Day-to-Day

Match Point!

April 9, 2009

Sabe quando você vê tantos filmes num mesmo nível, sem altos e baixos, e começa a achar que o cinema é uma constante? Digamos que eu estava nesse estado já há algumas semanas. Até poucos minutos atrás.

Woody Allen é famoso por seus filmes irônicos e cheios de complicações. Match Point não segue diferente da fórmula, mas tem um quê de especial. O palco é a alta sociedade inglesa (alguma diferença até aqui?), temos a deslumbrante Scarlett Johansson (alguma diferença até aqui?) e uma mistura de crime e comédia (diferenças, onde estão?). É uma fórmula própria, sim, mas muito bem sucedida.

O começo da trama se desenvolve de forma realista, com situações que vemos todos os dias. Problemas em relacionamentos, conversas complicadas e dificuldades de admitir certas coisas para pessoas especiais. Temos no primeiro plano o instrutor de tênis (irlandês) Chris Wilton, recém chegado a Londres. Contracenando com ele numa trama urbana e rural (mansões? hein?), há a família Hewett e Nola Rice (Johansson), com quem ele se envolve em todos os sentidos. Pessoais, profissionais, éticos, morais e sexuais (claro!).

O ponto básico do roteiro é como a presença (ou ausência) de sorte afeta a vida de um indivíduo. Chris, logo no começo, diz que fora previsto para ele um futuro de sorte. Não de sucesso, não de riqueza. De sorte. Com o desenvolver das longas duas horas de projeção, em pequenos detalhes percebemos a sorte do rapaz entremeando todos os acontecimentos improváveis (e ao mesmo tempo possíveis) que ecoam de suas ações.

Na última meia hora, a história dá uma guinada quando Chris se vê contra a parede para decidir que rumo dará à sua vida. Desse ponto em diante, a notada presença dos trevos de quatro folhas e leprechauns irlandeses se faz ainda mais forte no destino de nosso desesperado e criativo Chris. A seqüência final é pura ironia, sem arriscar o mérito anterior de todo o filme e dando uma pitada especial, aquele riso geral que se espalha pelos créditos enquanto as pessoas saem do cinema.

Em termos técnicos, não há nada a se destacar, exceto uma certa relutância de Allen no uso de close-ups. São raros, bem raros, e comuns em momentos introspectivos de cada personagem. Ao mesmo tempo, são comuns os planos abertos e grande visibilidade da arquitetura antiga dos casarões e estilo conservador de Londres.

Recomendo. Match Point.

23:31 – PS. Acabei de voltar do cinema, vendo Vicky Cristina Barcelona, e pude observar algumas coisas marcantes demais para serem chamadas de coincidências. Tanto em “Match Point” como em “Vicky Cristina Barcelona”, homens se dirigem à personagem de Scarlett dizendo que ela tem lábios muito sensuais. E também nos dois filmes, ela usa uma frase que diz mais ou menos assim: “you’ve got a big chance on your hands, unless you blow it…” e os homens respondem, em ambas as ocasiões “how could I blow it?”.

  • Jumô April 10, 2009 at 8:39 pm

    Match Point é muito bom. Por coincidência, asssiti Vick Cristina Barcelona ontem, de novo. É um dos dele que eu mais gosto. Adoro as confusões que só acontecem em seus filmes. :)

  • Vick April 10, 2009 at 9:36 pm

    Engraçado, não vi muita coisa nesse filme.
    Quanto a Vick, Cristina, Barcelona…realmente, GENIAL.