Day-to-Day

Segundas Impressões.

June 1, 2014

O terceiro dia começou às 4h40 da manhã. Foi o resultado de ter ido dormir tão cedo.

Fiquei caçando atividades pela manhã, e quando deu 7h45, saí, achando que as coisas aqui iam funcionar do mesmo jeito que no Brasil. Já tinha uma quantidade considerável de gente na rua, e tava um frio do cacete. Para adiantar: qual a graça de viajar para outro lugar, se você não quebrar a cara de vez em quando?

Rodando por downtown, decidi ir na Future Shop de novo, procurar um adaptador wireless para a mesinha Wacom, e um cabo HDMI gigante para conectar o notebook na TV sem muito esforço. Cheguei lá, com as mãos congelando, e entrei no prédio. Aí tinha um zelador muito mal humorado com um balde e um rodo, passando lá dentro. Assim que eu abri a porta, o sujeito me olhou com uma cara de “o que diabos você tá fazendo aqui, moleque?”. Achei então que o lugar tava meio deserto, e silencioso, e escuro, e… basicamente fechado. Fingi que tinha entrado por engano e saí discretamente. Tinha combinado de ir com o Paul até a Best Buy, comprar o notebook dele. A mais próxima no mapa era na West Georgia St. Tô andando com um mapinha no bolso, e sempre que preciso achar um lugar, jogo no celular, e marco no papel. É bom que ajuda a decorar onde cada coisa fica, e aprender que rua cruza com que avenida, em que altura. Enfim, caminhei até lá (ou seja, subi várias quadras até chegar), e só então vi que era uma Best Buy mobile, só de celulares e acessórios. Cacete! E tava fechada TAMBÉM! Será que nada abre nessa cidade?

Joguei de novo no mapa e achei uma na Cambie St, número 2220. LONGE. PRA. PORRA! Uns 4km de onde eu tava, na direção contrária à que eu tava caminhando. Beleza, pelo lado bom, quando eu chegar lá, o Paul vai estar chegando também, pensei. E comecei a andar de novo. E aí eu andei, e atravessei uma parte da Cambie que era um viaduto. Como não sou acostumado a atravessar pontes por cima do mar a pé, achei que já tinha chegado. Aí desci, em meio a inúmeras bicicletas, achando que ia ser atropelado. Lá embaixo, olhei ao redor, olhei no mapa. Mapa burro, tá dizendo que eu nem atravessei a ponte ainda. Atualiza, inferno! Aí eu girei, e o mapa girou. Andei, e o mapa andou. Foi só então que notei que ali tava muito escuro. Olhando pra cima… tchan! A ponte! Putz, tenho que subir de novo, fugindo das bikes alucinadas!

Subi, e aí andei. Mais. Muito. Todos os mil quilômetros, até chegar na Best Buy. De novo, tudo escuro, vazio… Fechado. 9h da manhã, e uma loja dessas fechada? Foi só então que notei a tabelinha com os horários de funcionamento (e depois passei a reparar que TUDO aqui tem os horários de funcionamento especificados na frente). Enfim, a loja só abria dali a uma hora. O que fazer? Confirmei o endereço com o Paul, e fui explorar as redondezas. Entrei num supermercado gigante e fiquei o máximo de tempo que consegui, perambulando por entre as gôndolas, vendo coisas e preços, e impressionado com a variedade de marcas e produtos. Coisas que nunca sonhei que existiam, e coisas que sonhei, mas sempre julguei impossíveis, como MELANCIAS SEM CAROÇO!


Eu até precisava comprar umas coisas pra casa, mas não tinha condições de andar com um monte de sacolas o dia todo, sem falar que as caminhadas estavam só começando! Consegui ficar meia hora no mercado, e quase chorei com as prateleiras de Lindt, e self service de docinhos. Aí saí caminhando mais, explorando a Broadway. Achei uma entrada do Sky Train – que é uma coisa minúscula, se comparado ao metrô de São Paulo – cada trem tem dois ou três vagões, e passam a cada 5-10 minutos (cronometrados). Continuei perambulando, até dar a hora de a loja abrir. Demorou.

Nesse meio tempo, entrei numa loja genérica de produtos, tipo a Le Biscuit, e fiquei olhando o que se vendia por lá. Tomei um susto ao ver que eles vendem armas com muita facilidade! Aí depois uma mulher asiática começou a me encher a paciência querendo que eu fizesse um cartão de crédito da loja. Ela estava muuuito empenhada em me convencer. Primeiro eu não tava nem entendendo do que ela tava falando. Aí, depois que entendi, inventei que tava sem documento. Não deu certo: a mulher queria me cadastrar a qualquer custo! Pediu celular, eu disse que não tinha, disse que até com celular do Brasil eu podia fazer. Aí era demais. Disse um basta pra moçoila e parti! Na saída, passei por mais uma oferecedora de cartões, e quando ela me abordou, falei que estava em Vancouver há menos de uma semana. Ela me deu boas vindas, e disse para aproveitar a estada, e não insistiu. Ufa!


Armas, assim, na prateleira!

Enfim a Best Buy estava aberta! Entrei, fiquei passeando por lá, achei meu computador, $150 mais caro do que eu já tinha pago, fiquei um tempo babando na frente do Playstation 4, vi os jogos disponíveis, e decidi que tinha que arrumar uma mochila, porque a da Canon é muito grande, e chamativa, pra atividades do dia-a-dia, principalmente porque não vou andar SEMPRE com a câmera. Essa desgraçada tá muito pesada. Achei uma interessante e fui procurar o tal cabo HDMI que tinha dado partida pra essa aventura. Só achei cabos curtos, com menos de 2m, a preços astronômicos. Fui pro caixa só com a mochila mesmo. Ia ser bom para trocar o dinheiro! Depois disso, o Paul falou que ainda tava a mais de uma hora de distância. Ai, cacete, preciso achar mais passatempos!

Voltei pro mercado, comprei umas coisas de comer andando – barras de cereais e bolachinhas salgadas -, duas garrafas d’água e um saco de pão (pra deixar em casa quando voltasse). Ainda tinha muito tempo, então joguei no google “HDMI cable 15ft vancouver”. Me aparece uma loja, na puta que pariu, a 3km de distância, na Main St., ainda mais pra baixo do que onde eu tava, vendendo o cabo por $10. Aí era dificil de resistir. Na minha conta, vai ser o tempo exato de ir e voltar, pra encontrar com o Paul.

Pego um caminho fora das vias principais, pelo meio das ruazinhas numeradas, e é aí que realmente dá vontade de morar pra sempre nessa cidade. Tem umas ruas totalmente arborizadas, cheias de canteiros com graminha, jardins bonitos, casinhas sem cerca, tudo de madeira, tudo bem cuidado, uma coisa meiga como nunca vi. Pra completar, enquanto eu tô andando, ainda me passa um esquilo correndo e olhando para os lados. Aí eu morri. Sério, google maps lá!

Depois de muito tempo de caminhada, cheguei na loja. Era um buraco na parede, quase. Mas tinha o cabo, pelo preço anunciado, e o atendimento foi ótimo! Saí de lá, já no pique pra voltar tudo. Escolhi outra ruazinha, pra investigar se eu tinha pego a única rua bonita dentre todas, mas a conclusão é que elas são mais ou menos parecidas, e todas incrivelmente agradáveis. Tava fazendo um Sol de rachar, mas as árvores cobriam quase tudo, uma belezura.

Finalmente encontrei o Paul na Best Buy, chegamos quase na mesma hora. Aí ele ficou no drama de escolhas de computador, e acabou saindo com um HP. Economizou, apostando que a escola ia ter máquinas que acelerassem o trabalho. Uma boa lógica de pensamento. Como nós dóis já tínhamos andado que nem condenados, e já era mais de uma hora da tarde, entramos no Wendy’s para almoçar. Pensa numa comida gordurosa, mas saborosa? Tenho que ficar longe dessas coisas, senão vicia!

Depois do almoço, decidimos que a preguiça era maior que o medo, e resolvemos pegar o Sky Train de volta para downtown. Isso se deu graças ao peso nas costas, pernas mortas e calor dos infernos que tava fazendo. Para nossa sorte, não tinha nenhum mistério no processo, e a viagem foi MUITO mais rápida e confortável do que a pé. Essa loucura toda de andanças só reforçou uma idéia das primeiras que tinha, antes até de chegar aqui de fato: uma bike é fundamental. E tem muitos ciclistas por aqui. Ciclofaixas também. A única lei é usar capacete!

Depois disso, o Paul seguiu para o SeabBus, para chegar em casa, em North Vancouver, e eu desci na Waterfront Station e voltei caminhando pra casa. Passei de novo na Future Shop à procura do maldito adaptador wireless que ainda não tinha achado, e continuei sem resultados. No processo, lancei no google, que nem o cabo HDMI, e achei numa tal de Memory Express, longe DEMAIS. Chega deu preguiça de ir, mesmo de sky train. Já em casa, no computador, investiguei melhor, e o site dizia “Limited Quantities”. O que isso significa? Se eu for lá e não tiver, vou ficar puto. Se pedir pela internet, tem o tempo de entrega… O que fazer? Aí resolvi ligar para a loja. Falei com um Matthew, que disse que tinha UMA unidade, e que ele podia deixar reservado para mim, se eu fosse lá buscar.

Eram 19h, a loja fechava às 21h, e o transporte até lá, de Sky Train, levava mais 40 minutos. Pensei, “Ah, já andei horrores hoje, por que não andar um pouco mais?”. Saí de casa correndo e aproveitei para passar no banco e depositar o dinheiro que tava carregando. É mais jogo andar só com o cartão do que com trocentas notas na carteira. Acho que o Sky Train tava meio lotado, mas é muito folgado quando comparado com o “lotado” de São Paulo!

O trajeto correu sem incidentes, exceto uma curiosa observação que mais de 80% da população do trem era de origem asiática. Era impressionante. Depois, saí da estação, caminhei mais um pouco até a loja, beirando uma avenida beeem larga, e peguei o bendito adaptador. Eram perto de 20h. Ah, um comentário rápido sobre variação de preços! No Brasil, você vai em mil lojas, e cada uma tem um preço diferente, aí você vai na internet, e tem uma que vende tudo ridiculamente mais barato, e pronto, tá resolvida a questão. Aqui, além de tudo ter uma taxa de 12% em cima, sobre o valor da prateleira, a variação de preço é mínima. Por exemplo, esse adaptador custava $49,90 em TODOS os lugares que olhei. Sejam lojas, seja na internet. Nesse caso, é sempre mais vantagem comprar direto na loja, porque além de economizar no tempo de entrega, não há economia comprando online!

Quando cheguei de volta em casa, já eram quase 21h, instalei o breguetinho que tinha ido comprar, tudo funcionou lindamente, e agora tenho um fio a menos na minha vida. Fui deitar pra tentar assistir um filme: às 21h10 eu já tava dormindo, e não acordei tão cedo no dia seguinte. Céus, como minhas pernas estavam acabadas…


Mapinha, mostrando as rotas de ontem.

Ia colocar mais um dia nesse post, mas já tá grande demais, e eu preciso sair, então, mais tarde tem mais!

  • TFerradans. · FTW! Playstation 4. June 5, 2014 at 8:34 pm

    […] um caixa eletrônico e fui tentar sacar o dinheiro. Então me apareceu um aviso terrível. No post de sexta feira, escrevi que “é mais jogo andar só com o cartão do que com trocentas notas na […]