Aproveitando o tempinho livre que tô achando por aqui, dei uma turbinada na página inicial do TFerradans.com, que era a mesma desde 2008, inclusive com um link de portfolio que nunca usei direito, e me trouxe mais problemas do que vantagens. Agora tem até uma propagandinha do Zona S.SP, rabiscos feitos à mão, e uma cara mais simples. Além de, claro, muitas formas de contato – antes era muito difícil me achar a partir desse blog (seja email, facebook, vimeo, etc…) e isso agora tá diferente. Vão lá e vejam!
Mais cedo eu fui na garagem, ver se encontrava móveis descartados, pra mobiliar o apartamento, e achei dinheiro no lixo!
Ok, era só uma moedinha de um centavo, mas é dinheiro, não?
Retomando de onde parei, no cinema!
Fomos assistir X-Men – Days of Future Past. Nada muito extraordinário. Tem umas cenas muito legais e a história toda dá um nó, como qualquer trama de viagem no tempo costuma fazer. A parte curiosa é que o cinema estava relativamente vazio, e o número de funcionários é bem reduzido. Tinham duas meninas na bilheteria, um camarada pegando ingressos para todas as salas e mais duas pessoas na bomboniere. Estávamos um pouco adiantados, e ficamos na dúvida se a sessão anterior já tinha acabado. Fomos espiar, e descobrimos que o intervalo entre as sessões é bem maior que no Brasil, e nesse meio tempo, ficam passando várias propagandas relativas a lançamentos de hollywood e do próprio cinema canadense, com trailers, curiosidades, trivia, e outras bobagenzinhas. Achei simpático.
Ah, e também não tem aquelas pessoas que entram na sala quando o filme termina, pra ficar catando o lixo dos outros. Tem uma lixeira no hall, e tinha bem pouca gente comendo pipoca ou bebendo refrigerante dentro da sala – as cadeiras nem tinham aquele suporte para bebidas. Na verdade, as cadeiras eram bem fuleiras, um tanto desconfortáveis, e rangiam toda vez que a gente arrumava a postura, uma coisa louca.
Depois do filme, já tava sabendo os horários do Sea Bus, barco que faz a transferência entre Vancouver e North Van, e precisava correr. Nos separamos, o Paul já tinha me explicado o funcionamento do transporte, e me piquei correndo. Cheguei EXATAMENTE na hora, e fui a última pessoa a entrar, com a porta fechando dez segundos atrás de mim. Tinha até um funcionário no corredor, gesticulando e dizendo “hurry up, it’s waiting just for you!”. Era o da meia noite. Se perdesse aquele, o próximo só saía dali a meia hora. Comemorei o fato de chegar a tempo, e já tava animado pra chegar logo em casa, quando a voz nas caixas de som avisou que o Sky Train estava fechado, devido a um vazamento de esgoto. Merda, agora ia ter que andar 14 quadras de madrugada, com a mochila – e a câmera – nas costas, até chegar em casa!
Foi nessa caminhada que eu concluí que a cidade é bem mais segura do que esperava. Tem pouca gente na rua, mas é tudo bem iluminado, e você consegue ver facilmente quem se aproxima. As pessoas na rua também não estão à toa, estão claramente indo de um lugar para outro. Não tem muitos adolescentes pela rua nesse horário também, o que é o extremo oposto de São Paulo. Cheguei em casa mais de uma hora da manhã, e capotei. Foi a primeira vez, desde que cheguei, que vi a cidade à noite. Nos outros dias todos, tinha ido dormir quando ainda era claro, e levantado depois do Sol! Não é uma Nova York, com mil letreiros luminosos, e coisas abertas, piscando, e trânsito incessante (como São Paulo), mas tem seu charme, cara de cidade pequena.
No Domingo o Wyll fez um jantar por aqui, e nós quatro ficamos horas e horas conversando e comendo cozido, aproveitando a culinária brasileira. Acho que foi o dia menos movimentado de todos. O Paul acabou dormindo por aqui também, porque era muito tarde pra ele conseguir voltar pra casa.
Segunda – ontem – fomos olhar preços de bicicleta, comprar comidas e coisas baratas – e volumosas – no Costco, e mais pro fim do dia, acompanhei o Paul novamente até North Van, para vermos Malévola. Pegamos o Sea Bus no último minuto de novo, correndo feito condenados. Aí a gente chegou – de novo – no cinema, e se eu tinha achado vazio antes, ontem tava abandonado. Não tinha ninguém na bilheteria, então compramos os ingressos nas maquininhas ao lado. Aí não tinha ninguém pra pegar o ingresso, e a gente entrou direto. Nem ninguém fiscalizando quem ia pra que sala. Fomos pra nossa. O filme era em 3D e não tinha ninguém distribuindo óculos. Achamos onde os óculos estavam, e pegamos os nossos. Só tinha gente (duas pessoas!) mesmo na bomboniére. Na saída, ninguém pra recolher óculos. Se quiséssemos levá-los embora, não teríamos nenhum obstáculo. Na verdade, se a gente quisesse ter entrado sem pagar, e saído roubando os óculos, a gente ia conseguir sem problemas. Essa experiência foi muito mais surreal que o filme em si – uma groselha sem fim, onde se salva apenas Angelina Jolie, que é sensacional em tudo que faz.
A campanha, os trailers e os cartazes vendiam um filme sobre uma vilã, maldades, coisas cruéis, etc. E nada disso acontece. Todo mundo é muito pateta no filme, as fadas são imbecis completas, o roteiro é fraquíssimo, a direção de arte parece Sessão da Tarde, com pessoas vestindo roupas medievais toscas, e com a cara toda limpinha, cabelos arrumados, um rei caricato (na verdade todos os personagens são caricatos), e por aí vai. Dei graças aos céus que não escolhi ESSE filme pra ver num cinema com Dolby Atmos, a quase uma hora de trem!
Quando o filme acabou, eram quase 23h, e tinha que correr pra pegar o Sea Bus de novo. Tava ficando acostumado já. Aí a maquininha que vendia o ticket emperrou com meu cartão, e me atrasou uns quize segundos. Dez dos quais eram fundamentais para que eu pegasse o barco. Quando cheguei, a porta fechou na minha cara, e tive que esperar meia hora para pegar o próximo. Quanta ironia… Quando fui a esmo, sem esperanças, o barco tava lá, quando fui seguro que ia ser tranquilo, perdi por dez segundos.
Anyway, dessa vez o Sky Train tava funcionando e tive que caminhar apenas oito quadras. Resultado, cheguei em casa quase uma hora da manhã, de novo!
E assim chegamos ao tempo presente, com um post totalmente sem fotos! Ê! Que sem graça. Só pra não ficar assim, vou colocar meu novo papel de parede, que junta duas coisas fofas: May e Kiko.
De um lado montanhas, do outro, mar.
No Sábado, o Wyll convidou a gente pra ir com ele e uma amiga conhecer uma gôndola muito louca (essa que intitula o post), que sai de um braço de mar e vai até um pico de uma montanha que continuei sem descobrir o nome. Pegamos um carro, estrada, 60km, beirando o mar quase o tempo todo, uma coisa linda. Passamos pela Lions Gate Bridge, que leva a North Vancouver e seguimos para oeste. Chegamos por lá e pegamos uma filinha para subir. O trajeto, de inclinação acentuada, levava mais de dez minutos. A vista era impressionante, mas não tinha espaço pra fazer uma foto decente de dentro da gôndola, só com o celular mesmo. No caminho para cima, vimos alguns corajosos, subindo a montanha a pé. Na hora, achei uma idéia razoável, quando chegamos lá em cima, e prestando atenção no caminho de volta, achei uma idéia absolutamente insana.
Baixinho, aqui ainda era o começo do caminho!
Lá em cima, a vista era ainda mais impressionante, com alguns picos congelados próximos, e um navio encalhado/abandonado na baía lá embaixo. Tinham umas trilhas, como um pequeno parque em meio às árvores lá do alto. Não tinha tanta gente assim, o clima tava bem agradável – um Solzão incrível e brisa fria – tanto que perambulamos por lá quase uma hora só conversando e tirando fotos. Achei curioso que, apesar da vegetação abundante e variada, não vimos nada de fauna, exceto alguns insetos, e UM único pássaro, enquanto esperávamos na fila de descida. Como o negócio tava devagar, depois de 40 minutos, alguém (de nós, claro) começou a cantarolar uma música dos Mamonas Assassinas, e logo estávamos os quatro entretendo – indiretamente – toda a fila de canadenses, ao som de várias músicas brasileiras, com uma afinação digna dos corvos que habitam Vancouver. Tem um vídeo dessa brincadeira, mas eu não consigo achar pra colocar aqui – e acho que não colocaria nem se achasse!
Depois da descida, e viagem de volta, desci com o Paul próximo à Lions Gate, porque íamos ao cinema em North Vancouver, e visitar o Walmart gigante perto da casa dele. Descemos, ficamos desorientados sobre que lado seguir. Depois de alguns minutos atravessando todas as faixas de pedestre existentes num mesmo cruzamento, concluímos que a direção certa era a que tínhamos ido primeiro, e seguimos, rumo leste, até chegarmos na ponte de fato, e não avistarmos uma forma de atravessar a pista. Ficamos ali com cara de perdidos uns trinta segundos, até que passaram aquelas ciclistas – das quais já falei antes – que só viram nossa preocupação e explicaram o melhor caminho. Isso é muito genial aqui, as pessoas gostam de ajudar os outros!
Dali a pouco, passamos numa outra ponte, sobre um rio, e pudemos ver toda a poluição produzida pela cidade. Até tirei uma foto pra provar.
Olha o carrinho de compras ali no meio!
Muitas horas (sim!) depois, chegamos ao Walmart, dentro de um shopping, onde a idéia original era de pegar uns lanches. Mas era Sábado, e já tava tudo fechado. Só não o Walmart. Ok, sem problemas!
Entramos e caçamos umas coisas pra lanchar. Compramos dois litros de suco de laranja, um pacote de pão de forma, uma bandeja de queijo e mais uma de peito de peru, uns docinhos e dois copos plásticos (que custavam menos de $1). Além disso, o Paul comprou mais uma pá de coisas pra continuar vivo na casa onde tá morando. Saímos, sentamos em banquinhos próximos e começamos a comilança. Quase matamos o pacote de pão, mas não sobrou queijo e peito de peru pra rechear todos os pães… Entupidos de comida, e carregados de sacolas, continuamos na direção do cinema, que também era a direção do homestay do Paul.
Aí a gente andou mais umas horinhas. Resumindo a história, a gente saiu do carro, pra começar a caminhar umas 18h, e chegamos NA HORA, pra pegar a sessão de 21h40 do cinema. Isso tudo levando em consideração que a gente já tinha andado de manhã, e andado um monte no dia anterior!
Sobre o filme, e a experiência de ir ao cinema, vou escrever outro post logo mais, enquanto isso, fiquem aí vendo essas fotos das montanhas que estão lá em cima!
O terceiro dia começou às 4h40 da manhã. Foi o resultado de ter ido dormir tão cedo.
Fiquei caçando atividades pela manhã, e quando deu 7h45, saí, achando que as coisas aqui iam funcionar do mesmo jeito que no Brasil. Já tinha uma quantidade considerável de gente na rua, e tava um frio do cacete. Para adiantar: qual a graça de viajar para outro lugar, se você não quebrar a cara de vez em quando?
Rodando por downtown, decidi ir na Future Shop de novo, procurar um adaptador wireless para a mesinha Wacom, e um cabo HDMI gigante para conectar o notebook na TV sem muito esforço. Cheguei lá, com as mãos congelando, e entrei no prédio. Aí tinha um zelador muito mal humorado com um balde e um rodo, passando lá dentro. Assim que eu abri a porta, o sujeito me olhou com uma cara de “o que diabos você tá fazendo aqui, moleque?”. Achei então que o lugar tava meio deserto, e silencioso, e escuro, e… basicamente fechado. Fingi que tinha entrado por engano e saí discretamente. Tinha combinado de ir com o Paul até a Best Buy, comprar o notebook dele. A mais próxima no mapa era na West Georgia St. Tô andando com um mapinha no bolso, e sempre que preciso achar um lugar, jogo no celular, e marco no papel. É bom que ajuda a decorar onde cada coisa fica, e aprender que rua cruza com que avenida, em que altura. Enfim, caminhei até lá (ou seja, subi várias quadras até chegar), e só então vi que era uma Best Buy mobile, só de celulares e acessórios. Cacete! E tava fechada TAMBÉM! Será que nada abre nessa cidade?
Joguei de novo no mapa e achei uma na Cambie St, número 2220. LONGE. PRA. PORRA! Uns 4km de onde eu tava, na direção contrária à que eu tava caminhando. Beleza, pelo lado bom, quando eu chegar lá, o Paul vai estar chegando também, pensei. E comecei a andar de novo. E aí eu andei, e atravessei uma parte da Cambie que era um viaduto. Como não sou acostumado a atravessar pontes por cima do mar a pé, achei que já tinha chegado. Aí desci, em meio a inúmeras bicicletas, achando que ia ser atropelado. Lá embaixo, olhei ao redor, olhei no mapa. Mapa burro, tá dizendo que eu nem atravessei a ponte ainda. Atualiza, inferno! Aí eu girei, e o mapa girou. Andei, e o mapa andou. Foi só então que notei que ali tava muito escuro. Olhando pra cima… tchan! A ponte! Putz, tenho que subir de novo, fugindo das bikes alucinadas!
Subi, e aí andei. Mais. Muito. Todos os mil quilômetros, até chegar na Best Buy. De novo, tudo escuro, vazio… Fechado. 9h da manhã, e uma loja dessas fechada? Foi só então que notei a tabelinha com os horários de funcionamento (e depois passei a reparar que TUDO aqui tem os horários de funcionamento especificados na frente). Enfim, a loja só abria dali a uma hora. O que fazer? Confirmei o endereço com o Paul, e fui explorar as redondezas. Entrei num supermercado gigante e fiquei o máximo de tempo que consegui, perambulando por entre as gôndolas, vendo coisas e preços, e impressionado com a variedade de marcas e produtos. Coisas que nunca sonhei que existiam, e coisas que sonhei, mas sempre julguei impossíveis, como MELANCIAS SEM CAROÇO!
Eu até precisava comprar umas coisas pra casa, mas não tinha condições de andar com um monte de sacolas o dia todo, sem falar que as caminhadas estavam só começando! Consegui ficar meia hora no mercado, e quase chorei com as prateleiras de Lindt, e self service de docinhos. Aí saí caminhando mais, explorando a Broadway. Achei uma entrada do Sky Train – que é uma coisa minúscula, se comparado ao metrô de São Paulo – cada trem tem dois ou três vagões, e passam a cada 5-10 minutos (cronometrados). Continuei perambulando, até dar a hora de a loja abrir. Demorou.
Nesse meio tempo, entrei numa loja genérica de produtos, tipo a Le Biscuit, e fiquei olhando o que se vendia por lá. Tomei um susto ao ver que eles vendem armas com muita facilidade! Aí depois uma mulher asiática começou a me encher a paciência querendo que eu fizesse um cartão de crédito da loja. Ela estava muuuito empenhada em me convencer. Primeiro eu não tava nem entendendo do que ela tava falando. Aí, depois que entendi, inventei que tava sem documento. Não deu certo: a mulher queria me cadastrar a qualquer custo! Pediu celular, eu disse que não tinha, disse que até com celular do Brasil eu podia fazer. Aí era demais. Disse um basta pra moçoila e parti! Na saída, passei por mais uma oferecedora de cartões, e quando ela me abordou, falei que estava em Vancouver há menos de uma semana. Ela me deu boas vindas, e disse para aproveitar a estada, e não insistiu. Ufa!
Enfim a Best Buy estava aberta! Entrei, fiquei passeando por lá, achei meu computador, $150 mais caro do que eu já tinha pago, fiquei um tempo babando na frente do Playstation 4, vi os jogos disponíveis, e decidi que tinha que arrumar uma mochila, porque a da Canon é muito grande, e chamativa, pra atividades do dia-a-dia, principalmente porque não vou andar SEMPRE com a câmera. Essa desgraçada tá muito pesada. Achei uma interessante e fui procurar o tal cabo HDMI que tinha dado partida pra essa aventura. Só achei cabos curtos, com menos de 2m, a preços astronômicos. Fui pro caixa só com a mochila mesmo. Ia ser bom para trocar o dinheiro! Depois disso, o Paul falou que ainda tava a mais de uma hora de distância. Ai, cacete, preciso achar mais passatempos!
Voltei pro mercado, comprei umas coisas de comer andando – barras de cereais e bolachinhas salgadas -, duas garrafas d’água e um saco de pão (pra deixar em casa quando voltasse). Ainda tinha muito tempo, então joguei no google “HDMI cable 15ft vancouver”. Me aparece uma loja, na puta que pariu, a 3km de distância, na Main St., ainda mais pra baixo do que onde eu tava, vendendo o cabo por $10. Aí era dificil de resistir. Na minha conta, vai ser o tempo exato de ir e voltar, pra encontrar com o Paul.
Pego um caminho fora das vias principais, pelo meio das ruazinhas numeradas, e é aí que realmente dá vontade de morar pra sempre nessa cidade. Tem umas ruas totalmente arborizadas, cheias de canteiros com graminha, jardins bonitos, casinhas sem cerca, tudo de madeira, tudo bem cuidado, uma coisa meiga como nunca vi. Pra completar, enquanto eu tô andando, ainda me passa um esquilo correndo e olhando para os lados. Aí eu morri. Sério, google maps lá!
Depois de muito tempo de caminhada, cheguei na loja. Era um buraco na parede, quase. Mas tinha o cabo, pelo preço anunciado, e o atendimento foi ótimo! Saí de lá, já no pique pra voltar tudo. Escolhi outra ruazinha, pra investigar se eu tinha pego a única rua bonita dentre todas, mas a conclusão é que elas são mais ou menos parecidas, e todas incrivelmente agradáveis. Tava fazendo um Sol de rachar, mas as árvores cobriam quase tudo, uma belezura.
Finalmente encontrei o Paul na Best Buy, chegamos quase na mesma hora. Aí ele ficou no drama de escolhas de computador, e acabou saindo com um HP. Economizou, apostando que a escola ia ter máquinas que acelerassem o trabalho. Uma boa lógica de pensamento. Como nós dóis já tínhamos andado que nem condenados, e já era mais de uma hora da tarde, entramos no Wendy’s para almoçar. Pensa numa comida gordurosa, mas saborosa? Tenho que ficar longe dessas coisas, senão vicia!
Depois do almoço, decidimos que a preguiça era maior que o medo, e resolvemos pegar o Sky Train de volta para downtown. Isso se deu graças ao peso nas costas, pernas mortas e calor dos infernos que tava fazendo. Para nossa sorte, não tinha nenhum mistério no processo, e a viagem foi MUITO mais rápida e confortável do que a pé. Essa loucura toda de andanças só reforçou uma idéia das primeiras que tinha, antes até de chegar aqui de fato: uma bike é fundamental. E tem muitos ciclistas por aqui. Ciclofaixas também. A única lei é usar capacete!
Depois disso, o Paul seguiu para o SeabBus, para chegar em casa, em North Vancouver, e eu desci na Waterfront Station e voltei caminhando pra casa. Passei de novo na Future Shop à procura do maldito adaptador wireless que ainda não tinha achado, e continuei sem resultados. No processo, lancei no google, que nem o cabo HDMI, e achei numa tal de Memory Express, longe DEMAIS. Chega deu preguiça de ir, mesmo de sky train. Já em casa, no computador, investiguei melhor, e o site dizia “Limited Quantities”. O que isso significa? Se eu for lá e não tiver, vou ficar puto. Se pedir pela internet, tem o tempo de entrega… O que fazer? Aí resolvi ligar para a loja. Falei com um Matthew, que disse que tinha UMA unidade, e que ele podia deixar reservado para mim, se eu fosse lá buscar.
Eram 19h, a loja fechava às 21h, e o transporte até lá, de Sky Train, levava mais 40 minutos. Pensei, “Ah, já andei horrores hoje, por que não andar um pouco mais?”. Saí de casa correndo e aproveitei para passar no banco e depositar o dinheiro que tava carregando. É mais jogo andar só com o cartão do que com trocentas notas na carteira. Acho que o Sky Train tava meio lotado, mas é muito folgado quando comparado com o “lotado” de São Paulo!
O trajeto correu sem incidentes, exceto uma curiosa observação que mais de 80% da população do trem era de origem asiática. Era impressionante. Depois, saí da estação, caminhei mais um pouco até a loja, beirando uma avenida beeem larga, e peguei o bendito adaptador. Eram perto de 20h. Ah, um comentário rápido sobre variação de preços! No Brasil, você vai em mil lojas, e cada uma tem um preço diferente, aí você vai na internet, e tem uma que vende tudo ridiculamente mais barato, e pronto, tá resolvida a questão. Aqui, além de tudo ter uma taxa de 12% em cima, sobre o valor da prateleira, a variação de preço é mínima. Por exemplo, esse adaptador custava $49,90 em TODOS os lugares que olhei. Sejam lojas, seja na internet. Nesse caso, é sempre mais vantagem comprar direto na loja, porque além de economizar no tempo de entrega, não há economia comprando online!
Quando cheguei de volta em casa, já eram quase 21h, instalei o breguetinho que tinha ido comprar, tudo funcionou lindamente, e agora tenho um fio a menos na minha vida. Fui deitar pra tentar assistir um filme: às 21h10 eu já tava dormindo, e não acordei tão cedo no dia seguinte. Céus, como minhas pernas estavam acabadas…
Mapinha, mostrando as rotas de ontem.
Ia colocar mais um dia nesse post, mas já tá grande demais, e eu preciso sair, então, mais tarde tem mais!
Era pra ter começado a escrever por aqui no primeiro dia, mas tinha muita coisa pra fazer e acabou não rolando! Então, comecemos atrasados para colocar o assunto em dia!
Dia 27, parti de São Paulo. Diferente de quanto me mudei para Salvador, e tive 40kg de excesso de bagagem, na mudança do Atlântico para o Pacífico, meu peso TOTAL de bagagem deu 17kg, num mala pequena, e uma mochila de câmera com algumas preciosidades dentro. Foi muito malabarismo pra conseguir vender tudo – livros, lentes, revistas, acessórios, etc! – a tempo, e olha, ainda ficaram algumas coisinhas, mas, felizmente, nada de muito valor, que atrapalhasse a mudança. Até a LOMO gigante achou uma casa, com o Padu!
No aeroporto, conheci pessoalmente um camarada com quem já conversava há quase dez anos, pela internet. O Paul, de Almenara (interior de Minas), também tava vindo pra Vancouver, estudar animação numa escola relativamente parecida com a VFS, a Think Tank Centre. No avião, entre os filmes e séries disponíveis, tinha um que eu tava enchendo a paciência de todo mundo pra assistir, e não tinha conseguido até embarcar: The Lego Movie. Ri e me diverti horrores, lembrando de muitas loucuras que eu mesmo já tinha feito com Lego, e trazendo uma nostalgia muito louca. O filme em si também é sensacional, não apelando só para esse lado, e trazendo muita coisa boa na animação – inclusive no roteiro, com uma virada totalmente inesperada!
Depois de um vôo de dez horas de duração rumo a Toronto, e mais uma escala de 4h30 e cheguei em Vancouver. Contando com o tempo de espera em Toronto, essa brincadeira levou 18h, das quais dormi pelo menos metade. Chegando aqui, o Wyll – amigo do Renato, amigo da Carol (claro que tinha que ter a Carol no meio!) tava me esperando no aeroporto. Como o Paul ia rumo a North Vancouver, nos separamos nesse ponto. Aí a coisa começou a ficar impressionante, quando o Wyll entrou numa limosine imensa, e eu – claro! – segui atrás, afinal, nada como começar a vida nova em grande estilo! No caminho, ele comentou que alugar a limosine por um curto período de tempo era praticamente o preço de ida e volta ao aeroporto num táxi convencional, e que ele tinha descontos no aluguel. Não vou reclamar, certo?
Em seguida, fomos pra rua, resolver questões como telefone, banco – que tava com todos os horários lotados! – e para o Wyll me apresentar a vizinhança. É uma região bastante gay-friendly, e todo mundo (não só por aqui, mas pela cidade toda) é muito atencioso e educado. Ontem eu e o Paul estávamos andando a pé, perdidos em North Vancouver, e não sabíamos como atravessar uma ponte. Passaram duas ciclistas, que devem ter visto nossas caras de perdidos, e perguntaram “do you wanna get across?”. A gente nem tinha olhado pra elas, e elas já tavam perguntando se a gente queria ajuda. Me senti um trouxa, por todas as vezes que achei que tava sendo amigável quando alguém me perguntava algo na rua, em São Paulo, e eu respondia sem nem parar direito pra responder…
Depois de passear um tanto, o Wyll foi almoçar, e eu ainda tava bem cheio do café da manhã, então nos separamos e fui explorar. Tinha que chegar no nosso possível-apartamento até 16h, e ainda eram 14h30. Caminhei. MUITO. Até chegar na Cordova St, foram uns quarenta minutos. Aí, o apê ficava na East Cordova, e minha cabeça deu um nó, e eu continuava indo para West Cordova, sem entender porque o número não existia por ali. Quando percebi o erro, tive que sair correndo quase 2km pra não chegar atrasado. Conheci então o Peter, dono do apartamento, que me mostrou o lugar e explicou as regras.
No caminho, enquanto corria, achei meio estranho as ruas desertas, apesar de ser um dia de semana, e estarmos bem no meio da tarde. Na volta, peguei a Hastings, que é a rua da VFS, e passei pela região que é conhecida como “o pior IDH do Canadá”. Muitas lojas fechadas, casas abandonadas e gente jogada, moradores de rua, viciados, turistas perdidos (eu?) e uns tantos transeuntes. O quadro se estende por quadras e mais quadras, chegando a incomodar a cabeça, só de passar e ver a multidão. Mas, como possível morador, também tinha que ver se era perigoso, ou se as pessoas só estavam ali por falta de opção mesmo – e isso a gente vê em São Paulo. Depois passeiem por lá no Google Maps, e vejam com seus próprios olhos (apesar de não chegar nem perto do tanto de gente que vi).
Conversando com a May e o Nicko, considerando que íamos passar por lá tarde da noite, voltando das aulas, resolvemos mudar de planos e aceitar um apartamento mais caro, mas numa região mais central. Por outro lado, a East Hastings foi o ÚNICO lugar que vi mendigos e viciados por aqui – e isso não acontece em São Paulo. Nesse processo, vamos contar com a ajuda do Wyll de novo, para mobiliar o apartamento, e conseguir indicações que somos jovens atenciosos, silenciosos e que não gostam (muito) de bagunça. No meio tempo, tô alugando um quarto aqui na casa do Wyll, e fico por aqui até resolvermos o nosso, definitivamente.
Retomando a história, tava tão acabado de caminhar que ao chegar em casa, às 17h, deitei na cama e dormi. Aqui é tão louco que, no verão, os dias começam às 4h40 da manhã e o Sol só se põe às 21h30. Não é de se admirar que tantas coisas venham filmar aqui, considerando todo esse tempo de luz natural!
Acordei para o segundo dia, e devo dizer que foi o menos movimentado até agora. Depois de árduas pesquisas no celular – que os céus abençoem esse Moto G – cheguei a uma conclusão sobre custo/benefício em relação ao computador que queria comprar. Por conta das aulas, mobilidade, e tudo mais, já tinha decidido que seria um notebook, e pra fazer as coisas que precisarei, tinha que ser uma máquina forte. Basicamente, um notebook de jogos, por causa da memória RAM, e placa de vídeo. Comecei com um Macbook Pro na cabeça, mas o preço e a incompatibilidade de muitas coisas me fez desistir desse caminho. Aí surgiu o drama: Samsung, Dell, Asus, Razer Blade, Alienware, Sony, que marca confiar? Sério, fiquei muitas e muitas horas pesquisando, pesando prós e contras, lendo trilhões de reviews de compradores, até por fim fechar com o Alienware 14. É um monstrinho, chega a ser mais alto que um notebook padrão, e com a tela de 14 polegadas, dá pra carregar pra cima e pra baixo.
Por sorte ou por milagre, quando terminava as pesquisas, descobri que esse exato modelo estava em promoção na Future Shop. Jogando no mapa, uma não era muito longe daqui. Partimos pra lá, e nem caí na tentação de olhar ao redor: peguei o primeiro vendedor que me apareceu pela frente, e disse que queria o computador. Ele sorriu, e disse que só tinha mais UMA unidade, e por isso estava em promoção. Pronto, era meu! Nesse meio tempo, ele falou que o maior público de Alienware é brasileiro, e é uma afirmação que faz sentido. No Mercadolivre, o computador que paguei $1550 custa
R$5800…
A caixinha discreta do monstro.
Aí eu paguei, fiquei pobre, e voltei para casa debaixo de uma chuvinha fina, ao melhor estilo paulistano, carregando a caixa do computador como uma maleta. Perto de casa, um camarada na rua bate o olho na caixa e comenta comigo, de passagem “cool choice, man!”. Passei o resto da tarde instalando programas e atualizando o bicho, para poder me comunicar adequadamente com todo mundo. Passar 48 horas sem computador, só com o celular foi difícil. Muita coisa que podia ser feita com agilidade no PC levava horas no telefone! E abas, e multitasking, e tudo mais. Céus!
Felizmente, não levou esse tempo de fato!
Ah, nesse mesmo dia, enquanto íamos para a Future Shop, passamos no banco, e em menos de vinte minutos abri minha conta. A Sharon, que nos atendeu era muito atenciosa – pra variar… – e explicou tudo que eu precisava saber, inclusive sobre as transferências vindas do Brasil. Além disso, o banco é tão pertinho daqui que, se der qualquer pepino, eu apareço lá pra encher o saco!
Depois de terminar de instalar tudo, e responder todas as mensagens atrasadas, ler emails gigantes, organizar fotos, pastas, entender como funciona o Windows 8, fui tentar assistir um filme aqui em casa, perto de 21h. Às 21h10 eu já tinha apagado, e só ia acordar no outro dia de manhã…
Assim acabaram os eventos dos dois primeiros dias por aqui, e pra encerrar essa loucura de começo, a trilha principal, saída diretamente do Lego Movie: EVERYTHING IS AWESOOOOME!
Do mesmo jeito que esse blog começou, quando me mudei de Salvador para São Paulo, sozinho, chegou a hora de dar um reboot na história, com outra mega-mudança!
Esse post “começa” quase um ano atrás, quando eu e a May fomos no escritório da Vancouver Film School, em São Paulo. De lá, saímos absolutamente encantados e determinados a tentar. Depois de preencher trocentos formulários e chorar em emails e telefonemas para conseguir descontos mais consideráveis, nos inscrevemos para os programas de 3D Animation & VFX e Sound Design (não vou dizer quem se inscreveu em que programa, porque acho que a escolha é óbvia!). Meu curso começa agora no final de Junho e o da May no fim de Agosto. Nesse meio tempo, convencemos o Nicko a vir também, e ele começa em Agosto, no mesmo curso que eu.
Desde que tudo se confirmou, comecei a correr com as matérias na USP, pra me formar no fim de 2013, nem que tivesse que me acabar no processo. Felizmente, não foi necessário. Meu TCC já tá uns posts aí pra trás, e tudo deu muito certinho. A colação de grau foi no dia 27 de Abril, e a cerimônia não foi lá grandes coisas, mas definitivamente marcou o fim da minha passagem pela USP, onde conheci praticamente todos os amigos de São Paulo, e fiz trocentas coisas legais.
Pouco depois da colação de grau, corri para Salvador, que era aniversário de 60 anos de meu pai, e quando voltei, já tinha perdido a primeira diária de filmagem do Zona S.SP! Entrei na segunda diária, assumindo minha posição de fotógrafo e produtor nas horas vagas, e rodamos loucamente durante o mês de Maio, com pausas às segundas e quintas feiras, para a equipe continuar feliz.
Na última dessas quintas feiras antes da partida, graças a um esforço da May, conseguimos fazer uma despedida com a galera do AV2010, numa noite repleta de jogos de tabuleiro (até hoje não sei as regras do último que a gente jogou!), comidinhas gostosas feitas em casa, quase um terço da turma reunido e assuntos variados que não o CTR (o que é uma grande evolução, tendo em vista que a gente sempre fala mal do departamento, quando se encontra). Foi deveras divertido, e devo muito dessa noite à May!
Fake selfie, tirada com um iMac!
Retomando a série, foi um set muito diferente de todos os sets que participei. A equipe tava muito unida, e todo mundo dando o melhor de si para o bem do projeto. Quando precisávamos fazer concessões, todo mundo cedia um pouquinho, e ninguém ficava muito triste. As diárias eram animadas e cansativas, mas não exaustivas – nunca estouramos as 12h limite. Os elencos principal (Gui Conceição, Nadia Berriel, Roberto Lacava e Carla Zanetti) e secundário (Santiago, Henrique, Sílvio, Tadeu, entre outros), também foram incríveis, e espero que eles tenham se divertido tanto quanto a gente, nesse processo.
Filmamos em um posto de gasolina abandonado, sufocamos numa salinha queimada do chão ao teto, conseguimos autorização – E SEGURANÇAS PARTICULARES! – para filmar no prédio abandonado do Paço (onde rodamos o episódio piloto), fizemos um esconderijo num estacionamento do Jaguaré, quebramos a cabeça com a direção tripla (dos oito episódios, o Lucas Barão dirigiu quatro, o Leo Praça pegou dois e a Dani Li pegou mais dois), quase um técnico de som diferente por dia (que fez um mal danado para os equipamentos), e experimentações fotográficas usando a Blackmagic Pocket Cinema Camera, e lentes relativamente simples (duas zooms FD – 35-105mm f/3.5 e 70-210mm f/4 – além da 14mm MFT, Canon 50mm f/1.4 e Nikon 35mm f/1.8, quase todas com seus respectivos SpeedBoosters).
Rig para a Blackmagic, com bateria de fabricação própria!
Tava usando o rig acima, montado a partir das peças de Redrock Micro que tinha lá em casa, com upgrades e improvisações do Leo de forma que pudéssemos trocar cartões e baterias da Blackmagic sem ter que desparafusar a câmera do rig toda vez que esgotássemos algo. As primeiras diárias foram bem caóticas nesse sentido, e por quase duas horas, achamos que tínhamos perdido um cartão nessa brincadeira. No fim das contas, ele só tava escondido na mochila. Rodamos tudo em RAW, usando – no começo – dois cartões de 8gb e um de 32gb. Tava tenso, mas logo chegaram dois de 64gb que estavam presos no Correio e a vida ficou consideravelmente mais fácil. Via os planos pelo Zacuto, e dele, com um cabo HDMI, jogava para o monitorzinho que estava na mão do diretor do episódio. Tirando dois cabos HDMI destruídos no processo, não tivemos maiores danos ou riscos. As baterias davam e sobravam para cada diária.
Dani Li, eu e o Leo Praça, atrás da Adelaide, Kombi de produção!
A situação de som foi tão crítica, que por meia diária, EU fui o responsável pela gravação, enquanto operava a câmera. Felizmente, estávamos usando só dois lapelas, e o Lucas, que dirigiu o episódio em questão, monitorava tudo pelo fone, para poder ouvir melhor as falas do elenco.
Se até eu fiz som, é claro que o Nicko não ia escapar.
Numa das folgas, antes de começarmos a filmar no Jaguaré, precisávamos produzir um esconderijo COMPLETO. Só tínhamos as paredes, e olha lá. Fomos então, para a USP, eu e o Nicko, de carro, com um único objetivoÇ catar todo o lixo limpo e volumoso que conseguíssemos encontrar. Não foi a coisa mais fácil do mundo, mas foi engraçado demais. No fim das contas, conseguimos produzir o esconderijo usando muitas caixas de papelão, alguns cones perdidos, dois pallets pesadíssimos e sujíssimos que pegamos numa obra, calotas perdidas, jornal, garrafas recicladas, tralhas de plástico, um capacete cor de rosa rachado, e uma PLACA GIGANTESCA de trânsito, com cinco furos de bala, indicando o acesso à Castello Branco a 500m. Nesse mesmo dia, enquanto rodávamos de cima para baixo pela USP catando lixo, recebo um email do setor de graduação, informando que meu diploma estava pronto! Ae! Corri pra lá, com o carro abarrotado de tralha, assinei vários papéis, e até fiquei nervoso na hora de assinar o diploma. Na saída, ainda tive a cara-de-pau de perguntar pra Jaqueline – que me atendeu – se umas caixas de arquivo que estavam pelo chão eram lixo e se eu podia levá-las. Saímos da ECA com o porta-malas ainda mais cheio!
Dias depois, durante as filmagens, fomos numa equipe super-mini para o Clube dos Professores – de novo, com autorização e tudo! – para rodar uns planos de correria usando o carro do Leo como travelling. Os planos ficaram incríveis, e vocês vão ver no teaser com certeza, mas o nível de compressão humana no carro foi intenso!
Enquanto filmávamos nas salinhas subterrâneas do posto, tivemos que lidar com muitos vazamentos de luz, e a solução encontrada foi super-segura, onde o Dé e o Leo subiram no teto do posto (!) e cobriram tudo com panos pretos e papelão! Pics or didn’t happen? There you go!
Depois, com tudo escuro lá dentro, precisávamos resolver o problema da luz, indicada no roteiro como uma “tocha”. A gente não pretendia sufocar a equipe, que já tava filmando dentro de uma locação inóspita, então, com muitas horas de programação e solda, o Dé e o Nicko colocaram um arduíno na parada, com uma caixinha para controlar a intensidade do brilho e a frequência das oscilações luminosas do fogo. Ó a cara da nossa tocha digital aqui! No vídeo, é perfeito, e temos um making of explicando o funcionamento. Assim que estiver no ar, aparece aqui, claro! Para contra-luz, usei tudo que aprendi no Cândido Carmim e no piloto, usando luzes de emergência de led, suspensas por tripés e direcionadas/bandeiradas com caixas de papelão. O apelido carinhoso das geringonças era “Lua”.
Nas raríssimas ocasiões que apareceram, saquei a 5D3 equipada com o Iscorama e fiz essas fotos de set! Por uma questão de agilidade de deslocamento e trabalho, acabamos não rodando em anamórfico, mas estou preparando os argumentos para essa briga na segunda temporada! Essas imagens devem ajudar.
Tive que fugir das duas últimas diárias, porque meus pais estavam em São Paulo, e era saudável passar um tempo com eles, mesmo porque ainda tinha um bocadinho de coisas da viagem para resolver. Deu tudo certo, e foi muito divertido, deu pra abastecer as baterias de saudade pra longa duração. E pra matar a saudade, uma foto que tiramos no aeroporto, quando meu pai já tava voltando pra Natal. Quase que não coube todo mundo no quadro!
Nesses dois dias o Nicko ficou no meu lugar, com a direção de fotografia. A equipe inteira se reunião ao fim da última diária, num bar perto da USP para comemorar e, claro, para despedir-me de todos os envolvidos. Aí rimos muito com o Gui, Nádia, Lacava e Carla imitando os integrantes da equipe, discutimos o que esperamos do futuro dos roteiros (com muitas especulações e spoilers), e até traçamos um breve plano do que vem pela frente, na pós-produção, segunda temporada!
No dia seguinte, mal deu tempo de desmontar o computador, deixar na casa do Nicko, para depois parar na casa do Dé, a fim de contribuir com a pós-produção dessa loucura, ao mesmo tempo que liberei um espaço imenso lá em casa, e não tive que trazer o monstro de 20kg comigo. Fechei a mala, conferi tudo muitas vezes, pegamos trânsito e chuva no caminho para o aeroporto, e assim parti!
Preciso muito agradecer a meus pais, que ajudaram – e ainda estão ajudando – tanto nesse processo, pelo apoio, pelas dicas e pela paciência! Na semana anterior, meu pai também tinha ido lá em casa, e não consegui ficar nem seis horas com ele, porque tava filmando!
Agradeço a Lila, minha irmã querida (que me mandou um email lindo de despedida), pelas sugestões e indicações de sobrevivência, companhia durante todos esses anos, e tudo mais, porque ela é foda!
Por fim, agradeço à May, meu bem, que me aguenta há quase quatro anos e nem fez cara feia quando falei que ia filmar o mês todo antecedendo a partida! Acho que se não fosse por ela, eu teria ficado louco nessas últimas semanas, com tantas suposições, teorizações e investigações sobre a cidade de destino, e como resolver os infinitos pepinos que ainda estavam no caminho! Ah, preciso acrescentar que agora ela tá muito mais linda do que sempre foi, com uma mega tatuagem no braço (que tem uma história muito mais longa que esse post inteiro)!
Respondendo a pergunta: não, não tem NENHUMA relação com Rio 2!
Não vou dizer que já tô morrendo de saudades de vocês, mas sei que vão fazer muita falta. Espero ansiosamente pelas visitas, e pela mudança da May, no meio de Agosto!
Stay tuned for more!
You must be logged in to post a comment.