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Day-to-Day

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Lytro Illum.

June 17, 2014

Então, no outro dia que eu falei que passei a madrugada acordado, acabei me batendo com o mais novo anúncio da Lytro. Para quem não sabe – ou não lembra – a Lytro foi a companhia que anunciou um novo tipo de câmera, baseada numa tecnologia chamada de lightfield (explico um pouco melhor no fim do post, pule pra lá se estiver muito curioso), na qual era possível escolher o ponto de foco da foto DEPOIS de tirá-la. Ou seja, você vai lá, bate a foto, e escolhe depois aonde quer que fique o centro de atenção.

Tem uma galeria no site deles, onde dá pra explorar essas capacidades. A maioria das fotos é muito ruim, mas tem umas que dá pra ver bem o efeito. Algum tempo depois de lançarem a câmera, os caras ainda descobriram que tinha tanta informação luminosa contida nos arquivos que era possível simular uma tridimensionalidade dentro das fotos, e mudar – bem pouquinho, mas o suficiente para ser cool – o ponto de vista da foto. Dá pra sentir o espaço, e o tamanho das coisas, e a distância entre elas, melhor do que qualquer foto.

É bem interessante, devo admitir, mas a câmera em si tinha vários problemas. Por exemplo, parecia uma caixa de biscoito, retangular, compridinha, COLORIDA, com um visor minúsculo, e resolução de UM megapixel (as imagens tinham 1080×1080 pixels). Não usava cartão de memória, então sempre que você queria pegar uma foto, tinha que conectar no computador, e não era muito prática mesmo. Além de todas essas estranhezas, as imagens não podiam ser tratadas em programas de edição normais, como Photoshop e seus concorrentes. Só no software proprietário da Lytro, que era uma porcaria.

Com o preço de US$300 Não se sabe ao certo se a câmera foi um sucesso. Só tive uma nas mãos numa única situação, e quase não deu pra explorar as possibilidades. O ano era XXXX. Depois disso, com a popularização dos smartphones, muitos celulares passaram a usar sua capacidade de processamento para produzir resultados similares, mas através de técnicas muito diferentes (por exemplo, tirar várias fotos em sequência, alterando o foco, e depois refocando “na pós” de acordo com a escolha do usuário). E aí a Lytro foi ficando cada vez mais esquecida, até dois meses atrás.

Em 22 de Abril, a empresa deu início à campanha de lançamento de sua nova câmera, a Illum. Essa, por sua vez, já parece com uma câmera, tem uma lente de verdade (uma zoom 30-250mm f/2), tela articulada, botões de câmera, usa cartão de memória e – vejam só! – tem até um anel de foco. De acordo com a Lytro, a Illum é voltada para fotógrafos mais avançados, que querem fazer experiências com novas técnicas.

É CLARO que a câmera mantém sua capacidade de refocar as imagens depois de fotografá-las, mas – suponho – com um sensor maior, a tolerância da profundidade de campo é menor, diferente de sua irmã mais velha. Então você tem o anel de foco e um sistema de overlay no visor, que pinta a imagem com tons de verde e laranja, em tempo real, indicando o que pode ser refocado com definição, e o que vai além da capacidade da máquina. Parece prático. Além disso, as fotos produzidas podem passar por correções de cor e ajustes menores através de programas comuns de edição de imagem. Isso é um avanço considerável, afinal, quase qualquer foto pode ser beneficiada com um pouco de pós-produção.

A Illum, anunciada por US$1499, pode ser uma câmera para qualquer empreitada pessoal, facilitando e dinamizando o processo de fotografar. Pelo menos, é nesse campo que ela me apela. Ainda não me decidi se a proposta é interessante de verdade, ou se só parece interessante, porque eu tava com muito sono na hora que li. Não consegui me decidir mesmo. Mas já que tem um concurso onde dá pra ganhar uma de graça, vou tentar fazer umas fotos por aqui pra concorrer!

Do jeito que fiz propaganda, os caras deviam me dar uma de graça anyway, mas quando eu fizer as fotos pra concorrer, coloco aqui também. Nesse meio tempo, me decido se ela é interessante mesmo ou se é só delírio!

Ah, sim, e uma breve (até demais) explicação sobre lightfield: sobre o sensor existe um grid de lentes, e a informação armazenada em cada pixel corresponde não só àquela exata distância focal, mas também algumas frações de milímetros para frente e para trás – que no mundo real são convertidas em variações de centímetros ou metros, permitindo que a imagem seja refocada! Ok, não ficou muito claro, mas é só pra explicar que não é magia negra. (daqui a um mês entra no ar a coluna da OLD que detalha melhor essa história toda, ou, se você estiver com muita pressa, dá pra ler aqui, e não esperar aparecer no blog).

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UP11 – Fisheye

June 16, 2014

Quando eu era pequeno, morávamos num apartamento em Salvador. Ocasionalmente, recebíamos visitas, e meus pais logo me ensinaram que antes de abrir a porta, era muito importante ver quem estava lá fora. Para isso, instalaram um olho mágico bem baixinho, quase no meio da porta, de forma que eu minha irmã pudéssemos alcançá-lo. Desde sempre eu achei esse aparato muito curioso, porque quando olhava por ali, via todo o hall do elevador, e a pessoa que estava ali fora, dos pés à cabeça. Quando abria a porta, sem mexer a cabeça mal conseguia ver metade da pessoa, quanto mais o hall e os sapatos de quem tava ali, tudo de uma vez! Como então, com aquele vidrinho mixuruca, minha visão era tão ampliada?

Só foi muitos anos depois, quando comecei a me interessar pela fotografia, que essa questão voltou à tona com as famigeradas lentes Olho de Peixe. Pouca gente já usou de fato uma dessas, mas todo mundo, sem exceções, sabe o que elas fazem. Essas lentes imitam o que seria o campo de visão dos olhos de um peixe embaixo d’água, com aproximadamente 180 graus, obtidos através de intensas distorções. O termo foi cunhado por Robert W. Wood, seu inventor, em 1906, e apesar do nome relacionado a água, sua primeira utilização foi para o estudo meteorológico de formações de nuvens.

Existem dois tipos de Olho de Peixe, a primeira produz uma imagem perfeitamente redonda, com bordas pretas. A segunda, é capaz de cobrir todo o sensor/filme. Vamos falar mais do segundo tipo, porque seu uso é mais comum e variado. O ponto em comum entre as duas, além do enorme ângulo de visão, é que ambas atingem esses resultados dobrando as linhas de perspectiva e produzindo imagens não-retilíneas. Essas imagens tem uma enorme carga dramática quando bem executadas, e permitem fotografias incríveis dentro de espaços minúsculos como armários, elevadores ou eletrodomésticos (!), passando a sensação de que o espaço é bem maior do que na realidade.

A Olho de Peixe cai na categoria de super grande-angular e funciona de forma semelhante ao conjunto dos nossos olhos. Quanto mais próximo um objeto se encontra da lente, maior ele parece em relação ao ambiente, exatamente como acontece na nossa visão, sem falar no ângulo, que é tão parecido que, quando um filme (ou jogo) tem como objetivo provocar a imersão em primeira pessoa, colocando o espectador no lugar do personagem, é a Olho de Peixe que é utilizada, e vemos braços, mãos e pernas do personagem como se fossem nossos. É por essa imersão que atualmente as Olho de Peixe têm sido tão empregadas em câmeras de esportes radicais e aventura, como a famosíssima GoPro. Ao assistir um desses vídeos, você sente a adrenalina bombando nas veias porque a lente te transporta para dentro daquilo que está acontecendo na tela.

Utilizar essas lentes também envolve alguns cuidados especiais, principalmente no que diz respeito ao que está em quadro como: pés, tripés e dedos. Estes três são particularmente propensos a aparecerem como convidados indesejados nas fotos. Uma vez que a perspectiva é tão diferente de uma lente normal, acabamos não prestando atenção nesses detalhes até a hora de tratar as imagens. É preciso atenção com a mão que faz foco, porque é bem fácil de algum dedo acabar aparecendo, sem falar nas pernas do tripé que sustentam a câmera, ou as suas próprias pernas. Já fui vítima de todos esses indesejados e, acreditem, é muito chato tentar resolver isso na pós-produção.

Outra coisa bem diferente é a profundidade de campo, que é enorme, e temos foco desde coisas muito próximas da câmera até onde a vista alcança. Isso pode ser um tanto incômodo a princípio, mas depois que nos acostumamos à estética da lente, é uma excelente ferramenta para acrescentar informação e narrativa às imagens.

Uma das mais famosas Olho de Peixe foi fabricada pela Nikon, na década de 1970, para uma expedição à Antártida. A lente pesa mais de cinco quilos e tem vinte e três centímetros de diâmetro. Sua distância focal é de 6mm e tem um ângulo de visão de 220 graus. Dessa forma, era possível fazer uma foto apontando diretamente para cima, e ao mesmo tempo capturar um grande panorama do chão ao redor da câmera até o horizonte em todas as direções. A título de curiosidade: essa lente foi recentemente vendida por mais de 150 mil dólares!


Coluna Ultrapassagem, Publicada originalmente na Revista OLD #25, em Setembro/2013

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Battlefield 4

June 16, 2014

Battlefield 4 NÃO é o quarto volume da franquia First Person Shooter Battlefield, é o décimo. Iniciada em 2002 e mantida pela EA Games e Digital Illusions CE (DICE), as primeiras versões eram apenas multi-player. O jogo saiu em meio à toda febre em torno das lan-houses, no início dos anos 2000, e competia com outros shooters populares como Counter Strike, e, em ambientação, com as séries Medal of Honor e Call of Duty, também baseadas em cenários da segunda guerra mundial. O grande diferencial de Battlefield para seus concorrentes era o tamanho dos mapas, e a enorme variedade de veículos e opções de estratégia. Não era uma correria alucinada como Counter Strike, nem tão perto de tanta violência e sangue voando para todos os lados.

A primeira engine usada no jogo foi a Refractor (Battlefield 1942 e Battlefield 2), que acabou substituída pela engine “da casa”, Frostbite, desenvolvida pela DICE, e que a cada nova versão traz inovações na interação e física do jogo. Essa é uma das partes mais divertidas – e dignas de destaque – em Battlefield 4: TUDO pode ser destruído. Um inimigo está escondido dentro de uma casa, atirando pela janela? E por que não mandar a parede pelos ares? Ou melhor, por que não mandar a casa toda pelos ares? Se na maioria dos jogos existe um limite para o estrago que balas podem fazer, Battlefield se esforça para não seguir esses limites.

Essa “ausência” de limites, combinada com mapas de até 64 jogadores, objetivos variados, muitos veículos e arsenal praticamente infinito fez surgir na internet a gíria dos Battlefield Moments, que são situações possíveis apenas NESSE jogo e que nenhum outro é capaz de proporcionar (“an unbelievable, intense moment of action involving daring feats, wicked stunts and, of course, lots of explosions”). E é comum as pessoas gravarem suas partidas, para fazer edições de seus melhores Battlefield Moments.

Mas, como coloquei nos outros posts, não vou falar de multi-player, porque não é minha praia. Só fiz um pouco de propaganda porque é realmente muito absurdo, e tenho acompanhado o jogo desde a primeira versão, sem nunca me decepcionar. As primeiras versões, jogava nas lan-houses, depois, jogava sozinho contra milhões de bots (que solitário!), e ainda assim me divertia muito.

A partir de 2010, com a versão Bad Company, a série começou a introduzir campanhas single-player, mas não cheguei a jogar essa. O primeiro single-player de Battlefield que joguei foi em BF3, e é avaliado por muitos como uma das piores campanhas de shooters recentes. Gostei bastante, ainda assim, impressionado com a acuidade visual, o clima de cinema, e ação fazendo sentido, em missões ao redor de todo o globo, numa corrida contra terroristas nucleares que tem seu ponto de partida no Iraque, passa por Paris, com agentes russos disfarçados e termina em New York.


Isso é um screenshot, não uma animação!

O jogador entra na pele de Daniel Recker, um soldado da marinha americana, esquadrão Tombstone, a bordo do navio de guerra USS Valkyrie. Saímos então dos clichês de terroristas islâmicos do oriente médio e agora temos uma China super militarizada, comandada pelo Almirante Chang, que pretende afundar toda a tropa americana ao seu alcance, provocando assim uma nova guerra mundial. A chave para impedir essa crise é Jin-Jié, um homem resgatado logo no começo da história, mas que não sabemos ainda ao certo o seu papel. Diferente de seus predecessores, em Battlefield 4 não temos combates de grande escala. Temos combates menores, cujo objetivo é evitar o começo da provável guerra. Você não vai encontrar hordas infinitas de inimigos em nenhuma missão, mas passa por alguns lugares mais bem protegidos do que outros. Os cenários são Baku, no Ajerbaizão, Xangai, uma prisão secreta nas montanhas do Himalaia, Singapura, uma fuga cruzando o pequeno vilarejo de Tashgar e mais duas a bordo de barcos – uma no USS Titan e outra pela sobrevivência do USS Valkyrie.

Battlefield 4 ainda não tem uma campanha incrível, são apenas 7 missões, onde cada uma dura aproximadamente 30-40 minutos, jogando no Hard e apanhando dos controles do PS4. Ou seja, é uma coisa curtinha, e meio desencontrada, as missões não são muito amarradas, e os personagens secundários são realmente rasos. Os personagens que participam ativamente das missões (Hannah, Irish, PAC, Dunn e Recker – o jogador) são mais profundos e você consegue se identificar com eles em vários momentos, trazendo uma característica de relacionamento, questões de confiança e contato humano em meio a toda camada base de tiroteios e ação, e muitas vezes com discussões acaloradas em meio aos combates – geralmente os personagens de shooters são retratados como máquinas de matar, que não pensam muito sobre o contexto geral da história, ou sobre as coisas que fazem. Então, é um grande ponto positivo.

Acabei de ver também que os personagens têm A MESMA cara dos atores (o que é algo bem comum em animações para cinema, mas bem menos frequente na indústria de jogos. Vejo com bons olhos, uma vez que não cria “personagens ideais”, impossíveis de existirem no mundo real.

Bom, voltemos ao que interessa: uma das missões conta com a participação de um personagem da campanha de Battlefield 3, Dima Mayakovsky, em uma intrincada fuga da prisão. Dima, assim como Garrison, Kovic, Jin-Jié e o Almirante Chang compõem o time de personagens secundários, e são clichês ambulantes. Chang é um supervilão, que só aparece em uma cena curta, mas todas as tropas chinesas obedecem ao seu comando. Jin-Jié é uma versão de Ghandi chinês, Garrison é o comandante do USS Valkyrie, e representa a lógica militar, sem emoção. Todos bem fuleiros, e felizmente nenhum fica muito tempo presente.

Como tinha falado de Killzone, que faltavam momentos mais emocionantes, Battlefield tem de sobra. O jogador participa de perseguições terra-ar, tem explosões em câmera lenta, barcos partindo no meio, explodir uma represa, cruzar uma cidade inimiga abrindo o caminho na base da bala, aviões explodindo e turbinas voando em direção à câmera, tudo com um nível de realismo e imersão que te fazem rir e curtir cada situação de forma mais intensa do que num filme, afinal, você não tá acompanhando alguém se meter naquelas enrascadas, você tá participando ativamente em tudo que acontece, e se a missão dá certo ou não, isso tem relação direta com escolhas que você fez – mas isso já é tema pra outro post.

Agora, chegamos à parte que mais colabora para minha imersão em Battlefield: o visual. O nível gráfico é fantástico, e o jogo conta com várias escolhas estéticas muito bem sucedidas, especialmente no que diz respeito a luz e câmera. Temos muito contraste, backlights lindíssimos, flares anamórficos e partículas desfocadas para dar e vender – nesse ponto, do alto da minha nerdice, percebi a maior diferença entre a versão para PC e para PS4: o bokeh produzido pela “lente” que vê o jogo. No PC, tudo é desfocado como se fosse uma lente catadióptrica, em círculos ocos, enquanto o PS4, por questões de processamento, não é capaz dessa opção, além de apresentar menos profundidade de campo, para lidar melhor com margens duras e esconder um pouco das – poucas – imperfeições gráficas do jogo.

A inteligência artificial dos adversários é bem eficiente no Hard, e eles usam cobertura, suppressing fire para dificultar seu avanço, se escondem para recarregar, tem boa pontaria, apelam para granadas e mísseis, e em muitos momentos você vai se esconder atrás de uma pedra, preparado para sair correndo para outra, enquanto recupera um pouco de vida, e foge de tiros inimigos. Battlefield 4 não é aquele jogo que você vai avançando a todo custo, e os inimigos vão caindo a seus pés. É preciso ter um pouco de estratégia antes de cada investida, mesmo que seja “inventando enquanto corre”, e ficar sempre de olho em cobertura, porque qualquer mureta pode salvar sua vida, e também pode ser mandada pro espaço pelas balas adversárias. Não há lugar 100% seguro num tiroteio de BF4.

Nota: 9.5/10

Tô elaborando (mais) um post mais detalhado sobre jogos e filmes, mas enquanto isso, não tem como negar que essa primeira missão é MUITO cinematográfica. Não só em termos visuais e sonoros, que são absurdos, mas em termos de eventos, viradas e surpresas, como tá difícil achar em um único filme de ação. E olha que dura menos de vinte minutos! A coisa é rápida: apresenta os personagens, apresenta a situação, tem clima, tem adrenalina, escolhas difíceis, boa trilha musical, e uma dose de interatividade pra mandar tudo goela abaixo. O desenvolvimento do arco longo pode até ter seus problemas, mas esse começo é imbatível.

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Hungry Man

June 15, 2014

Então comecei a explorar o mercado de comida congelada canadense, afinal, minhas skills culinárias são baixas demais até pra fritar ovo. Enfim, com indicações da Carol, arrisquei essa tal de Hungry Man. Comi um rolê de frango ontem, e tava até bem bom (nada comparado com as coisas da May, though). Hoje, era uma carne, frango e molho barbecue. O cheiro e o gosto são até bons no começo, mas já to começando a ficar com raiva desse treco, porque tá na casa inteira, e eu já abri todas as janelas pra ver se sai.

Acho que vou voltar pra de frango, da foto abaixo. Um negócio desse custa $5.50, que tal?

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Overworking.

June 15, 2014

Deixei uma garrafinha de água na geladeira ontem de noite e hoje de manhã mais da metade da água tava congelada. Acho que essa geladeira tá se esforçando pra mostrar serviço.

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Be Prepared.

June 15, 2014

Relendo esse post, achei que ele tá um pouquinho arrogante, acho que não sei falar de mim mesmo. Enfim, se o tom estiver assim, não era esse o objetivo, e o aviso tá aqui no começo!

Hoodwinked! é uma animação bem pobrinha, de 2005 (que teve uma continuação em 2011, acabei de descobrir), um dos primeiros filmes a subverter contos de fadas no cinema – tendência cada vez mais forte nos tempos recentes – mas não muito marcante nem relevante. Tem seus pontos altos, e entre eles, a coisa mais divertida do filme, o bode Japeth, interpretado por um desconhecido, Benjy Gaither, que por conta de uma maldição, só pode falar cantando.

O videozinho tem a cena do filme, mas tá com a imagem espremida. Não consegui achar nenhum normal, e como pirataria é crime por aqui, resolvi não baixar e refazer o upload correto na minha conta. Sei lá, não quero ser deportado!

Mas, e o que diabos esse vídeo, filme, personagem e música tem a ver com esse post? Qual a relevância disso?

Bom, pra começar, ela se alinha muito com muitas coisas que penso, especialmente vivendo 18+ anos junto com meus pais. Uma breve explicação em duas partes. Primeira parte: meu pai vai ao shopping procurar uma armção para um óculos novo. Antes disso, ele já pesquisou preços e marcas na internet, e já definiu mais ou menos o que ele tá procurando, por quanto e pra quando. Visita TODAS as óticas do shopping, algumas mais de uma vez, em mais de um dia. Pergunta preços de tudo, todas as informações possíveis e imagináveis. Depois de tudo isso, não compra nenhuma. Passa alguns dias pensando, e avaliando com base em todos os dados coletados, compara com o que achou na internet, depois volta para a loja escolhida. Se ela já atendeu todos os pré-requisitos, ótimo. Senão, ele ainda vai negociar. E se não for do jeito que ele tá procurando, ele não compra, mas só porque ele tem o embasamento de saber o que procura, e que não é uma emergência.

Segunda parte: sempre que algo incerto está para acontecere, minha mãe costuma dizer “torça para acontecer o melhor, mas esteja preparado para o pior”. E isso foi algo que ela martelou muito pra mim. “Meu filho, na sua cabeça você vive num mundo perfeito, onde tudo vai dar certo como você tá pensando!”. E a gente discutia às vezes, ou eu ignorava o que ela tava falando, e eventualmente ela acertava. Eu tava preparado pra dar tudo certo, e chovia merda em todos os planos. Fazer audiovisual e trabalhar em muitos sets me fez valorizar cada vez mais essa linha de raciocínio de minha mãe. Ela envolve alguns preparativos que podem acabar não sendo usados (principalmente no sentido de carregar peso a mais), e um tanto de auto-conhecimento (como “quanto tempo eu consigo ficar sem beber água e continuar bem humorado” e coisas do tipo), mas no fim das contas, o esforço, comparado com os resultados, definitivamente vale a pena.

Morando sozinho, e beeeem distante de quem eu sei que pode me ajudar em QUALQUER emergência, é fundamental eu estar preparado. Planejando para um cenário onde a chegada no Canadá fosse a pior possível, sem ter onde ficar, sem ter como sacar dinheiro, num frio desgraçado, sem sinal de celular, sem pessoas conhecidas – o que, felizmente, não aconteceu -, fiz uma mala de mudança que pra muitos seria uma mala de fim de semana (60 x 25 x 45 cm, com menos de 15kg). Soquei lá dentro todas as segundas-peles que tinha em casa, que são fininhas, confortáveis e esquentam razoavelmente, meias e cuecas pra pelo menos duas semanas sem acesso a máquina de lavar, uma toalhinha de super-absorção (sério, isso é uma das coisas mais incríveis que já vi, em termos de portabilidade e praticidade), e algumas (três) opções de roupa para calor. Na parte de me conhecer, já sei que prefiro suar até desidratar do que passar frio, então, se tivesse calor e as roupas frescas acabassem, eu ia começar a usar as de segunda pele mesmo! E preferi socar tudo numa mala só do que duas para ter sempre uma mão livre. Em NY, ano passado, já foi difícil sobreviver no metrô com uma mala grande. Imagina se fossem duas…

Na bagagem de mão, todo o – mais reduzido possível – equipamento de câmera, dinheiros, passaportes e documentos variados, uma muda de roupa – pro caso de a mala extraviar -, o endereço da casa do Wyll (assim como anotações de caminhos para chegar lá), um mapinha da cidade e endereços e telefones de albergues e hotéis menos caros. Para o possível tédio da viagem, ou longos períodos de espera, gastei um pouco mais e comprei um Kindle (e-reader da Amazon), cuja bateria dura infinitamente, ao invés de carregar livros físicos, que são muito pesados e volumosos. Vim vestido no meu ÚNICO casaco, que é à prova d’água e esquenta como um forno, mas ocuparia muito espaço na mala, e não cabia na mochila. No vôo, usei como cobertor, e depois aguentei o calor um pouquinho. Pro sapato, costumo ter UM único tênis pra tudo, e o que eu tava usando em São Paulo já tava precisando trocar.

Comecei então uma caça a um sapato à prova d’água, seguindo a lógica de meu pai. Primeiro internet, pra encontrar marcas, ler reviews de pessoas, e fugir de coisas que só são pop, mas não funcionam de verdade. Na mesma lógica de estar preparado, queria um sapato à prova d’água, quente, confortável, que pudesse usar em longas caminhadas, se fosse preciso. Essa busca durou quase uma semana, e não achei o dito cujo em nenhuma loja de sapatos convencional, e sim numa loja de artigos para trilhas, aventuras no mato e tudo mais. Bom, se a parada aguenta a selva, uma cidade deve ser moleza, certo? Agora já dá pra afundar o pé quase todo na água e continuar sequinho por dentro (eu testei)! É uma bota/tênis Salomon que, felizmente, tava em promoção e saiu pela metade do preço, mas ainda assim foi carinho. Pelo lado positivo, ontem andei 10km com ela (literalmente), e não tava com o pé destruído ao chegar em casa.

Felizmente a viagem foi tranquila, e chegando aqui o Wyll tava esperando no aeroporto – ele fez uma cara de choque quando viu que aquela malinha era TODA a minha bagagem.

Nos primeiros dias, enquanto ainda não sabia – ao amanhecer – se ia fazer frio ou calor, saía com duas calças e duas camisas. Passei um bocado de calor, mas nunca frio (e isso é o que importa, porque passar calor não te faz pegar uma gripe)!

Uma das primeiras coisas que comprei por aqui foi uma mochila, um bocado mais discreta que a da Canon, para poder carregar o notebook, câmera, água e comida se necessário. Sempre saio com ela abastecida para pelo menos um dia inteiro fora de casa, duas garrafinhas de água e coisinhas comestíveis. É muito mais barato (e saudável!) carregar umas frutinhas e barras de cereais na saída de casa do que ficar comprando comidas loucas pela rua, não é mesmo? Os eletrônicos geralmente ficam em casa porque as aulas não começaram e não tô turistando muito. Tô mais explorando a cidade pra aprender as manhas da vida por aqui, afinal, tenho pelo menos mais um ano pela frente, e considero mais importante saber qual mercado é mais barato do que as obras em exposição na galeria de arte de Vancouver! Falando em mercado, uma das vantagens de carregar a mochila quase sempre vazia, é que dá pra entupí-la com as compras e continuar explorando a cidade sem um monte de sacolas e sem precisar voltar pra casa imediatamente.

Anyway, eu não sei porque queria escrever esse post, mas tá aí, e é isso aí. Dei uma reduzida no ritmo de escrita nesses dias, tava pesquisando coisas do apê definitivo – e logo mais temos novidades sobre esse assunto, em um post mais aventuresco e cheio de trapalhadas – espero que não muitas, na verdade!

Pra você que chegou ao fim do post e não achou nada legal, fica essa tipografia muitíssimo velha, mas muitíssimo divertida – tanto pelo clipe em si quanto pela música.

PS – CÉUS, A CADEIRA QUE EU TÔ USANDO AQUI É MUITO DURA! E tem uns parafusos que ficam apertando o pé quando tento cruzar as pernas! Preciso de algo mais confortável na minha casa!

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Acordando Cedo.

June 11, 2014

Cometi o erro de tirar um cochilo às 20h. Acordei agora, 1h da manhã, absolutamente sem sono. Vou ver se escrevo um pouco, e depois tento voltar a dormir, porque deitar de novo agora tá impossível!