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[Imagem IV] Proposta de Fotografia.

December 2, 2011

O trabalho final de Imagem IV era mais ou menos assim:

“Imagine que a música Trem das Cores, escrita por Caetano Veloso, seja um roteiro a ser filmado. Elabore uma concepção fotográfica para o roteiro levando em conta os temas abordados em sala de aula, o conteúdo e o ponto de vista em que o texto foi escrito. Lembre-se de que a concepção é livre, não precisa ser fiel ao ponto de vista, época, local, autor, mas a pesquisa é fundamental para justificar suas escolhas.”

E lá fui eu escrever sobre o assunto, numa concepção que até gostei – por isso tô postando aqui, oras! O exercício pedia também imagens de referência ou material produzido explicitando as minhas escolhas. Concluí que a coisa está crítica quando é mais fácil produzir as imagens por conta própria do que correr atrás de referências. Tá tudo aí embaixo, pra quem tiver paciência de ler uma paginazinha. Caetano, se por acaso você aparecer por aqui e gostar muito disso, me contrata! Tô a fim de rodar isso!

O roteiro da música, como já é indicado em seu título, prioriza as cores acima de qualquer outra coisa, e a proposta vai em conjunto a isso. O roteiro também tem um lapso de tempo que transcrevo como a duração de um dia inteiro, começando a viagem ao fim da tarde, e terminando na tarde do dia seguinte, passando pelo pôr do Sol, noite, madrugada, manhã chuvosa e tarde novamente, com céu claro.

Nesse percurso, a música fala bastante da paisagem pela qual o trem corre, fala das serras, vegetação, a neblina durante a madrugada, a chuva, uma cidade com casas coloridas, e da pessoa que o acompanha nessa viagem. O roteiro não define se é um homem ou uma mulher. Então, para as paisagens não serão usadas luzes artificiais, apenas a luz natural, ou de outras fontes inclusas no cenário – como as luzes das cidades à noite, fogueiras, raios, ou até mesmo a escuridão total de um túnel… Dentro do vagão, a luz oscila de acordo com o que passa lá fora. Sombras correm pelo interior, a luz diminui de intensidade ou aumenta a depender do que vai perto das janelas, é azul ou amarela a depender da hora, e assim por diante, passando longe de uma luz estática e constante.

Para contrapor os momentos que se passam fora do trem e o que é dentro do vagão, tudo que é visto da janela é muito saturado, em movimento, no sentido do trem, da esquerda para a direita do quadro, grandes angulares exageradas para enfatizar o movimento e as dimensões da paisagem. Além disso, o obturador em velocidade normal (1/48) funcionaria da mesma forma que nosso olho, onde as coisas que estão mais próximas do trem passam mais borradas, e quanto mais longe (perpendicularmente em relação ao movimento), maior a clareza do cenário.

Aproveitando o aperfeiçoamento da técnica nos últimos anos, filmaria digitalmente, em 3D – captação em 3D, não a pós-produção 3D, feita a partir de imagens 2D -, o que – indiscutivelmente – daria mais corpo aos cenários que passam, a real sensação de estar olhando pela janela de um trem que passa pelos lugares mais coloridos do Brasil.

Para os trechos no vagão, criar a idéia de um espaço muito pequeno, onde tudo que acontece lá dentro é visto muito de perto, em detalhes, sem a noção de “inteiro” que temos ao olhar pela janela. Optaria então por teleobjetivas de grande abertura, a fim de ter uma estreitíssima faixa de foco, e movimentos com ela, revelando a textura das coisas, da pele, dos lábios, cabelos a partir desse “caminhar” de foco.

Escolho trabalhar em digital por ter mais experiência, ser mais barato e rápido de chegar à pós-produção. Além da saturação super puxada, o clima de cores também muda de acordo com a situação do céu – hora do dia -, mais alaranjado no começo, com o pôr do sol, passando por trechos mais azulados à noite, depois novamente laranja ao amanhecer, seguido por um branco forte das nuvens de chuva, e por fim o céu azul celeste, sem nuvens, iluminando tudo sem quaisquer interferências.

Por fim, o material produzido. Parte dele enquanto andava de carona com o Felipe, fazendo coberturas para a OLD, a outra parte, aproveitando o Sol bonito da janela e a namorada bonita, para demonstrar os planos de dentro do trem.