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October 2010

Day-to-Day

[REFILMAGEM] Noir!

October 9, 2010

Se dá pra definir o dia das filmagens com uma única palavra, seria “caótico”. Por conseqüência, a noite, quando rodamos de fato, foi incrivelmente tranqüila. Ok, retomemos tudo que aconteceu antes.

Havia uma série de itens para conseguirmos antes de rodar. Criado mudo, colcha, maleta, (muito) dinheiro, localizador, telefone, quadro, abajur, arma, figurino noir (ou “terno, gravata, sapato e chapéu”). E a locação. Como disse no post anterior, fomos vetados de usar estúdio. Corremos atrás de uns hotéis velhos no centro da cidade, casas de amigos, repúblicas e lugares dentro da própria USP, sem muito resultado…

Por fim, resolvemos pela casa da Mari, transformando a sala em quarto, e aceitando todas as dificuldades que isso impusesse (carregar cama, sofá, rack, tv, mesa, cadeiras e mais um monte de coisa num apartamento que não pode ser exatamente chamado de grande, mas que é espaçoso o suficiente pra filmar). Mas, com restrições. Tínhamos uma tarde para fazer o pré-light, decidir como seriam nossas luzes e como posicionar a câmera em grande parte dos enquadramentos. Esse dia foi terça feira, graciosamente abençoada SEM aula do Cristian (professor de História do AV Brasileiro II).

Na Sexta e Sábado eu fui para a USP ajudar outros grupos nas refilmagens e já voltei pra casa com a maleta e a colcha (num elegantíssimo padrão de zebra), emprestados pela Ana Ju. Tirei a noite de Sábado para fazer o tal localizador com uma caixa de fósforos, um led do McDonald’s e um bocado de fita isolante, além de melhorar minhas habilidades de pintura ao transformar uma arma verde e laranja em algo mais verossímil. No Domingo a May veio aqui pra casa – tá aqui até hoje -, trazendo o criado mudo debaixo do braço. Segunda de manhã fomos na gráfica aqui em frente e imprimimos/cortamos o equivalente a 120 mil reais em notas de R$50, em preto e branco. O resultado, na mala, ficou bem divertido.

Na tarde do mesmo dia, passei pelo estúdio B e enchi o saco do Mané para ele cortar uma moldura para mim. À noite, a May me ajudou e pregamos os quatro pedaços de madeira, depois pintamos tudo de preto. Mari Brecht ficou responsável por imprimir a imagem que preencheria nossa bela moldura e decidimos abolir essa coisa chamada “vidro”, para eliminar custos e reflexos. Foi um bom raciocínio.

Na Quarta, aula pela manhã, correr atrás de figurino à tarde. Eu e a May andamos diversas vezes do CTR pro CAC (Artes Cênicas), pegando informações, achando o guarda-roupa, fazendo ofício, imprimindo ofício, assinando ofício, aprendendo todo o processo. Chegamos na casa da Mari perto das 17h e começamos a arrumar as coisas por lá. A Mari e o Vi foram alugar o abajur (dá pra acreditar que existe tal coisa?), por R$10, numa loja lá perto. Já tava tudo confirmado com o Marcelo, e ele ficou de chegar às 18h. O resto do grupo foi chegando, o Nica trocou a maçaneta da porta – usando uma colherinha de café -, as meninas iam arrumando o quadro, e colando as coisas no criado mudo, eu posicionava as luzes.

Relação transtornada entre cinema e síndicos de prédios.

Por conta do trânsito, o Marcelo acabou só chegando perto das 20h. Todos nos afundamos na torta de frango fornecida pela mãe da Mariani e fomos rodando outras coisinhas enquanto nosso prezado ator não chegava. Quando ele chegou, a gente conversou mais um bocadinho, colocou o figurino no camarada, repassamos a cena e começamos o trabalho de verdade. No fim das contas, como falei no começo, foi mais calmo do que o previsto, e terminamos a parte do Marcelo perto de uma hora da manhã. Rodamos o que faltava, reconstruímos o apartamento da Mari e saímos de lá por volta das 2h40.



Trabalhamos no mesmo esquema do Argumento Único, alternando as funções de cada pessoa a cada uma hora. Dessa vez, conseguimos usar a fumaça que não rolou no Argumento. Ficou algo bem interessante, mas também um tanto “disperso” na imagem. Vou pesquisar como deixá-la mais densa, neblinosa. Planos para o próximo trabalho, usar água, e câmeras lentas.


No fim das contas, só conseguimos pegar táxi perto das 4h, porque – de acordo com o motorista – todas as chamadas estavam sendo direcionadas para o show de Bon Jovi, que estava acontecendo na mesma noite. Dá pra acreditar?!


Day-to-Day

Eleições.

October 9, 2010

Queria ter escrito isso no dia das eleições propriamente ditas, mas acabou não rolando. Escrevo hoje, então.

Nesses dois anos em São Paulo, já tive que justificar votos duas vezes. Não sei se é a cidade, o bairro, ou o processo mesmo, mas ‘não-votar’ é mais simples que votar. É só você ir lá, com um papelzinho preenchido que você pega na internet, com seu título de eleitor na mão, entregar para um camarada sentado numa mesa, e pronto. Ele te devolve o canhoto e você tá liberado. Não leva nem cinco minutos, contando a partir do instante que você entra até o segundo que você sai.

Isso é meio estranho, não? Digo, exercer seu dever como cidadão devia ser mais simples do que ‘não-exercê-lo’. Até evitei entrar no tema de “políticos” por aqui, por acreditar que isso é muito pessoal, e que estamos bem perto do fundo do poço com sujeitos como Tiririca sendo eleitos com quantidades avassaladoras de votos.

Quando era menor (antes de tirar Título de Eleitor), me lembro de quase todas as eleições, porque meus pais sempre levavam a gente para votar. SEMPRE. Não era permitido ficar em casa. Era sempre um dia muito ensolarado, e a gente ficava lá, com papeizinhos na mão, cheios de números naquela fila imensa que subia vários andares até chegar numa sala de aula, transformada em espaço para votação. Eu e Lila sempre entrávamos com nossos pais – um de cada vez, claro – para apertar os números na urna, de acordo com as indicações deles. Era a parte mais divertida do dia, e depois a gente sempre tomava um sorvete antes de voltar pra casa, a pé.

Lembro claramente da noite em 2002 na qual acompanhávamos, perto da praia, um painel que transmitia ao vivo a contagem de votos das urnas. A noite que Lula foi eleito para presidente. Foi um grande dia de festa.

Hoje eu olho ao redor e vejo que muitos dos meus colegas menores de dezoito ainda não têm Título. Olho pra trás e realmente não sei o que me deu na cabeça, talvez as companhias, ou a educação, mas tirei meu Título aos dezesseis, justamente porque queria votar nas próximas eleições, isso foi em 2006. Votei em Lula, colaborando na sua reeleição, e não me arrependo nem um pouco. Até hoje gosto muito do sujeito.

Só de falar em política, fico aborrecido em quanto nós, cidadãos comuns e honestos, somos prejudicados por tipos que andam pra lá e pra cá na Capital Federal. Melhor parar por aqui mesmo, pra não cair no clichê e acabar perdendo meus (poucos) leitores.

Day-to-Day

Primavera Na USP.

October 8, 2010

Nessa época tão característica do ano, a entrada do CTR fica assim. A foto foi tirada no Sábado passado, quando eu tava chegando pra ajudar a refilmagem de Cavaleiros do Zodíaco, e descobri que a abertura da lente 18-55mm tava dando problema…

Day-to-Day

[REFILMAGEM] Onde Os Fracos Não Têm Vez.

October 8, 2010

Como vocês devem lembrar, há algumas semanas apareceu por aqui uma coisa toda sobre Refilmagem, eu e a May apresentamos uma proposta de Fogo Contra Fogo, mas na hora de levar a sério e escolher o que queríamos produzir, acabamos bandeados pro grupo da Mari e do Luke, que sugeriram uma cena de Onde Os Fracos Não Têm Vez. No fim das contas, o grupo fechou com eu, May, Mari Brecht, Luke, Mariani e Nica (os dois últimos também foram do meu grupo no 3-9 Planos). Quando dissemos que queríamos fazer algo idêntico ao original, usar estúdio, levantar tapadeiras (as tais paredes de madeira), entre outras coisinhas, fomos vetados. Alguns dias no limbo, sem saber o que fazer, e decidimos por mudar.

Não foi uma mudança que agradou a todos logo de cara, mas ao fim, facilitou o nosso trabalho e permitiu que a gente estudasse outras coisas. Fizemos uma releitura da cena, só que num contexto noir. A cena original é perto da uma hora do filme, quando Llewelyn chega ao hotel, e desconfia que está sendo seguido, então ele vasculha a mala com dinheiro, encontra um localizador e entende que de fato o psicopata Anton está em seu encalço, e pode chegar a qualquer momento. Ele se prepara para isso. Na nossa releitura noir, temos um detetive desconfiado, interpretado pelo genial Marcelo Zurawski (o mesmo do Zero).

“Tá, mas é só colocar um detetive pra ser noir?” – Não! Mudamos completamente a ambientação. Planejamos filmar em nossa locação favorita, a casa da Mari – palco de Intervalo também – com móveis trazidos até de São Bernardo do Campo. Mudamos o figurino, acrescentamos bastante fumaça e… abdicamos das cores. Isso inclusive barateou muito a produção. Na cena ele vasculha uma mala recheada de dólares, mas na nossa versão, só precisamos nos preocupar com xerox p&b. Vai na gráfica perguntar a diferença entre os preços da cópia colorida e uma preto-e-branco! Ok, eu respondo já agora. R$1,50 por folha colorida, R$0,10 por folha preto-e-branco. Beleza pura, dinheiro… sim!

Caso tenha gostado muito da idéia e queira fazer propaganda gratuita por algum tempo, é só clicar na imagem abaixo, que temos um wallpaper incrível, full HD, feito a partir de um frame do vídeo, que será editado hoje. Aguardem!

Day-to-Day

Estatísticas.

October 2, 2010

Vou fazer uma pesquisa de campo e um gráfico comprovando a teoria que diz “o seu tempo de espera no ponto de ônibus é diretamente proporcional ao peso que você carrega (malas, mochilas…)”. Hoje fiquei uma boa meia hora, esperando um ônibus que passa de dez em dez minutos. Acho que a demora toda foi por conta de um chapéu ridículo na cabeça e uma mochila MUITO pesada nas costas, em adição à bolsa da câmera.

Fora isso, tô meio sem tempo e sem inspiração pra escrever. Ajudando o máximo de refilmagens que consigo. A nossa roda na virada de Quarta para Quinta Feira.

Pro post não ficar vazio demais, uma pequena lista das coisas que já trouxe de casa pra ajudar em produções: estante, mesa, lâmpadas, fios, soquetes, refletor (mais de uma vez), tripé (mais de uma vez), arara de roupas (mais de uma vez, por incrível que pareça), calça vermelha, luvas de frio, luvas de elétrica, multímetro, baldes, corda, panos verdes, faca falsa, claquete, lanterna, câmeras (mais de uma câmera, mais de uma vez), lentes, cartão de memória, cabo firewire, placa firewire, cabo AV, cabo AC, cinto de balas, pistola de brinquedo, espingarda de ar comprimido, máquina de fumaça, ferramentas (alicate, chaves, etc…), ventosa (ou supergrip), mala de pano e boina. Acho que foi só isso, até agora.

Só ressaltando que a estante e a mesa passaram UM MÊS (!) na USP, e eu vivia, em casa, como um selvagem. Em breve eu tô de volta por aqui, nem que seja pra fazer propaganda das refilmagens de novo. Ah, e tenho que apresentar nossa proposta definitiva, já que Heat não foi escolhido (nenhuma novidade até aí). O filme da vez é Onde Os Fracos Não Têm Vez.