Ontem a gente foi pra Surrey, filmar a segunda versão do animatic da Rityka, com o cachorro, na floresta, e tudo mais. Importante citar que anteontem nevou. Um bocado. Saí de casa às 6h20 am, tudo branco na rua, calçada escorregando, essas coisas todas. Encontrei com Sean e Daniela na Expo Line e pegamos o trem pra encontrar com a Rityka no meio do caminho. De lá, seguimos até a King George, onde pegamos um táxi até a locação. Até aí, tudo sucesso, tranquilo.
Chegamos lá, conhecemos o bróder dono do cachorro (uma criatura chamada Karma), e entramos no parque. Tava tudo branco, gelado. Temperatura ambiente: -8 graus. Preparamos as coisas pra começar, Karma ficou passeando pelos arredores enquanto a gente se posicionava, rodei o primeiro plano, um geral das árvores com a Rityka bem pequenininha, de vermelho, perdida no meio do lugar. Meus dedos começaram a doer de frio. Doer como se estivessem numa prensa. No segundo plano, comecei a passar mal e tive que me afastar pra base, e entreguei a câmera pra Dani, meio murmurando “opera aí, você sabe fazer isso”, e sentei no chão, encolhido.
Acho que nunca senti tanto frio na vida. Em um dado momento, eu só queria deitar e dormir. Aí eu fiquei preocupado. Voltamos pro carro, e ficamos lá uns minutos no aquecedor. Eu ainda tava morrendo, então o povo voltou pra filmar e eu fiquei no carro, caindo de sono e esquentando minhas mãos de todo jeito que podia. Dormi 45 minutos, que pareceram um piscar de olhos, e quando a Dani voltou com a câmera, congelando e xingando pelo frio, eu não tava vivo direito e comecei a falar com ela em português. Levou uns segundinhos até o cérebro ativar e o inglês também. Foi engraçado.
Passei esse aperto vestindo três calças, três blusas e dois casacos. Me falta gordura corporal pra sobreviver temperaturas! Depois de chegar em casa, fiquei o resto do dia encolhido na cama, produzindo e armazenando calor pra contrabalancear o frio matinal. A May voltou mais cedo da VFS, e ficamos conversando, jogando Donkey Kong e ouvindo discos. Mais uma vez, novamente, a May salvou meu dia. Não sei o que seria de mim se não tivesse ela por aqui. A saudade de casa, das pessoas, de meu pai e minha mãe tá foda, e o frio não ajuda nesse aspecto.
Esse post tá na pasta de rascunhos há tempo demais e já passou da hora de mandar ele pro ar. Não achei direito o que era que tinha pra contar, mas vamos assim mesmo.
Semanas bem atribuladas, trabalhando em muitos assignments (graças aos céus, bem menos, em termos de volume, que no term passado), mais focados nas nossas ênfases e com um boost em liberdade criativa para grande parte deles. As aulas de VFX estão beeem divertidas, e passei a semana surtando com umas experiências de rigging e texturas, por pura curiosidade e pra gastar o tempo teoricamente livre.
Tivemos também uma introdução ao Maya Fur, que é um negócio totalmente aleatório, relativamente útil pra simular pelos ou cabelos bem curtos. Aí a experiência era colocar umas pelagens nesse camarada aí embaixo. Fur é tão doido que eu acho que simula a vida: o queixo do meu personagem tinha um buraco, onde não nascia barba nem por intervenção divina, como uma falha na barba, igual ao mundo real.
Saindo das experiências aleaórias e passando pra aulas INCRIVELMENTE INCRÍVEIS, aprendemos a lidar com RGB Lighting. Em RGB lighting você ilumina a cena usando luzes das três cores primárias, e depois controla como a luz deve ficar de fato usando o Nuke, na pós-produção, depois de renderizar tudo que o Maya tem que renderizar (geralmente essa é a parte mais demorada). Nesse assignment a gente tinha que criar duas imagens completamente diferentes usando o mesmo enquadramento e o mesmo set de luz RGB. Na primeira imagem eu só tô deixando influenciar a cena as minhas luzes que eram pintadas de vermelho, na segunda cena, tava usando só as azuis e resolvi brincar de bicho papão colocando a luz verde muito doida que sai de debaixo da cama.
Se isso ainda é muito confuso de entender, tá aqui o que era meu RGB pass, pra piorar de vez a maluquice.
Na aula seguinte, o Craig falou um bocado de integração, que pra atingir um resultado perfeito, você tem que ser capaz de recriar o mesmo cenário de luz e materiais que tinha na vida real, senão seus elementos digitais vão ficar “descolados” do resto da imagem. Esse foi moleza, fiz na aula mesmo, ajustando luzes e ambiente, fazer a bola da esquerda e a cartelinha de cores ficar praticamente idênticas às reais, que fazem parte da imagem de fundo.
Voltando pra parte mais interessante da coisa, nas aulas de Compositing e VFX a gente tá lidando bastante com matchmove e integração de elementos simples (a princípio). No primeiro vídeo, a gente tinha essa placa em branco, e cada aluno projetou sua própria placa e colocou no lugar. Enfrentamos uns processos muito loucos de tracking e coisas do Nuke que não tínhamos visto ainda. Foi uma das melhores aulas da semana passada.
Tava com uma placa totalmente sem graça, aí tirei uns minutos no fim de semana passado, inspirado pelo demo reel, e comecei a introduzir o assunto em outros assignments, com essa placa maravilhosa abaixo:
Agora sim, o vídeo com a placa no lugar:
A outra das melhores aulas da semana passada, integramos esse toldinho aí em cima da porta. Entre as mais incríveis do curso, essa também foi uma das aulas mais puxadas de todas, com MUITA coisa pra anotar, lembrar e usar em atividades futuras, ou para consulta em caso de pepino. Foi aqui que recuperei minha fé que tracking é uma coisa lógica e não mística.
Ahhh! Já tava esquecendo de registrar isso aqui também! Semana passada (ou retrasada, já não lembro), comecei um novo blog, pra documentar o processo do demo reel. É impossível escrever tudo que eu tô fazendo, senão só escrevo e não faço nada, mas tô colocando coisas lá aos poucos. Se eu tiver coragem, hoje mais tarde ou amanhã cedo coloco um post sobre a mid-term presentation. O link é Hovering Lights, mas o endereço é o antigo tferradans.com/portfolio, depois dá uma passada lá, que tá ficando bonitinho (e bem técnico, como eu gosto).
Bom, agora que eu acabei (cortei no meio) a parte dos assignments, vamos para o Brasil. LITERALMENTE!
A gente tinha pensado em ir pra Los Angeles, Las Vegas, San Francisco, mas a saudade tá mais forte que a sede de explorar novos lugares, e vamos fazer uma retirada estratégica, partindo de Vancouver no dia 19 e chegando em São Paulo dia 20! Aí a May vai pra São Bernardo e eu vou pra Salvador, para passarmos Natais (Natal tem plural?) em família, e depois nos reencontramos em São Paulo para ver amigos e atividades diversas!
A gente já tinha as passagens, “só” tivemos que alterar as datas. Foi um dia tenso. Todo o tempo que economizei ao telefone ao longo desses últimos… dez anos, eu diria, gastei numa manhã só, em duas ligações de quarenta e cinco minutos cada uma, sendo que trinta desses foram ouvindo musiquinha de espera. Sério, o atendimento telefônico da Air Canada é tão congestionado que eu telefonei, fiquei com o telefone no ouvido, saí de casa, fui até a Future Shop (quinze quadras de distância daqui de casa), procurar e comprar jogos novos (foi no dia do lançamento de Far Cry 4 e GTA V para o PS4, então não podia perder a ocasião), voltar, passar no mercado, e sentar na mesa em casa de novo, pra poder terminar de falar com a atendente. Pelo lado positivo, as moças foram muuuito gente boa, proativas e conseguiram até colocar a gente em poltronas lado a lado num vôo lotado!
Agora, pra fechar o post, chegamos no Buda, que é uma referência ao disco novo do Criolo, Convoque seu Buda, que a May me mostrou na semana retrasada e ouvi direto, sem parar e sem pular músicas por quase dez dias seguidos. É sen-sa-ci-o-nal, tem muita cara de São Paulo, e traz nas letras temas mais do que relevantes pro momento atual, ecoando muita coisa que a gente vê, ouve e sabe. Vou parar de falar do disco senão vou falar besteira, porque não é minha área de expertise, mas recomendo ir no link e baixar, que é de graça, ou pelo menos ouvir uma vez pelo streaming, se não puder/quiser baixar.
Tô querendo fazer esse post há uma semana – que longa semana – e não tinha conseguido começar ainda. Ontem saí pra acompanhar colegas que iam em Lynn Park, fazer pesquisa de locação, e aproveitar o Sol. O lugar é um inferno gelado, mas o inferno gelado mais bonito que já tive o prazer de visitar. Stanley Park fica no chinelo.
Bom, pra não começar o post pelo fim, vamos voltar até Sábado passado. Arrumamos a casa e depois resolvemos dar uma saída, pra explorar a cidade. Passamos no Pacific Center, mas já conhecemos o lugar como a palma da mão, então não tinha nada novo por lá. Pegamos o SkyTrain para o Sul e descemos perto da Oakridge and 41st. Tem um shopping muito doido lá, e achamos que podia ter algo divertido, já era oficialmente o dia mais feio do mundo. Rodamos um pouquinho, olhamos a Apple Store, passamos no mercado e compramos mini-cenourinhas pra lanchar, quando descobrimos porque o destino tinha nos mandado àquele lugar remoto: UMA LEGO STORE. O lugar é um sonho, desmontável e remontável. Sério, acho que é uma das lojas mais legais que já fui. Tinha uma chuva de crianças jogadas pelo chão, montando e desmontando coisas. A única coisa não muito feliz é que a parada é meio cara.
Fomos atraídos por um set do Lego Movie, pequenininho e barato. Descobrimos que tinha um cinema no shopping, e resolvemos enrolar pra ver o filme. Nesse meio tempo, ficamos montando uns pedaços do lego. O que nos leva à minha pior decisão da vida, acho, nos idos de 2005, quando nos mudamos do apartamento para nossa casinha, eu abandonei o lego na casa velha. LITERALMENTE abandonei. Toneladas de lego. Sério, não entendo até hoje porque fiz isso, especialmente considerando o quanto brinquei com essas pecinhas ao longo de pelo menos dez anos (esse post tá cheio de superlativos, mas foi um dia extremo, me ajudem aqui!).
Deu perto da hora do filme e fomos procurar o cinema. Aí descobrimos que o cinema tava fechado há seis meses. SEIS MESES. Como diabos tinha uma programação normal, só Deus e o Google podem explicar. Tristes e arrasados com essa descoberta, resolvi que merecíamos um encorajamento para a vida e voltamos para loja do lego. Compramos um super carro dos Caça Fantasmas e passamos duas horas montando, em casa. Aí minha saudade de lego bateu com força, e desde então, estou a vasculhar a internet, no tempo livre, procurando bons negócios, e sets incríveis, sem quebrar o banco.
Citando o Lego Movie – é inevitável – “everything is awesome!”.
No Domingo, ficamos metade do dia ouvindo “Vermelho” da Fafá de Belém, e a outra metade do dia atualizando as páginas do segundo turno da eleição. Ah, como a gente comemorou quando apareceu lá “Eleita”! Até fomos encontrar o Nicko pra passear na praia, mas tava absurdamente gelado, então ficamos só tomando café mesmo. Depois voltamos pra casa pra umas rodadas de Catan, que todo mundo merece. Até apareceu por aqui o Vitor (um dos Vitors), colega da May no Sound Design, pra jogar com a gente.
Depois disso, na Segunda já começavam as aulas mesmo, e meus horários estão ridiculamente mais leves do que no term passado, tenho uma aula só, na maioria dos dias, e duas aulas de vez em quando. Sem falar que, como agora já estamos na fase das especializações, a gente só vê as aulas que são voltadas pra nosso stream. No more modeling classes. Mas ainda temos lighting, que tá sensacional, com quatro aulas interessantíssimas. Na real, a primeira aula de todas ERA Lighting, e o tema era linear workflow, uma parada que ajuda muito no funcionamento das luzes virtuais e é muito mais fotorrealista do que o workflow normal. Nosso primeiro assignment era iluminar uma biblioteca, aplicando o linear workflow, e criando atmosfera. Seja positiva, negativa, qualquer sentimento vale.
Depois de umas seis versões que tava achando uma porcaria, fiz uma que achei razoável e mandei pro Craig – instrutor de luz. Ele respondeu com várias sugestões, e fui ajustando. Foram mais umas quatro ou cinco versões, algumas com grandes mudanças, outras mais sutis, até chegar nessa aqui embaixo, que é a final, e vou entregar hoje. Acho que foi um dos assignments de lighting que fiz com mais cuidado, e pensando nas coisas, além de que o feedback ajudou muito a identificar coisas que pra mim nem eram perceptíveis, mas que fazem grande diferença no espírito da imagem final. Cada dia eu fazia um pouquinho e deixava renderizando enquanto trabalhava em outras tarefas.
Na primeira aula de VFX, demos a partida no tão comentado spider assignment, que é um dos mega trabalhos desse term. Para essa semana, era preciso texturizar o modelo da aranha e escolher três opções de locação para filmar e integrar a parada. As minhas três ficam a dez metros de distância uma da outra, aqui perto da garagem do prédio. Quero fazer uma aranha robô vira-lata, que revira o lixo à procura de comida, e se esconde quando pessoas aparecem. O clima é de câmera escondida, observando a criatura. Para me ajudar nessa tarefa – e também para o demoreel, passei boa parte do dia de ontem modelando uma lixeira grande, em escala exata, nos mínimos detalhes. Ao longo da semana vou trabalhar no surfacing e logo mais ela aparece por aqui. Não vou falar muito do reel porque vou fazer isso em inglês, pra usar como ferramenta extra de trabalho, explicando meus processos. Aqui embaixo tá a tal aranha, que no vídeo vai ter uns 60-90 centímetros de altura.
Continuando um pouco no assunto do reel, saí pra tirar umas fotos de locação no Sábado de manhã, no pós-Halloween e quando meus dedos já estavam quase congelados – mesmo de luva – me aparece um bróder completamente bêbado e cansado, voltando pra casa depois da festa e fica me observando. Como sou uma pessoa alerta, fico também prestando atenção no sujeito e na minha bike, alguns metros mais além. De repente o camarada se aproxima e fala “hey mr. photographer! Take a picture with me in it!”. E o resultado foi essa graça aí embaixo. Foi muito inusitado e engraçado na hora. Minutos depois ele volta, com o celular na mão. “You know what, could you take one using my phone, so I have it too?”. Tirei mais uma e ele foi pra casa enquanto eu terminava meus testes.
Depois dessa graça, voltei pra casa e o plano era trabalhar em assignments até o fim do dia. Mas aí me mandam uma mensagem chamando pra ir em Lynn Park – afinal, o do título!. A Daniela tava indo fazer pesquisa de locação também, e tinha uma galera indo junto. Olhei para a janela e vi um solzão lá fora, então achei que era uma boa abandonar os assignments um pouco e aproveitar o clima. Grande erro achar que ia estar calor. O lugar é GELAAAAAADO, mas lindo. Tô com poucas fotos aqui, porque na pressa de sair, acabei esquecendo de trocar a bateria da câmera, então posso levar uns dias até postar essas fotos/se postar, porque elas não ficaram lá grande coisa.
O parque é realmente lindo, e tem um puta clima de filme, com neblina, rios, floresta de pinheiros e o escambau. Foi um bom passeio de Sábado.
Ontem, fiquei o dia em casa, arrumando coisas, fazendo assignments (ainda tenho alguns pra arrematar!), lavando roupa, e fugindo do fogo. Quando subi com a roupa seca, senti um cheiro estranho dentro de casa, de coisa queimada. Achei que era o computador (essa é sempre minha primeira reação, desde 2005), depois fui na cozinha, achei o cheiro mais forte no closet. Fui na varanda, e vi que tinha uma FOGUEIRA na sacada do apartamento ao lado. Dali a uns minutos, ouço batidas fortes na porta, através das paredes. Depois de algumas rápidas tentativas, os bombeiros derrubaram a porta, e o alarme de incêndio do prédio todo disparou. Aí as pessoas TODAS desceram de suas casas para o térreo, até ter confirmação que tudo tava bem e que elas já podiam voltar.
Admito que fiquei impressionado com a velocidade entre o começo do fogo, a chegada dos bombeiros e a solução do problema. Tá bom que o fogo tava só na varanda, mas ainda assim foi impressionante. E esse foi o fim do Domingo. Depois a May chegou por aqui, e ficamos tirando o atraso de todas as séries que não vimos ao longo da semana!
Ah, nos últimos dias também apareceu no facebook, postado pelo Padu, um trechinho do vídeo de reabertura do Alberta #3, em São Paulo, para o qual eu ajudei a testar e emprestei a sensacional LOMO Foton-A. No fim das contas, eles acabaram comprando a lente, e fiquei muito feliz por ela ter acabado nas mãos de amigos tão cuidadosos e apreciadores da arte anamórfica!
Tem várias conversas minhas com a May que eu lembro de cor. Acho que a maioria delas, ela lembra também. Tem uma porém, que acho que ela não deu muita importância, mas pra mim foi, definitivamente, um ponto de virada sobre como encaro pepinos no trabalho. Estávamos no começo/meio de 2012, terceiro ano de Audiovisual, todo mundo se preparando pra filmar os Cines, que são curtas bem mais elaborados que os jobs, exercícios do ano anterior, onde as pessoas podem exercer suas funções específicas no set com mais conhecimento e cuidado. A grande diversão de fotografar um Cine, pra mim, era usar os “incríveis” estúdios do CTR, com luzes penduradas no teto, controles pra tudo, cabos por cima de tapadeira, nada de luz natural, controle total, essas coisas de fotógrafo/pós, sabe, essa pessoa que sou eu.
Aí o CTR aprontou mais uma das suas, e da noite para o dia nos foi informado que não poderíamos mais usar os estúdios. Puta que pariu, eu fiquei possesso. Obcecado, diria. Metade das minhas conversas com qualquer pessoa eram sobre esse assunto. Mais da metade das minhas conversas com a May eram sobre esse assunto. “Não acredito que não tem estúdio”, “Vai ficar uma porcaria, não dá pra fazer sem estúdio”, “Quero filmar em estúdio, a gente já tá no terceiro ano”, blá blá blá, mimimi – que pra mim parecia incrivelmente pertinente.
Um dia de noite, conversando antes de dormir, eu tava falando disso de novo e a May respondeu, com uma super naturalidade que me pegou desprevenido. “Meu bem, porque você não pára de reclamar disso, aceita que não tem estúdio e arranja um jeito de fazer o que você quer em locação mesmo? O tempo que você tá gastando nessa reclamação você podia estar melhorando sua fotografia”. O sono foi o coveiro dos estúdios, e quando o outro dia começou, eu já tava me dedicando a novos assuntos. A equipe toda do filme era legal, a equipe de foto era incrível e eu tava sendo um ignorante me preocupando com uma questão perfeitamente contornável.
O set foi divertidíssimo e com esse projeto deu pra ticar na minha lista de objetivos de vida “fotografar um noir, com direito a todos os extras” – muita coisa acabou não entrando no corte final, mas a gente usou. Tinha fumaça, tinha sombras, tinha mistério, tinha morte, suspense, luz e sombra contrastadas, pouca cor, um policial, uma femme fatale, tudo que se pode querer. Só não foi anamórfico porque eu não tava nessa pira ainda.
Mas, mais importante que o set, foi esse comentário da May, antes de dormir. De lá pra cá, sempre que alguma coisa explode no meio do caminho, se eu considero que é muito importante, eu insisto um pouco, se não tem jeito mesmo, vamos deixar pra trás e trabalhar numa nova solução. Acho que essa linha de pensamento vai voltar a ter muito valor ao longo da produção do demo reel. Continuem sintonizados para os próximos capítulos.
Sabe aquela coisa de “irmão é assim mesmo, briga por qualquer coisa”? Eu não sei como é. Não sei se foi sorte ou se é muito amor mesmo, mas pra mim a frase vai “irmão é assim mesmo, ajuda pra qualquer coisa”. Crescer junto não é coisa fácil, e eu sinceramente não sei como a gente fez. Sei lá, acho que em algum momento a gente percebeu que era melhor pros dois se a gente trabalhasse junto do que competisse – tem uma história envolvendo palmadas que prova esse ponto, mas minha mãe seria a pessoa mais indicada pra contar.
Só de pensar em como eu sou e como Lila é, eu vejo e reconheço TUDO de meu pai e minha mãe. Falando em pai e mãe, sempre tem aquela coisa que a gente não pode contar pros pais, né? Mais uma das vantagens de ter uma irmã incrível é que a gente nunca tem um assunto restrito. Achou que o outro fez besteira? Fala! Achou que fez certo? Fala também! Tem um quê de comunicação telepática de dona Fátima e meticulosidade calma de doutor Luiz, onde um sempre tá lá pra ajudar o outro, seja com a louça na pia, dando carona, ajudando na figuração de madrugada, emprestando lente ou fazendo qualquer coisa no Arraial. Se um aparece com uma idéia muito louca, a primeira reação do outro não é “por que?” e sim “quando a gente começa?”. Eu sei que posso contar com ajuda de minha irmã pra qualquer coisa, mesmo sem pedir, e acredito que ela sinta a mesma coisa. Sei disso porque sempre que eu começo uma piada a partir de uma mentira e a história chega até Lila, ela vai aumentar. Aumentar a piada E a mentira, do mesmo jeito que eu faria (agradecimentos especiais para o Geja nesse aspecto!).
Minha irmã é a única pessoa no mundo na qual eu confio cem porcento quando o assunto é filmes de terror. Sobrinhos de Tio Geja, fomos escolados cedo na arte do suspense e é muito difícil achar um filme que assuste de verdade. Se Lila diz que um filme é bom, é porque o negócio deve ser bom mesmo. A gente gosta do mesmo “tipo” de terror, que segue as regras do gênero – porque é impossível fugir -, que não decepcione na história e tenha (pelo menos) um pouquinho de criatividade, pra se diferenciar dos outros.
Parceira número para fazer trabalhos em grupo de escola (fossem os meus, fossem os dela), presença ilustre em festas de fim de semana com meus mesmos cinco amigos TODA semana, e longas conversas sem sentido sentados à mesa de jantar. Quando eu tava aprendendo a dirigir, Lila era a cobaia mais alegre para passeios pela rua e caronas a qualquer hora. Parte fundamental do trio Vega/Taj Mahal, envolvida em rodadas épicas de esconde-esconde, madrugadas em Itapetinga, colecionar sapos no quintal, infinitas temporadas de Arraial, filmes e fotos completamente loucos (e outros muito bem feitos também!),
Lila tem um olhar diferente pras coisas. Eu sei que ela tem um mundinho próprio dentro da cabeça, que ela disfarça muito melhor do que eu! É uma criatura de um perfeccionismo absurdo, chegando a se sabotar as vezes. Sabe as histórias que minha mãe precisa contar? Lila tem as fotos que ela precisa mostrar, e eu vou fazer tudo que for possível pra ajudar nessa aventura.
Pra fechar, um curtinha que minha mãe achou por acaso. Pra variar, enrolei mil anos pra assistir, e chorei pra me acabar quando finalmente vi. Acho o título deveras adequado.
Eu queria muito que esse post ficasse incrível, no nível da minha irmã, mas as palavras não tão tavam vindo direito, acho que é saudade. Tô escrevendo esse post e chorando, porque quase seis meses longe de casa é moleza, mas quase seis meses longe de Lila é foda.
Antes de começar esse post, uma breve pausa para o estado de espírito do autor (e também foi nosso ÚLTIMO assignment de Classical Animation):
Depois de um fim de semana apocalíptico, estamos na última semana (pós-apocalíptica em teoria) do Term 2. Últimos dias e aulas, depois temos folga de Quinta feira até Segunda que vem. Míseros quatro dias, mas uma excelente pausa pra quem tava surtando com o tanto de assignments.
Bom, ao que interessa: não importa o quanto avisem, não tem descrição precisa o suficiente pro caos que é o Term 2, simplesmente porque não tem nada que dê pra comparar com ele. Como no Term 1, eu fui fazendo meus assignments adiantado, pra ficar mais tranquilo no fim, e nem assim deu certo! De Sábado, 8h da manhã até Domingo, 8h da noite, passei 3h30 dormindo, 2h vendo filme e o resto do tempo trabalhando em coisas pra entregar. Eu literalmente texturizei o personagem das aulas de Modelagem nesse período, além de terminar a modelagem em si, abrir as UVs pra fazer as texturas e renderizar tudo em quatro passes diferentes. E enquanto renderizava, eu já tava trabalhando em outra coisa.
Antes de continuar com mais histórias, vamos deixar bonitinho aqui o registro desse personagem. Felizmente era um personagem simples (?), cujo design tinha sido criado pelo nosso grupo no Term 1. A Andi, cuja casa e laboratório de revelação apareceram nesse blog trocentas vezes, foi o personagem mais votado na sala, e o qual trabalhamos durante as aulas (enquanto a grande maioria da modelagem dos prédios foi feita no tempo “livre”).
Quinta tivemos a última aula, onde vimos como fazer as roupas e o cabelo – nenhuma das duas coisas era verdadeiramente simples, pra ser preciso, o cabelo era um verdadeiro pesadelo, mas vamos adiante. Sexta eu descobri que o arquivo tava corrompido, e não pude trabalhar pela manhã, até chegar na VFS e passar algumas horas “descorrompendo” o desgraçado. Aí, Sexta já foram algumas horinhas dedicadas à modelagem, e sábado de manhã eu terminei as roupas e a câmera. Deixei o cabelo por último. Sábado de tarde eu comecei a mexer nas texturas e materiais, e só fui dormir às 3h30 da manhã, quando terminei tudo que podia e deixei faltando só o cabelo. Deixei renderizando, pra ter uma noção de quanto tempo o processo ia levar, e como a deadline era às 9pm, tinha que acabar algum tempo antes disso. Assim que o render acabou, às 7h da manhã de domingo, levantei (eu literalmente ouvi o computador parando de fazer barulho e acordei) e fui fazer o cabelo. Me dei até 1h da tarde pra terminar, e renderizar do jeito que estivesse. Felizmente acabei com 10 minutos de folga e aproveitei pra acertar melhor a luz do render.
Botei tudo pra processar e fui ver Edge of Tomorrow (de novo) com a May. Depois do filme, ainda tinha render rolando, mas comecei a montar minhas propostas para o pitching. Voltaremos ao pitching mais adiante. Enquanto eu montava minhas propostas o render acabou, e pude finalmente fechar meu vídeo de Passport Skills, que é meio que uma compilação de assignments chave ao longo dos dois primeiros terms, pra avaliar a qualidade do material e o avanço do aluno nesse tempo. No final tem mais um espacinho pra Extra Material, onde dá pra colocar coisas que a gente fez antes de vir pra VFS, e reforçar a sua idéia de pitching.
O diabo da menina ficou assim:
Os Passport Skills tem um template para todos os alunos, mas, como tinha achado ele meio quadrado demais, acabei fazendo meu próprio, enquanto ainda tinha tempo livre, umas duas semanas atrás. Apresentei o quadradão, mas aqui no blog eu coloco esse mais bonitinho e bem cuidado. Aí tem umas coisas que não apareceram aqui no blog por serem muito curtinhas e meio perdidas se apresentadas separadamente. Tem também a versão 3D do levantamento de caixa do começo do post!
Retomando o pitching: assim como na USP, em um determinado momento do curso você escolhe o stream que quer se especializar (entre Animação, Modelagem e VFX). Aí você apresenta três idéias diferentes de projetos para trabalhar ao longo do tempo restante da escola – entre 6 e 8 meses, dependendo do tanto de pré-produção necessária – e que vai resultar no seu demo reel. As apresentações foram hoje (segunda) e cada um entra individualmente, para conversar com três professores das diferentes matérias.
No auditório, você primeiro passa o vídeo dos Passport Skills e depois passa rapidamente pelas suas três idéias, em versões resumidas de duas páginas pra cada uma. A primeira página é a capa com uma cara geral do projeto, título e breve descrição. A segunda página é um Style Guide, com referências, bases e características do projeto. Minhas três idéias estão logo aqui embaixo. Foram desenvolvidas meio em cima da hora, mas felizmente fui pra apresentação gostando bastante das três. Qualquer uma que eles me sugerissem seguir, eu ia ser feliz. Meu objetivo era conseguir contar uma historinha com meu demoreel e uma das coisas que mais tava me atormentando nessa coisa toda de pitching era acabar com um projeto sem história, porque a GRANDE MAIORIA dos reels não tem história. Os mais propensos são os de animação!
SNIPER’S NEST
HOVERING LIGHTS
unauthorizedAttempt
Minha apresentação era a terceira do dia, e conversei com Miles (VFX), Casey (tudo) e François (Modeling). Logo depois que terminei de falar, a terceira idéia foi instantaneamente eliminada, por ser muito simples, e mais voltada pra motion graphics. Aí ficamos entre a primeira e a segunda. Casey e Miles não disfarçaram que gostavam mais da segunda. Hovering lights, o François levantou a questão que a primeira idéia podia acabar pesando muito na modelagem, que não era meu objetivo. Mais alguns minutos de sugestões e encaminhamentos e fechamos com a segunda idéia. Finalmente vai sair do papel uma brincadeira que surgiu quase um ano e meio atrás, quando vi Dark Skies pela primeira vez.
Agradeço aqui à Carol Rodrigues, que me ajudou a clarear o juízo, semanas atrás, quando trabalhar com alienígenas era a única das minhas idéias. Agora, vamos para o roteiro, pesquisas e location scouting!
Passada a parte mais tensa da VFS, a diversão vai começar de verdade.
Since I’m too bored to work on in connecting the character’s ear to its head, I thought writing this one could be useful.
If rendering for the day scene was hard due to the scene’s errors, the night was even worse. At first, I thought of using the lamps in the street to light the set, but that wasn’t looking interesting enough so I decided to try some light coming from inside the restaurant. For some weird reason, the any light I placed inside the building wouldn’t come through the glass. Final Gather was the only thing pulling through, so I made a huge polyPlane with high Incandescence, producing the light on the floor through refractions.
Then, for compositing reasons, I disabled some of the switches for the visibility of the white plane and rendered out a reflection pass. After that, I deleted all the glass in the scene and rendered a pass with lit windows for the top floors, as well as getting information for the part of the door that was always behind reflections.
As mentioned before, a good blue matte pass was helpful during comp.
The foreground and tree were also double passes. The tree was done the exact same way as the day version, one with a lot of light passing through and a darker one, if I wanted just a silhouette against the sky.
Foreground had a version with a backlight added to the umbrellas, and a lighter look for the black metal material of the fences, chairs and all.
Finally, out of Maya and into Nuke.
The process for the night setup is very similar to the day version, with just a couple tweaks. Most of the difference is right in the beginning, compositing the background set. Let’s get straight to it. As for the sky, I felt it could use some more blurring than the depth pass was giving me at the end of the process, so I added another ZDefocus node, right after the reformat and transform. I chose that instead of a regular blur because it looks more like a lens blur.
Ok, the first thing I needed was the main background plate, but taking out all the white glass, using the matte. As the matte itself wasn’t cleaning the edges as I expected, the erode (dilate) node came into play to extend the matte’s effect for a couple more pixels.
You see those dots and that very first merge node? Ignore them, I just checked, they’re not doing anything and I’m not editing another print screen. After that unnecessary step, the next merge is good, it brings in the door behind the glass.
Then, another merge, this time to add the inside of the restaurant. I went to google images and picked some interior shots of empty restaurants then tested them with lots of blur and distortion to fill the windows without looking too fake. I’m still not a 100% happy with it, but no need to go back now. There’s also a roto node to create some ceiling that was missing from the renders. With all that blur, it was barely noticeable.
After filling the restaurant with empty seats, it was time to add reflections to the glass. As this was a light pass, it would only show up on the areas where the reflection is brighter than the inside of the restaurant. It’s mainly noticeable on the glass panel closest to the camera. Brings some blue into the glass as well, which is nice.
The last merge should probably be on a separate backdrop, but since it was only small details, I didn’t bother. Using roto shapes I was able to turn on the lights of some of the upper floor windows. It would be really weird having them all out, right? Then, for the inside of the apartments, I used the same technique as the inside of the Spaghetti Factory, with way less blur this time. Only a couple apartments were visible from this angle.
Finally, the usual stuff, ambient occlusion, rim pass, and also a glow layer for the lamps in the background. They don’t show up, but the glow adds a little more depth to the composition when the foreground comes in. The same thing goes for the windows. They got a bit of glow around the edges.
Compositing the tree was EXACTLY like the day scene, except now the rim was blue from moonlight, instead of orange.
The foreground followed the same process as well, including the blur for the top left lamp post, still cloned to act as a single node applied to various passes.
Getting to the bottom of this thing, depth pass, the exact same I had before, glow to the foreground lamps, like the Sun, and a little bit o playing with a grade node to increase contrast. The side wall of the building was still looking too bright, so another roto there, with a Multiply merge to control how dark it should look in the end.
ZDefocus kicks in when everything is finally in place, and we get to the end of this chaotic process that doesn’t discard even the weirdest renders.
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