já tava diluída além do mínimo, problemas mil, mas no dia seguinte o apartamento tinha sido mesmo completamente transformado, inclusive a mobília e as cortinas. Trabalho fantástico e turbo da direção de Arte!


O set, repintado e remobiliado como casa da Mari.

Por sinal, nessa saída de Sábado, rolou algo muito estranho com o ônibus. Como falei, pegamos (eu, May e Lucas) carona com o Labaki, até a Brigadeiro. Logo que saímos da USP, avistamos o ônibus que vem até aqui em casa. Viemos atrás dele uma boa parte do caminho, até que enfim ultrapassamos, a poucos minutos do ponto. Corremos e ficamos esperando ele aparecer. O ônibus SUMIU! Na nossa enquete, a opção mais votada dizia que ele tinha sido abduzido para que as pessoas fossem fazer figuração em Marte. Sério, o que deveria levar cinco minutos levou quase meia hora! Chegamos em casa e morremos até o dia seguinte.

André e Bianca, na preparação para a última cena.

No Domingo, rodamos tudo do apartamento da Mari, e a diária que era prevista pra acabar às 15h acabou se prolongando até as 19h. Os diretores resolveram fazer mil planos de cobertura, para os montadores (Luís Gustavo, roteirista do Comando e Mari Chiaverini) não terem nenhum problema. Como não tive condições de fotografar muita coisa no set, tive que passar na casa da Mari (Brecht) anteontem e roubar muitas fotos de dentro dos próprios vídeos. Vi muito do material bruto e digo que tenho altas expectativas sobre o futuro do Zero.

Entrando um pouco mais em técnica, a equipe de Som era formada pelo Labaki e o Henrique, que estavam sempre se dobrando e mudando de lugar para ficarem fora de quadro. Durante os longos setups de luz, até deram aulinha de som para a May (que pretende caminhar por essa área), o que acabou em muita graça.

Som! Henrique e Labaki.

Na Foto, Felipe Abreu e Lucas, criando um ambiente extremamente lowkey (predominância de tons escuros), onde tínhamos que usar as lentes quase sempre no máximo de abertura. O contraste entre os pontos de alta luz e baixa luz era bem acentuado, o que dá um toque especial ao resultado. Tivemos que usar uma ISO mais alta, mas acredito que dá pra disfarçar os grãos na pós produção. Em termos de comparação, entre todos os cines até agora, essa foi a fotografia mais diferente e “minimalista” (tínhamos pouquíssimas fontes de luz). Foi um aprendizado bem interessante – dá pra observar essas coisas todas em muitas das fotos desse post!

Felipe, fotógrafo.

Ah, nem comentei o trilho assassino, em velocidade máxima, no qual eu quase matei o Felipe e destruí a câmera… Enfim, fica aí o toque: cuidado com atores que entram correndo, e diretores que pedem pra você acompanhar o movimento, tanto na ida como na volta, num único plano. Pelo menos o final (que era o mais importante, nesse take) deu certo!

Caramba, quase esqueci de falar da produção INCRÍVEL do Fábio e da Ana Paula (diretores, respectivamente, do Prazer Extremo e Pedro e a Cigana), onde nunca faltava comida, nem nada, e tínhamos cestas de pães variados todos os dias de manhã! Se alguém passou fome no Zero, foi por vontade própria. Acho que até eu engordei nesse set! Era só PENSAR na dupla, que um deles aparecia, pra saber o que era necessário por ali! Sucesso total, mesmo.