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June 2014

Day-to-Day

Sea to Sky Gondola.

June 3, 2014


De um lado montanhas, do outro, mar.

No Sábado, o Wyll convidou a gente pra ir com ele e uma amiga conhecer uma gôndola muito louca (essa que intitula o post), que sai de um braço de mar e vai até um pico de uma montanha que continuei sem descobrir o nome. Pegamos um carro, estrada, 60km, beirando o mar quase o tempo todo, uma coisa linda. Passamos pela Lions Gate Bridge, que leva a North Vancouver e seguimos para oeste. Chegamos por lá e pegamos uma filinha para subir. O trajeto, de inclinação acentuada, levava mais de dez minutos. A vista era impressionante, mas não tinha espaço pra fazer uma foto decente de dentro da gôndola, só com o celular mesmo. No caminho para cima, vimos alguns corajosos, subindo a montanha a pé. Na hora, achei uma idéia razoável, quando chegamos lá em cima, e prestando atenção no caminho de volta, achei uma idéia absolutamente insana.


Baixinho, aqui ainda era o começo do caminho!

Lá em cima, a vista era ainda mais impressionante, com alguns picos congelados próximos, e um navio encalhado/abandonado na baía lá embaixo. Tinham umas trilhas, como um pequeno parque em meio às árvores lá do alto. Não tinha tanta gente assim, o clima tava bem agradável – um Solzão incrível e brisa fria – tanto que perambulamos por lá quase uma hora só conversando e tirando fotos. Achei curioso que, apesar da vegetação abundante e variada, não vimos nada de fauna, exceto alguns insetos, e UM único pássaro, enquanto esperávamos na fila de descida. Como o negócio tava devagar, depois de 40 minutos, alguém (de nós, claro) começou a cantarolar uma música dos Mamonas Assassinas, e logo estávamos os quatro entretendo – indiretamente – toda a fila de canadenses, ao som de várias músicas brasileiras, com uma afinação digna dos corvos que habitam Vancouver. Tem um vídeo dessa brincadeira, mas eu não consigo achar pra colocar aqui – e acho que não colocaria nem se achasse!








Depois da descida, e viagem de volta, desci com o Paul próximo à Lions Gate, porque íamos ao cinema em North Vancouver, e visitar o Walmart gigante perto da casa dele. Descemos, ficamos desorientados sobre que lado seguir. Depois de alguns minutos atravessando todas as faixas de pedestre existentes num mesmo cruzamento, concluímos que a direção certa era a que tínhamos ido primeiro, e seguimos, rumo leste, até chegarmos na ponte de fato, e não avistarmos uma forma de atravessar a pista. Ficamos ali com cara de perdidos uns trinta segundos, até que passaram aquelas ciclistas – das quais já falei antes – que só viram nossa preocupação e explicaram o melhor caminho. Isso é muito genial aqui, as pessoas gostam de ajudar os outros!


Mais um pouco de estrada.

Dali a pouco, passamos numa outra ponte, sobre um rio, e pudemos ver toda a poluição produzida pela cidade. Até tirei uma foto pra provar.


Olha o carrinho de compras ali no meio!

Muitas horas (sim!) depois, chegamos ao Walmart, dentro de um shopping, onde a idéia original era de pegar uns lanches. Mas era Sábado, e já tava tudo fechado. Só não o Walmart. Ok, sem problemas!

Entramos e caçamos umas coisas pra lanchar. Compramos dois litros de suco de laranja, um pacote de pão de forma, uma bandeja de queijo e mais uma de peito de peru, uns docinhos e dois copos plásticos (que custavam menos de $1). Além disso, o Paul comprou mais uma pá de coisas pra continuar vivo na casa onde tá morando. Saímos, sentamos em banquinhos próximos e começamos a comilança. Quase matamos o pacote de pão, mas não sobrou queijo e peito de peru pra rechear todos os pães… Entupidos de comida, e carregados de sacolas, continuamos na direção do cinema, que também era a direção do homestay do Paul.

Aí a gente andou mais umas horinhas. Resumindo a história, a gente saiu do carro, pra começar a caminhar umas 18h, e chegamos NA HORA, pra pegar a sessão de 21h40 do cinema. Isso tudo levando em consideração que a gente já tinha andado de manhã, e andado um monte no dia anterior!

Sobre o filme, e a experiência de ir ao cinema, vou escrever outro post logo mais, enquanto isso, fiquem aí vendo essas fotos das montanhas que estão lá em cima!

Day-to-Day

Segundas Impressões.

June 1, 2014

O terceiro dia começou às 4h40 da manhã. Foi o resultado de ter ido dormir tão cedo.

Fiquei caçando atividades pela manhã, e quando deu 7h45, saí, achando que as coisas aqui iam funcionar do mesmo jeito que no Brasil. Já tinha uma quantidade considerável de gente na rua, e tava um frio do cacete. Para adiantar: qual a graça de viajar para outro lugar, se você não quebrar a cara de vez em quando?

Rodando por downtown, decidi ir na Future Shop de novo, procurar um adaptador wireless para a mesinha Wacom, e um cabo HDMI gigante para conectar o notebook na TV sem muito esforço. Cheguei lá, com as mãos congelando, e entrei no prédio. Aí tinha um zelador muito mal humorado com um balde e um rodo, passando lá dentro. Assim que eu abri a porta, o sujeito me olhou com uma cara de “o que diabos você tá fazendo aqui, moleque?”. Achei então que o lugar tava meio deserto, e silencioso, e escuro, e… basicamente fechado. Fingi que tinha entrado por engano e saí discretamente. Tinha combinado de ir com o Paul até a Best Buy, comprar o notebook dele. A mais próxima no mapa era na West Georgia St. Tô andando com um mapinha no bolso, e sempre que preciso achar um lugar, jogo no celular, e marco no papel. É bom que ajuda a decorar onde cada coisa fica, e aprender que rua cruza com que avenida, em que altura. Enfim, caminhei até lá (ou seja, subi várias quadras até chegar), e só então vi que era uma Best Buy mobile, só de celulares e acessórios. Cacete! E tava fechada TAMBÉM! Será que nada abre nessa cidade?

Joguei de novo no mapa e achei uma na Cambie St, número 2220. LONGE. PRA. PORRA! Uns 4km de onde eu tava, na direção contrária à que eu tava caminhando. Beleza, pelo lado bom, quando eu chegar lá, o Paul vai estar chegando também, pensei. E comecei a andar de novo. E aí eu andei, e atravessei uma parte da Cambie que era um viaduto. Como não sou acostumado a atravessar pontes por cima do mar a pé, achei que já tinha chegado. Aí desci, em meio a inúmeras bicicletas, achando que ia ser atropelado. Lá embaixo, olhei ao redor, olhei no mapa. Mapa burro, tá dizendo que eu nem atravessei a ponte ainda. Atualiza, inferno! Aí eu girei, e o mapa girou. Andei, e o mapa andou. Foi só então que notei que ali tava muito escuro. Olhando pra cima… tchan! A ponte! Putz, tenho que subir de novo, fugindo das bikes alucinadas!

Subi, e aí andei. Mais. Muito. Todos os mil quilômetros, até chegar na Best Buy. De novo, tudo escuro, vazio… Fechado. 9h da manhã, e uma loja dessas fechada? Foi só então que notei a tabelinha com os horários de funcionamento (e depois passei a reparar que TUDO aqui tem os horários de funcionamento especificados na frente). Enfim, a loja só abria dali a uma hora. O que fazer? Confirmei o endereço com o Paul, e fui explorar as redondezas. Entrei num supermercado gigante e fiquei o máximo de tempo que consegui, perambulando por entre as gôndolas, vendo coisas e preços, e impressionado com a variedade de marcas e produtos. Coisas que nunca sonhei que existiam, e coisas que sonhei, mas sempre julguei impossíveis, como MELANCIAS SEM CAROÇO!


Eu até precisava comprar umas coisas pra casa, mas não tinha condições de andar com um monte de sacolas o dia todo, sem falar que as caminhadas estavam só começando! Consegui ficar meia hora no mercado, e quase chorei com as prateleiras de Lindt, e self service de docinhos. Aí saí caminhando mais, explorando a Broadway. Achei uma entrada do Sky Train – que é uma coisa minúscula, se comparado ao metrô de São Paulo – cada trem tem dois ou três vagões, e passam a cada 5-10 minutos (cronometrados). Continuei perambulando, até dar a hora de a loja abrir. Demorou.

Nesse meio tempo, entrei numa loja genérica de produtos, tipo a Le Biscuit, e fiquei olhando o que se vendia por lá. Tomei um susto ao ver que eles vendem armas com muita facilidade! Aí depois uma mulher asiática começou a me encher a paciência querendo que eu fizesse um cartão de crédito da loja. Ela estava muuuito empenhada em me convencer. Primeiro eu não tava nem entendendo do que ela tava falando. Aí, depois que entendi, inventei que tava sem documento. Não deu certo: a mulher queria me cadastrar a qualquer custo! Pediu celular, eu disse que não tinha, disse que até com celular do Brasil eu podia fazer. Aí era demais. Disse um basta pra moçoila e parti! Na saída, passei por mais uma oferecedora de cartões, e quando ela me abordou, falei que estava em Vancouver há menos de uma semana. Ela me deu boas vindas, e disse para aproveitar a estada, e não insistiu. Ufa!


Armas, assim, na prateleira!

Enfim a Best Buy estava aberta! Entrei, fiquei passeando por lá, achei meu computador, $150 mais caro do que eu já tinha pago, fiquei um tempo babando na frente do Playstation 4, vi os jogos disponíveis, e decidi que tinha que arrumar uma mochila, porque a da Canon é muito grande, e chamativa, pra atividades do dia-a-dia, principalmente porque não vou andar SEMPRE com a câmera. Essa desgraçada tá muito pesada. Achei uma interessante e fui procurar o tal cabo HDMI que tinha dado partida pra essa aventura. Só achei cabos curtos, com menos de 2m, a preços astronômicos. Fui pro caixa só com a mochila mesmo. Ia ser bom para trocar o dinheiro! Depois disso, o Paul falou que ainda tava a mais de uma hora de distância. Ai, cacete, preciso achar mais passatempos!

Voltei pro mercado, comprei umas coisas de comer andando – barras de cereais e bolachinhas salgadas -, duas garrafas d’água e um saco de pão (pra deixar em casa quando voltasse). Ainda tinha muito tempo, então joguei no google “HDMI cable 15ft vancouver”. Me aparece uma loja, na puta que pariu, a 3km de distância, na Main St., ainda mais pra baixo do que onde eu tava, vendendo o cabo por $10. Aí era dificil de resistir. Na minha conta, vai ser o tempo exato de ir e voltar, pra encontrar com o Paul.

Pego um caminho fora das vias principais, pelo meio das ruazinhas numeradas, e é aí que realmente dá vontade de morar pra sempre nessa cidade. Tem umas ruas totalmente arborizadas, cheias de canteiros com graminha, jardins bonitos, casinhas sem cerca, tudo de madeira, tudo bem cuidado, uma coisa meiga como nunca vi. Pra completar, enquanto eu tô andando, ainda me passa um esquilo correndo e olhando para os lados. Aí eu morri. Sério, google maps lá!

Depois de muito tempo de caminhada, cheguei na loja. Era um buraco na parede, quase. Mas tinha o cabo, pelo preço anunciado, e o atendimento foi ótimo! Saí de lá, já no pique pra voltar tudo. Escolhi outra ruazinha, pra investigar se eu tinha pego a única rua bonita dentre todas, mas a conclusão é que elas são mais ou menos parecidas, e todas incrivelmente agradáveis. Tava fazendo um Sol de rachar, mas as árvores cobriam quase tudo, uma belezura.

Finalmente encontrei o Paul na Best Buy, chegamos quase na mesma hora. Aí ele ficou no drama de escolhas de computador, e acabou saindo com um HP. Economizou, apostando que a escola ia ter máquinas que acelerassem o trabalho. Uma boa lógica de pensamento. Como nós dóis já tínhamos andado que nem condenados, e já era mais de uma hora da tarde, entramos no Wendy’s para almoçar. Pensa numa comida gordurosa, mas saborosa? Tenho que ficar longe dessas coisas, senão vicia!

Depois do almoço, decidimos que a preguiça era maior que o medo, e resolvemos pegar o Sky Train de volta para downtown. Isso se deu graças ao peso nas costas, pernas mortas e calor dos infernos que tava fazendo. Para nossa sorte, não tinha nenhum mistério no processo, e a viagem foi MUITO mais rápida e confortável do que a pé. Essa loucura toda de andanças só reforçou uma idéia das primeiras que tinha, antes até de chegar aqui de fato: uma bike é fundamental. E tem muitos ciclistas por aqui. Ciclofaixas também. A única lei é usar capacete!

Depois disso, o Paul seguiu para o SeabBus, para chegar em casa, em North Vancouver, e eu desci na Waterfront Station e voltei caminhando pra casa. Passei de novo na Future Shop à procura do maldito adaptador wireless que ainda não tinha achado, e continuei sem resultados. No processo, lancei no google, que nem o cabo HDMI, e achei numa tal de Memory Express, longe DEMAIS. Chega deu preguiça de ir, mesmo de sky train. Já em casa, no computador, investiguei melhor, e o site dizia “Limited Quantities”. O que isso significa? Se eu for lá e não tiver, vou ficar puto. Se pedir pela internet, tem o tempo de entrega… O que fazer? Aí resolvi ligar para a loja. Falei com um Matthew, que disse que tinha UMA unidade, e que ele podia deixar reservado para mim, se eu fosse lá buscar.

Eram 19h, a loja fechava às 21h, e o transporte até lá, de Sky Train, levava mais 40 minutos. Pensei, “Ah, já andei horrores hoje, por que não andar um pouco mais?”. Saí de casa correndo e aproveitei para passar no banco e depositar o dinheiro que tava carregando. É mais jogo andar só com o cartão do que com trocentas notas na carteira. Acho que o Sky Train tava meio lotado, mas é muito folgado quando comparado com o “lotado” de São Paulo!

O trajeto correu sem incidentes, exceto uma curiosa observação que mais de 80% da população do trem era de origem asiática. Era impressionante. Depois, saí da estação, caminhei mais um pouco até a loja, beirando uma avenida beeem larga, e peguei o bendito adaptador. Eram perto de 20h. Ah, um comentário rápido sobre variação de preços! No Brasil, você vai em mil lojas, e cada uma tem um preço diferente, aí você vai na internet, e tem uma que vende tudo ridiculamente mais barato, e pronto, tá resolvida a questão. Aqui, além de tudo ter uma taxa de 12% em cima, sobre o valor da prateleira, a variação de preço é mínima. Por exemplo, esse adaptador custava $49,90 em TODOS os lugares que olhei. Sejam lojas, seja na internet. Nesse caso, é sempre mais vantagem comprar direto na loja, porque além de economizar no tempo de entrega, não há economia comprando online!

Quando cheguei de volta em casa, já eram quase 21h, instalei o breguetinho que tinha ido comprar, tudo funcionou lindamente, e agora tenho um fio a menos na minha vida. Fui deitar pra tentar assistir um filme: às 21h10 eu já tava dormindo, e não acordei tão cedo no dia seguinte. Céus, como minhas pernas estavam acabadas…


Mapinha, mostrando as rotas de ontem.

Ia colocar mais um dia nesse post, mas já tá grande demais, e eu preciso sair, então, mais tarde tem mais!

Day-to-Day

Hello, Vancouver!

June 1, 2014

Era pra ter começado a escrever por aqui no primeiro dia, mas tinha muita coisa pra fazer e acabou não rolando! Então, comecemos atrasados para colocar o assunto em dia!

Dia 27, parti de São Paulo. Diferente de quanto me mudei para Salvador, e tive 40kg de excesso de bagagem, na mudança do Atlântico para o Pacífico, meu peso TOTAL de bagagem deu 17kg, num mala pequena, e uma mochila de câmera com algumas preciosidades dentro. Foi muito malabarismo pra conseguir vender tudo – livros, lentes, revistas, acessórios, etc! – a tempo, e olha, ainda ficaram algumas coisinhas, mas, felizmente, nada de muito valor, que atrapalhasse a mudança. Até a LOMO gigante achou uma casa, com o Padu!

No aeroporto, conheci pessoalmente um camarada com quem já conversava há quase dez anos, pela internet. O Paul, de Almenara (interior de Minas), também tava vindo pra Vancouver, estudar animação numa escola relativamente parecida com a VFS, a Think Tank Centre. No avião, entre os filmes e séries disponíveis, tinha um que eu tava enchendo a paciência de todo mundo pra assistir, e não tinha conseguido até embarcar: The Lego Movie. Ri e me diverti horrores, lembrando de muitas loucuras que eu mesmo já tinha feito com Lego, e trazendo uma nostalgia muito louca. O filme em si também é sensacional, não apelando só para esse lado, e trazendo muita coisa boa na animação – inclusive no roteiro, com uma virada totalmente inesperada!

Depois de um vôo de dez horas de duração rumo a Toronto, e mais uma escala de 4h30 e cheguei em Vancouver. Contando com o tempo de espera em Toronto, essa brincadeira levou 18h, das quais dormi pelo menos metade. Chegando aqui, o Wyll – amigo do Renato, amigo da Carol (claro que tinha que ter a Carol no meio!) tava me esperando no aeroporto. Como o Paul ia rumo a North Vancouver, nos separamos nesse ponto. Aí a coisa começou a ficar impressionante, quando o Wyll entrou numa limosine imensa, e eu – claro! – segui atrás, afinal, nada como começar a vida nova em grande estilo! No caminho, ele comentou que alugar a limosine por um curto período de tempo era praticamente o preço de ida e volta ao aeroporto num táxi convencional, e que ele tinha descontos no aluguel. Não vou reclamar, certo?

Em seguida, fomos pra rua, resolver questões como telefone, banco – que tava com todos os horários lotados! – e para o Wyll me apresentar a vizinhança. É uma região bastante gay-friendly, e todo mundo (não só por aqui, mas pela cidade toda) é muito atencioso e educado. Ontem eu e o Paul estávamos andando a pé, perdidos em North Vancouver, e não sabíamos como atravessar uma ponte. Passaram duas ciclistas, que devem ter visto nossas caras de perdidos, e perguntaram “do you wanna get across?”. A gente nem tinha olhado pra elas, e elas já tavam perguntando se a gente queria ajuda. Me senti um trouxa, por todas as vezes que achei que tava sendo amigável quando alguém me perguntava algo na rua, em São Paulo, e eu respondia sem nem parar direito pra responder…

Depois de passear um tanto, o Wyll foi almoçar, e eu ainda tava bem cheio do café da manhã, então nos separamos e fui explorar. Tinha que chegar no nosso possível-apartamento até 16h, e ainda eram 14h30. Caminhei. MUITO. Até chegar na Cordova St, foram uns quarenta minutos. Aí, o apê ficava na East Cordova, e minha cabeça deu um nó, e eu continuava indo para West Cordova, sem entender porque o número não existia por ali. Quando percebi o erro, tive que sair correndo quase 2km pra não chegar atrasado. Conheci então o Peter, dono do apartamento, que me mostrou o lugar e explicou as regras.

No caminho, enquanto corria, achei meio estranho as ruas desertas, apesar de ser um dia de semana, e estarmos bem no meio da tarde. Na volta, peguei a Hastings, que é a rua da VFS, e passei pela região que é conhecida como “o pior IDH do Canadá”. Muitas lojas fechadas, casas abandonadas e gente jogada, moradores de rua, viciados, turistas perdidos (eu?) e uns tantos transeuntes. O quadro se estende por quadras e mais quadras, chegando a incomodar a cabeça, só de passar e ver a multidão. Mas, como possível morador, também tinha que ver se era perigoso, ou se as pessoas só estavam ali por falta de opção mesmo – e isso a gente vê em São Paulo. Depois passeiem por lá no Google Maps, e vejam com seus próprios olhos (apesar de não chegar nem perto do tanto de gente que vi).

Conversando com a May e o Nicko, considerando que íamos passar por lá tarde da noite, voltando das aulas, resolvemos mudar de planos e aceitar um apartamento mais caro, mas numa região mais central. Por outro lado, a East Hastings foi o ÚNICO lugar que vi mendigos e viciados por aqui – e isso não acontece em São Paulo. Nesse processo, vamos contar com a ajuda do Wyll de novo, para mobiliar o apartamento, e conseguir indicações que somos jovens atenciosos, silenciosos e que não gostam (muito) de bagunça. No meio tempo, tô alugando um quarto aqui na casa do Wyll, e fico por aqui até resolvermos o nosso, definitivamente.


Vista da janela do quarto!

Retomando a história, tava tão acabado de caminhar que ao chegar em casa, às 17h, deitei na cama e dormi. Aqui é tão louco que, no verão, os dias começam às 4h40 da manhã e o Sol só se põe às 21h30. Não é de se admirar que tantas coisas venham filmar aqui, considerando todo esse tempo de luz natural!

Acordei para o segundo dia, e devo dizer que foi o menos movimentado até agora. Depois de árduas pesquisas no celular – que os céus abençoem esse Moto G – cheguei a uma conclusão sobre custo/benefício em relação ao computador que queria comprar. Por conta das aulas, mobilidade, e tudo mais, já tinha decidido que seria um notebook, e pra fazer as coisas que precisarei, tinha que ser uma máquina forte. Basicamente, um notebook de jogos, por causa da memória RAM, e placa de vídeo. Comecei com um Macbook Pro na cabeça, mas o preço e a incompatibilidade de muitas coisas me fez desistir desse caminho. Aí surgiu o drama: Samsung, Dell, Asus, Razer Blade, Alienware, Sony, que marca confiar? Sério, fiquei muitas e muitas horas pesquisando, pesando prós e contras, lendo trilhões de reviews de compradores, até por fim fechar com o Alienware 14. É um monstrinho, chega a ser mais alto que um notebook padrão, e com a tela de 14 polegadas, dá pra carregar pra cima e pra baixo.

Por sorte ou por milagre, quando terminava as pesquisas, descobri que esse exato modelo estava em promoção na Future Shop. Jogando no mapa, uma não era muito longe daqui. Partimos pra lá, e nem caí na tentação de olhar ao redor: peguei o primeiro vendedor que me apareceu pela frente, e disse que queria o computador. Ele sorriu, e disse que só tinha mais UMA unidade, e por isso estava em promoção. Pronto, era meu! Nesse meio tempo, ele falou que o maior público de Alienware é brasileiro, e é uma afirmação que faz sentido. No Mercadolivre, o computador que paguei $1550 custa
R$5800…


A caixinha discreta do monstro.

Aí eu paguei, fiquei pobre, e voltei para casa debaixo de uma chuvinha fina, ao melhor estilo paulistano, carregando a caixa do computador como uma maleta. Perto de casa, um camarada na rua bate o olho na caixa e comenta comigo, de passagem “cool choice, man!”. Passei o resto da tarde instalando programas e atualizando o bicho, para poder me comunicar adequadamente com todo mundo. Passar 48 horas sem computador, só com o celular foi difícil. Muita coisa que podia ser feita com agilidade no PC levava horas no telefone! E abas, e multitasking, e tudo mais. Céus!


Felizmente, não levou esse tempo de fato!

Ah, nesse mesmo dia, enquanto íamos para a Future Shop, passamos no banco, e em menos de vinte minutos abri minha conta. A Sharon, que nos atendeu era muito atenciosa – pra variar… – e explicou tudo que eu precisava saber, inclusive sobre as transferências vindas do Brasil. Além disso, o banco é tão pertinho daqui que, se der qualquer pepino, eu apareço lá pra encher o saco!

Depois de terminar de instalar tudo, e responder todas as mensagens atrasadas, ler emails gigantes, organizar fotos, pastas, entender como funciona o Windows 8, fui tentar assistir um filme aqui em casa, perto de 21h. Às 21h10 eu já tinha apagado, e só ia acordar no outro dia de manhã…

Assim acabaram os eventos dos dois primeiros dias por aqui, e pra encerrar essa loucura de começo, a trilha principal, saída diretamente do Lego Movie: EVERYTHING IS AWESOOOOME!