Acordei às 3h20 de hoje, já pronto para a partida. O vôo da American Airlines saía às 7h45 de Guarulhos, e eu tinha que estar lá com trocentas horas de antecedência. Fui de táxi, conversando com o motorista, que também era baiano. Convenhamos, São Paulo não anda lá tão fria, então, a temperatura estava bem tranquila, mesmo àquela hora da manhã. No aeroporto, despachei a mala – uma só, tamanho ok – e fiquei por ali, ainda antes de entrar pros portões de embarque, lendo. Na verdade, relendo Ponto de Impacto (Dan Brown). Eram 4:30 da manhã, e ainda faltavam duas horas pra embarcar.
Quando reparei que já estava perto da página 100, olhei pro relógio e guardei o livro. Fui brincar de raio-x e sentar no portão de embarque. Às 7h15, começamos a embarcar. Da vez que fui pra Los Angeles foi meio espantoso, e hoje a cena se repetiu: muitas poltronas vazias no vôo. Por que os preços são tão altos, então? Enfim, tava com tanto sono que apaguei antes da decolagem e só acordei quando o café da manhã estava sendo servido. Juro que até agora não descobri o que era aquele troço. Parecia um quarto de queijo, quente, mas era uma massa, com uns cubinhos de batata no meio… Resolvi não apostar muito nela e comi um pão mesmo. E tome-lhe mais Dan Brown. Quando a leitura cansava, dormia, quando dormir cansava, lia, e assim foi por nove horas, quando aterrisamos no JFK International Airport, fora de NYC propriamente dita.
O tempo estava nublado, e o termômetro do avião indicava a temperatura de 2 graus celsius. Bem mais friozinho que São Paulo. Pra sair do aeroporto, a fila de imigração demorou um bocado. Quando finalmente saí, as malas já tinham sido todas retiradas da esteira e enfileiradas no chão, para os donos encontrarem. Peguei a minha e parti. Richard, que é o camarada que está me hospedando por aqui, me deu as instruções de como sair do JFK e chegar na casa dele pelo metrô. Primeiro, Airtrain, saindo do terminal do aeroporto mesmo. Já comecei entrando no lugar errado, mas consegui sair antes de as portas fecharem. Aí, peguei outro, que tava 50% certo, e desci na metade do caminho. Na terceira tentativa, acertei, e cheguei até Jamaica Station. Aí comprei cartões pra semana inteira – viagens ilimitadas! – umas amêndoas para comer, e fui pegar o segundo trem, agora na linha E, em direção ao Brooklyn.
O metrô de Nova York é surreal. É ainda mais surreal do que parece nos filmes. O metrô de São Paulo é um passeio de luxo mal organizado, quando comparado com o daqui. Tem uma parada por minuto, mas o trem nunca fica insuportavelmente lotado (e olha que eu peguei horários de pico, com uma mala enorme na mão). As placas não são tão claras, porque não é no padrão “uma lado da plataforma vai, o outro volta”, cada lado vai pra um lugar totalmente diferente e não necessariamente relacionado. Linhas diferentes passam nas mesmas plataformas!
Quando saí desse trem e passei pro seguinte (linha D), percorri uma parte aberta da plataforma, onde o frio tava cruel. Começavam a cair flocos de neve, e o vento castigava tudo, esfriando boa parte da estação. Dei sorte que o trem passou logo. Já comecei a me arrepender de não ter colocado luvas na bagagem de mão. Mas vamos em frente. A cada trem que eu entrava, ou estação que parava, dava uma conferida no caderninho com as anotações de rota. Não tava muito a fim de me perder no primeiro dia, e a estratégia ia dando certo.
Só tive um pouco de problema na hora de passar pro último trem, linha #1, porque as placas da estação eram realmente confusas. Subi e desci escadas pelo menos duas vezes mais do que o necessário, com a mala na mão. Por fim, desci na plataforma indicada pelo Richard, e saí na rua. Aí, minha gente, já tava nevando de verdade. Neve é uma parada muito louca – nunca tinha visto. Segui andando na direção indicada, maravilhado com aquela coisa branca e gelada, leve, mágica, até que percebi que meus dedos estavam congelando. Normalmente eu sinto muito frio nas mãos, mas aqui elas estavam parando de funcionar. Uma segurava firme a alça da mala, a outra travava os papéis com o endereço.
Depois de andar cem metros pro lado errado, deixar o papel com o endereço sair voando e correr pra buscar, enquanto a mala ficava sozinha na rua, achei o prédio. Ainda era cedo, 7pm, e Richard só chegaria depois das 9pm. Segui as instruções dele e fui pegar a chave com sua mãe, dois prédios mais adiante. Kathy era uma figura. Baixinha e muito simpática, me contou várias histórias só no tempo que a gente descia três andares de escada. Me entregou uma chave e foi pra casa da filha – logo ali no meio também – assistir Dancing With the Stars. Não consegui abrir a porta do prédio, e tive que recorrer mais uma vez a meus novos amigos, que vieram com uma chave nova – o breguetinho de autorização magnético tava dando muito problema, e o pessoal do prédio resolveu colocar uma fechadura normal como alternativa. Por fim, cheguei no apartamento vazio.
Enxuguei a neve, agradeci aos céus pelo aquecimento central do prédio, e fiquei lendo e escrevendo no sofá, enquanto esperava pela chegada de meu anfitrião. Perto de 9h30pm ele chegou, congelando também – disse que não tinha previsão de neve pra hoje – e me passou as informações básicas da casa. E agora cá estou eu, terminando de escrever e definir meu roteiro de amanhã. Certamente terei fotos nos próximos posts, mas esse aqui fica só com a história mesmo!
Estava com saudade deste tipo de post. Pegar neve em Nova Iorque deve ser muito bala. Cê foi para resolver a parada das anamórficas?
ê! eu também, na real, tava com saudade, mas não tenho vivido muitas aventuras inéditas em SP (já tá na hora de me mudar de novo, né?).
não só pelas anamórficas, mas por outras coisas mais, além da experiência! :P
daqui a pouco tem mais post, mas ainda tá cedo e to voltando pra rua.