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Day-to-Day

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Floresta Temperada.

June 22, 2014

Também conhecida como “Stanley Park”, ou “onde filmei ontem”. Hoje tirei umas horinhas – menos do que as que passei caminhando – e editei o vídeo. Não ficou uma maravilha, porque ia demorar tempo demais, e não é pra demorar tempo demais. Tem uns cortes estranhos, e talvez alguns pedaços repetitivos, mas tá aí, uma experiência no parque, usando a 5D e uma 14mm. A trilha musical ajuda muito, e é saída direto de Far Cry 3, a faixa Further, de Brian Tyler.

A parte mais divertida da técnica por trás desse vídeo é que toda a exposição de luz foi no automático, eu não me preocupei em mexer UM botão nessa brincadeira, e acho que ficou muito bom, na verdade. Dei um tratamento de pós praticamente idêntico ao das fotos, o que colabora com o clima mágico do lugar.

A compressão do Youtube deu uma enterrada na qualidade, portanto vejam em HD (SÉRIO, senão fica horrível).

Nas atividades de hoje, além de editar o vídeo, ajudei o Wyll a escolher uma câmera, comi num restaurante mexicano e pedi minha comida com hot sauce, o que acabou se provando um desafio nas últimas garfadas, mas definitivamente pedirei de novo quando voltar lá. Passei também por algumas yard sales, peguei o Catan (com expansão!) e já conferi tudo aqui, pecinha por pecinha, pra ver se tava faltando algo. Não tava, tá perfeito.

Day-to-Day

Disrupting Shooters.

June 21, 2014

Nessa semana tirei algumas horinhas para experimentar um jogo novo (não tão novo), Mirror’s Edge, que me lembrou bastante Portal, que também não é novo. Fiquei querendo traçar um paralelo entre eles, então aqui vamos nós.

Portal foi lançado em 2007, pela Valve (mesma desenvolvedora de Half Life), e foi derivado de Narbacular Drop, um trabalho de conclusão de curso de um grupo de alunos do DigiPen Institute of Technology. A grande maioria da equipe de Narbacular Drop foi contratada pela Valve para trabalhar em Portal. O jogo se passa num futuro desconhecido e é baseado numa série de puzzles, quebra-cabeças práticos, que você deve resolver utilizando uma única arma, capaz de abrir portais interconectados. Você abre um portal numa parede, outro em outra, do outro lado da sala, e consegue atravessar contornando as leis da física.

A protagonista de portal é uma mulher chamada Chell, e a vilã é GLaDOS, uma ‘mãe’ sistema operacional devotado a elaborar os enigmas e avaliar a performance da garota. Não há outros personagens ao longo do primeiro jogo. Só elas duas. Os cenários são todos muito brancos, clínicos, permeados apenas pelo azul e laranja dos portais, no subsolo de um lugar desconhecido. Não vou entrar em detalhes da história, porque é bem peculiar, e a interpretação de Ellen McLain para a vilã tem tantas piadas incríveis que no fim do jogo todo mundo lembra de pelo menos uma citação. O grande problema é que o jogo é muito curtinho, mas foi um sucesso de vendas e downloads, que levou ao lançamento de Portal 2, em 2011.


Chell, protagonista de Portal

Portal 2 tem tudo que o primeiro jogo tinha de bom, e muitas coisas aprimoradas. É um jogo beeem mais longo, com muito mais história, e enigmas muito mais elaborados, sempre girando em torno dessa capacidade de atravessar paredes como mágica. Jogamos novamente com Chell, apesar de agora termos certeza que a garota é um clone, e que aquela situação tem se repetido ad infinitum. O visual tem muito branco também, e as cores principais são laranja e azul (dos portais de entrada e saída), e vermelho, dos lasers inimigos. Agora muitos enigmas também exigem agilidade nos movimentos e pensamento rápido para improvisação. Apesar disso, ainda é bem difícil fazer o personagem morrer durante a resolução dos enigmas.

Novamente, as falas são incríveis, e somos apresentados a mais personagens, assim como todo o passado por trás da Aperture Science, GLaDOS, e mais. A Valve investiu pesado nesse campo, e a história é bastante imersiva. O grande diferencial da série é que apesar de ser tudo em primeira pessoa, você não mata ninguém no processo, e sua única “arma” é a dos portais. Também não temos uma ambientação “macho”, adrenalina bombando, essas coisas. É um jogo muito inteligente, sem ser arrogante, e que inova na jogabilidade com essa mecânica dos portais (depois de algumas horas de jogo, você começa a pensar onde colocaria portais na vida real, pra se deslocar mais eficientemente), sustentada principalmente pelo princípio de momentum (da física), onde você, por exemplo, ganha velocidade depois de cair por um poço, entrar num portal, sair no teto logo acima do poço, entrar de novo pelo chão e nessa segunda queda, mudar o portal de saída, pra entrar mais uma vez pelo chão, e ser lançado a toda velocidade por uma parede, chegando até o seu objetivo.

O trailer de Portal 2 tá aqui:

Achei um texto genial, explicando porque Portal é o jogo mais subversivo de todos os tempos, baseado numa perspectiva de gênero, e se vocês tiverem coragem e paciência (nem é tão longo, e os argumentos são excelentes), tá aqui o link.

Mirror’s Edge, por sua vez, foi lançado entre os dois jogos, em 2009, pela DICE (mesma desenvolvedora de Battlefield), aproveitando o boom que o movimento do Parkour (ou free-running) teve no fim da década de 2000. A protagonista é Faith, uma mulher que vive à margem da sociedade, transportando mensagens e entregas secretas, deslocando-se pelos telhados da cidade, usando o ambiente ao seu favor, e sempre driblando a polícia.


Faith, de Mirror’s Edge

O jogo também tem a mesma estética de MUITO branco, com algumas coisas de cores bem fortes (azul, verde, laranja e uns poucos – e especiais – elementos em vermelho). Novamente, você não tem uma arma, apesar de o jogo ser em primeira pessoa, e a maior parte do tempo é mais interessante evitar o conflito com as hordas de policiais que te perseguem. A forma de ataque de Faith são alguns golpes de artes marciais, e principalmente, desarmar seus adversários. Essa é a única oportunidade de dar uns tiros no jogo: quando você pega a arma de um oponente. Mas aí, dá pra atirar até acabar as balas, e fim, sem falar que não dá pra subir paredes, pular e correr empunhando uma arma (eu tentei). Fora isso, existe um incentivo para não utilizá-las, um desafio proposto pelo jogo, para completá-lo 100%, que é completar a campanha sem disparar uma única bala.

Eu juro que tentei, mas é MUITO difícil. Na verdade, o conceito de Mirror’s Edge é tão diferente do que estava acostumado, que morria trocentas vezes no mesmo pedaço – ou porque os policiais me metralhavam, ou porque não conseguia pular para o prédio certo, ou porque errava o caminho, e tudo é decidido na hora, então não dava pra mudar, enfim. Nesse aspecto, ele peca, porque até você se acostumar, é normal ficar um bom tempo emperrado numa fase. A vantagem é que, depois que você acostuma com o que é possível fazer, e o tempo de executar cada movimento, é assustador como o cérebro funciona rápido, traçando caminhos sem você nem precisar parar pra olhar o ambiente, e desarmando oponentes sem ativar a câmera lenta (que é absolutamente fundamental no começo).

A trama é uma coisa meio conspiratória, governo, complô contra os Runners (que são esses, que vivem à margem da sociedade, “at the Mirror’s Edge”), complô contra a irmã da protagonista, nada muito sofisticado. É intrincada, mas não elaborada, infelizmente. As missões são curtas, e o jogo todo dura menos de cinco horas. Tem muuuuitas animações e cutscenes, que não são de todo mal, mas quebram um pouco do ritmo da correria louca em primeira pessoa.

Também é um jogo disruptivo, no conceito de FPS (First Person Shooter) porque não é um shooter em si, e sim algo que aproveita o conceito já estabelecido, os controles, a familiaridade, para inovar na jogabilidade, no visual, na protagonista, e no mata-mata tradicional.

A continuação do jogo foi anunciada na E3 desse ano (algumas semanas atrás), e o trailer também tá aqui embaixo. É um ABSURDO visual, mas não dava pra esperar menos da galera que faz Battlefield. Parece que tá acontecendo o mesmo que rolou com Portal: o primeiro jogo é pra testar o mercado, ver se tem receptividade, e o segundo é que chuta o pau da barraca de verdade.

Agora, vamos traçar alguns paralelos, pra acabar esse post louco.

Ambos os jogos se baseiam no conceito de FPS – a câmera em primeira pessoa, os controles -, os dois têm cenários muito brancos e bem iluminados, com alguns poucos elementos bastante saturados. Dá pra contar a paleta de cores do jogo todo nos dedos de uma mão. Tanto Portal como Mirror’s Edge têm seus fundamentos em “como você se desloca, e que caminho você faz”, combinado com escolhas rápidas nesse trajeto, sempre com objetivo de chegar de um ponto A a um ponto B (literalmente, o percurso é o jogo, não como um shooter comum, onde o percurso é o plano de fundo que acaba crivado de balas), apoiando-se fortemente em momentum (seja para os pulos e acrobacias de Faith, seja para impulso, impacto ou proteção para Chell). Os dois jogos são curtos e atrairam os olhos do grande público, apesar de suas propostas incomuns.

Existem dois pontos em comum, porém, que, pra mim, são os mais importantes: Portal e Mirror’s Edge tem protagonistas femininas fortes, independentes de personagens masculinos (Faith tem Merc, mas eles são amigos, e Merc fala com ela pelo rádio o tempo todo, não é um cenário romântico), não um estereótipo, mas bem reais. A trama não exige que o protagonista seja uma mulher, e isso é a característica mais forte. Citando Jen Bosier, “Rather than being a hot chick who goes on whirlwind adventures, she is instead an unwitting hero, thrust into an adventure, who just happens to be female”.

E são jogos totalmente originais, em termos de “mecânica”. Não tem nada no mercado que seja levemente parecido com eles, o que os transforma de “uma experiência incrível” em “uma experiência única”, no melhor sentido das palavras. Se tivermos um ou dois jogos por ano que sigam essa originalidade, o mundo dos jogos já vai ficar bem mais interessante. E, por favor, muito mais do que um ou dois jogos por ano com protagonistas femininas plausíveis, pra melhorar não só o mundo dos jogos, como o mundo real também. Chega de clichês e princesas em apuros.

PS – Acabei de descobrir que a roteirista de Mirror’s Edge também co-escreveu o Tomb Raider lançado no ano passado, um reboot da série, e reset dos clichês “Lara Croft”, que me motivou bastante a escrever esse post. Tenho que ficar de olho nessa moça, Rhianna Pratchett.

Day-to-Day

Stanley Park – Reloaded.

June 20, 2014

Depois da chuva de ontem, antes de dormir, conferi a previsão do tempo pra hoje, e era de chuva. Queria muito usar a lente alugada no Stanley Park, pra tentar passar melhor a sensação do lugar, o que foi tão impossível com o Iscorama, que nem tentei.

Quando acordei, e vi que não tava chovendo, me arrumei correndo, comi correndo, peguei a câmera correndo, e saí de casa pra aproveitar o sol. Tive que voltar duas vezes antes de chegar na primeira esquina, uma pra pegar baterias, uma para pegar cartões. Só aí percebi que eram 15 pras 7 da manhã, e ainda era bem cedo. Não dava pra arriscar chover e eu ter gasto esse dinheiro à toa! Lá fui eu, trotando pelas ruas, pela praia, pelas calçadas, até chegar no parque. Filmei um bocado de coisa nesse começo, mas não sei o que vai dar certo. Talvez a idéia original do vídeo fique um tanto entediante, mas vou inventar aqui.

No parque, caminhei desvairadamente, filmando tudo e um pouco mais. Só parei quando cheguei no Beaver Lake e fui tentar interagir com os esquilos – sem muito sucesso. Foi aí que encontrei uma tartaruga (!!!) de boa, na beirinha da trilha. Ela tava lá, toda quieta, e se escondia quando qualquer pessoa passava perto. Era engraçado, e fiquei observando. Nessa hora eu descobri que não é tão comum ver tartarugas por lá, porque todo mundo que tava passando parava pra olhar pra ela, e tirar fotos.

Quando foi chegando um casal com dois cachorros – um deles solto – apontei a câmera, e fiquei esperando o cachorro ficar curioso pela tartaruga. Não rolou. Uns dez metros antes de chegar nela, o cachorro apontou as orelhas e disparou atrás de um esquilo, que disparou na frente também. O dono ainda tentou argumentar, de longe “Missy, please don’t go into the mud!” a resposta foi “splosh!”. E lá voltou Missy, um cachorro todo branco, agora com as patas absolutamente enlameadas. Nunca vi serviço tão bem feito. E a tartaruga ficou lá, de boa, paradona.

Fiquei filmando e fotografando nas redondezas, até que ela resolveu dar o ar da graça e começou a andar. Aí eu fiquei perseguindo ela e, depois de uns dois minutos, ela também não ligava pra minha presença. No fim, descobri que ela tava ali botando ovos, e que em breve várias tartaruguinhas vão sair daquele buraco e nadar para o lago.

Depois que minha amiga vagarosa se foi, continuei andando, até chegar naquela mesma ponte do outro dia, quando fui para um lado que não tinha “escapatória”. Dessa vez, fui para o outro lado, e… era uma opção muito melhor, passando pela frente do Aquarium, parquinhos e coisas. Comecei a ficar com fome, e peguei o caminho de casa, mas ainda levou uma hora e meia até chegar aqui, às 12h30. Realmente preciso parar com isso de andar 10+ quilômetros todos os dias. Os últimos quarteirões foram verdadeiramente puxados, com direito a apelar na trilha sonora, pra bombar mais energia pras pernas.

De tarde dormi umas duas horas, porque tava impossível ficar acordado com tanto cansaço. Agora dei uma mexida nas fotos, que vão aqui embaixo, e tô baixando a versão trial do Premiere pra editar os vídeos. Tomara que preste pra passar um tantinho do que é andar pelo parque. É muito mato, é muito legal, é muito bonito. É muito frio de manhã cedo também, mas tava um Sol que tô até achando que queimei a cara.











Day-to-Day

Como Treinar Seu Dragão 2(x).

June 20, 2014

Hoje foi um dia mais produtivo do que eu esperava. Além das economias com Catan, fui ao mercado reabastecer meu armário e geladeira, porque tava correndo risco de ficar sem comida amanhã de manhã. Peguei mais uns Hungry Mans também, que parecem ficar cada vez melhores. Alguma chance de eu estar fazendo melhor uma comida de microondas? Acho que não, né? Anyway, resolvi dar uma última chance ao tênis, antes de ir lá trocar, e hoje saí com uma meia mais fina. Aí o sapato virou outra coisa. Corri, pulei, dancei e galopei pelas ruas de Vancouver de tanta alegria.

Depois de ir ao mercado, recebi a resposta de um camarada para quem tinha proposto uma troca de jogos. Aceito. Sucesso. Fui encontrá-lo para concluirmos o negócio. Mais uma vez o tênis provou seu valor. O dia não tava a coisa mais bonita do mundo – nublado, meio ventando demais, mas não tava chovendo, então, ótimo.

Cheguei em casa já eram quase 15h30. Recebi então a resposta de um camarada dono de uma loja de aluguel de equipamentos fotográficos, para quem eu tinha proposto acrescentar os Iscoramas à sua gama de ofertas (afinal, se der pra alugar a lente, é melhor que ela ficar pegando poeira aqui no armário). Também queria alugar uma outra lente (14mm), para experimentar, e tentar filmar algo pra colocar aqui no blog, então combinei de passar na loja logo mais. O lugar fechava às 17h.

Saí de casa logo depois de almoçar, entupido de frango, purê e milho, com vinte minutos pra percorrer 2km, senão o Dylan ia ficar puto com a minha cara – a tolerância pra atrasos aqui é radical. Dei umas corridinhas, apertei o passo e peguei todos os atalhos que consegui imaginar pra evitar semáforos de pedestre. Cheguei com UM minuto de antecedência. Subi, peguei a lente, paguei ($20 pra três dias!), mostrei o Iscorama, ele achou bonito e lamentou que são poucas as pessoas que filmam em anamórfico no mercado Indie (que é o público principal dele). Saí de lá em direção ao cinema, pra ver o filme que intitula o post.

Aí descobri que a sessão era 17h05, e não 17h25. Descobri também que o cinema ficava 1km mais longe do que eu calculara. Putamerda. 17h05 É AGORA! E aí, voltar pra casa, ou arriscar tentar comprar atrasado e perder os trailers? Segunda opção, claro! Saí correndo loucamente, com o equipamento na mochila, em direção ao Odeon Cineplex. Cheguei lá 17h15, e subi CORRENDO as escadas. Na bilheteria, ainda fiz cara de pena. “Alguma chance de eu conseguir ingresso pra sessão das 17h05?” “Claro! Os trailers devem estar acabando agora!”. AE! Comprei o ingresso, comemorei, e corri para a sala. O sujeito que tava recebendo os ingressos também comentou que os trailers estavam acabando, e que eu nem teria perdido nada do filme. Maravilha.

Aí eu fui, alucinado, procurando a sala 10. Cheguei no fim de um corredor, e vi um cartaz do filme. Sons de dragão, e aventura. PUTAMERDA, JÁ COMEÇOU!! Entrei rápido, no escuro, e sentei numa cadeira da ponta. Botei meu óculos 3D e fiquei vendo o filme. Parecia o comecinho, uma revelação interessante, depois de coisas apresentadas no primeiro (se você já viu o filme, é o flashback da mulher, lá!). Depois de 45 minutos, trilha sonora épica, várias coisas emocionantes acontecendo, eu me empolgando, pensando “caralho, se esse filme tá assim em 45 minutos, O QUE É QUE PODE ACONTECER?”. Achando maravilhoso. Eu realmente não conseguia pensar em pra onde a trama ia seguir no fim daquela cena.

Aí a criança do meu lado espirrou no colo da mãe. E eu olhei. PRA QUÊ? Reparei que nem a menina nem a mãe estavam com óculos. Estranho. Tirei o óculos, tudo parecia em foco. Olhei pra trás, todo mundo sem óculos. Olhei o ingresso, sala 10. Olhei o número na parede, SALA OITO! NÃÃÃÃO!

Saí correndo, antes de ver o fim absoluto, e furtivamente me enfiei na sala 10. Agora sim, tudo escuro de novo, a galera já tava vendo o filme, todo mundo de óculos, 3D bombando, a única parte ruim era: tava NO MESMO PEDAÇO que eu tinha começado a ver na outra sala. Então, perdi o começo DUAS VEZES. Dessa vez, vi até o fim. Acabou o filme, e confirmei que ia começar uma nova sessão 2D dali a cinco minutos, na sala que eu tinha entrado errado. Aí já tinha até ensaiado o discurso que ia fazer pro funcionário do cinema, explicando que eu tinha feito a proeza de perder o começo do filme duas vezes, e tal. Antes de explicar tudo, resolvi tentar ser furtivo.

Saí da sala, devolvi meu óculos 3D nas caixas que ficam nas saídas, e ao invés de sair do complexo de salas, caminhei inocentemente para a bendita Sala 08 de novo. Ninguém me impediu, ninguém me olhou feio, na verdade, acho que ninguém nem me viu. Entrei, e fiquei lá, de boa, esperando alguém vir reclamar. Ninguém veio, fui me concentrar no filme que, ENFIM, começava. Aí consegui ver direitinho, até a parte que já tinha visto (duas vezes). Alegre e contente – porque o filme é bem divertidinho e muito bem feito, e tem um respeito cronológico ótimo, porque esse se passa 5 anos depois do primeiro, assim como o intervalo entre os dois filmes no mundo real – saí do cinema aliviado porque não tinha ficado sem ver o diabo do começo. Tinha até considerado procurar um release bem porco na internet, mas tô evitando pirataria a todo custo, então, ia preferir a abordagem diplomática de implorar para um funcionário do cinema, se preciso fosse.

Saindo do shopping, descobri que tava caindo um pé d’água absurdo. Maravilha hein? No SEGUNDO DIA usando o tênis novo, me aparece uma chuva sem precedentes, derrotando todo o propósito de eu ter trazido uma puta bota à prova d’água. Foda-se, ou melhor, foda-me. Saí na chuva mesmo, a passos rápidos, dando corridinhas de quadra em quadra. Cheguei em casa são e salvo, em 20 minutos. Nem um pouco seco, porém. Tinha água até os ossos.

Peguei um VARAL emprestado com o Wyll, e estendi as roupas por aqui, e mochila, e meias, luvas, tênis, cabelo… Essas coisas que ficam pesadas com banho de chuva. Só não tive que pendurar mesmo a alma, porque essa sempre fica mais leve. Tomei um banho quente pra ser saudável, e vim testar a lente – e me apaixonar ainda mais por ela. Pronto, foi isso o meu dia, e eu ainda queria escrever mais três posts sobre outros assuntos, que não sei se vou conseguir.

Concluo: sempre escrevo perto da meia noite, o que equivale a 4h da manhã no Brasil, então o número de leitores é pífio. Vou começar a programar os posts para aparecerem entre 10 da manhã e meio dia. Vamos ver o que acontece.

Ah, e pra melhorar o espírito da coisa, uma musiquinha do filme, que é linda. E quem tiver paciência, tem um cover muito bonitinho também.

Day-to-Day

Settlers of Vancouver.

June 19, 2014

O Amazon tava enrolando pra despachar os Catans, aí hoje cedo fui passear pela Craigslist, e consegui achar opções mais baratas pra três dos quatro pacotes que tinha comprado (e economizar $17 no processo)! Mandei um pedido de cancelamento pro Amazon, e Sábado vou buscar tudo na casa das pessoas. Nada como o mundo real batendo o virtual, sendo mais rápido e mais barato!

Day-to-Day

The Wanderer.

June 18, 2014

Vou dar uma animada por aqui, porque pelos últimos posts parece que eu só tô em casa, jogando loucamente, e escrevendo sobre isso, ou sobre coisas da internet. Bom, não é EXATAMENTE assim, na verdade, no Domingo eu terminei o último dos jogos de PS4 e agora o próximo que me interessa só sai 29 de Julho, então, nada de muita jogatina no futuro próximo.

Minhas programações de rua estavam reduzidas porque tivemos alguns problemas – demorados, mas já resolvidos! – com o banco, no Brasil, na hora de mandar qualquer dinheiro pra cá. Então, passei os últimos dez dias com US$300, pra tudo. Sobrou, claro, mas não dava pra ficar inventando moda, ou providenciar as outras coisinhas que estão faltando na vida. Como na quinta feira esse rolê da transferência já estava garantidamente resolvido, decidi que ia pegar um tempo da Sexta pra explorar, e adiantar as buscas de itens faltantes na lista de sobrevivência (tênis, bike e catan, resumidamente). Lembram daquele dia que eu andei pra caralho, passeando pela Cambie?

Pois então, a ÚNICA loja de sapato que tinha o sapato que eu queria era pras bandas de lá. Fazer o quê? Saí de downtown de novo, dessa vez pela Burrard Bridge (que está passando por reformas, e todas as plaquinhas informativas são muito meigas, de verdade). Os avisos de “cuidado, operários trabalhando” tem fotos de bebês, e os dizeres de “Drive carefully, my daddy works here!”. Achei muito mais empático que o padrão “Atenção! Obras a 500m”. Enfim, atravessei a ponte, e andei até a loja de sapatos. Claro que me perdi no processo, e andei umas quatro quadras na direção errada, mas nada muito grave.

Na loja, achei o sapato, mas tava tão cheia que acabei nem ficando pra experimentar. De lá, parti para uma loja de discos (que não era nada perto), pra ver se tava rolando um sorteio que a May queria participar. Aí eu caminhei. Putamerda, como caminhei. Logo no começo dessa etapa, resolvi comer uma das maçãs que tô carregando sempre na mochila. Delícia, sucesso. Agora preciso jogar fora esse miolo de maçã. E nada de aparecer uma lata de lixo. Andei QUILÔMETROS, e não achei uma porra de uma lata de lixo! E também não achei nenhum lixo na rua! Como não ia me render, embrulhei o bagaço num papel e coloquei no bolso mesmo. Já tinha virado uma questão pessoal, e eu ia jogar aquela porcaria no lixo nem que fosse EM CASA!

Bom, aí eu andei. Andei quase uma hora e vinte sem parar. Cheguei numa pracinha na Main Street, achei um lixo!!, e sentei para descansar. Pensei “Céus, tô mal, nunca precisei sentar pra descansar!”. Fiquei lá, bebendo água e pensando na vida por uns quinze minutos. Depois tomei coragem e me arrastei até a loja, 500m mais à frente. Lá, não achei a urna pro sorteio. Fui perguntar pro bróder da loja, e emperrei no inglês, porque não tinha a MENOR IDÉIA de como é “sorteio” em inglês, mas depois de uma ajuda do google – é “raffle”, fica a dica -, consegui terminar a pergunta. Preenchi um papelzinho sem vergonha e joguei numa urna muito escondida pro meu gosto. Respirei fundo, bebi mais uma água, e pensei em qual seria o melhor caminho pra voltar pra casa, com minhas pernas moídas. Ônibus? Nenhum por perto. A pé? Nem fodendo. Táxi? Se eu não tinha dinheiro, qual o propósito de pegar um táxi? Só sobrou mesmo o SkyTrain, a 1km de distância.

Mandei um Infected Mushroom nos fones de ouvido e ativei o piloto automático mental. Quando percebi, já tava na estação King Edwards, embarcando para casa. Só de sair aqui em downtown de novo já me deu um resto de energia pra conseguir chegar em casa. Fiquei preocupado, porque nunca tinha cansado tanto andando. Será que eu tô me alimentando mal? Aí fui fazer uma gracinha pra May, e calcular quantos quilômetros tinha percorrido. Fui marcando no google maps o caminho exato que fiz e… DEU DEZ QUILÔMETROS (tirando o pedaço de metrô, CLARO). Nessa hora o cansaço fez sentido, e fiquei bem menos preocupado com minha alimentação.

Pensa uma noite bem dormida. Foi essa. Dormi cedo, acordei tarde, descansei tanto que até me senti bem.

Tinha reservado o Sábado e Domingo para caçar móveis e coisas pra casa nova, mas Vancouver deu uma de São Paulo, e já que tinha feito sol a semana toda, caiu uma tempestade pavorosa nos dois dias, com direito a trovões com quase um minuto de duração – 46 segundos cronometrados. No fim não deu pra procurar móvel nenhum. Só deu pra ir num mercado que fica longe de casa (3km, ida e volta), mas é mais barato, pra comprar a comida congelada, e mais umas outras paradinhas alimentícias. Isso quando a chuva deu uma trégua, e fui tomando garoa no juízo. Domingo o Paul veio pra cá, contar da primeira semana de aula, e ficamos conversando muitas e muitas horas, animados com a vida. Domingo também foi o dia que escrevi um monte de posts por aqui, e terminei o último jogo (Call of Duty: Ghosts). Tava chovendo, que mais eu podia fazer?

Segunda também foi um dia light, consegui assistir um filme inteiro sem dormir – “Oculus” (“O Espelho”, em português), que é bem legal, e tem muitas sacadas boas de montagem e desenvolvimento, mas o final mais previsível do MUNDO, o que enterra bastante tudo que eu tinha gostado antes. Segunda eu só caminhei DUAS quadras, pra resgatar uma mesinha na casa de outros brasileiros, pra mobiliar nosso futuro apartamento. Ô mesinha pesada dos infernos! Meus braços estão doendo até agora! E só carreguei ela por uma quadra, parando de dez em dez passos. Foi mais cansativo que andar os 10km… Mas vai ficar bonita no apê, e é isso que importa.

Aí chegou hoje. Hoje o dia começou bem, com a confirmação do banco dizendo que a transferência tinha entrado. Pronto, já posso continuar a resolver minha vida! Fui no Amazon, e tava rolando uma MEGA promoção nos Catans. Comprei o bendito e já temos jogos marcados, pra começar a forçar o juízo de forma mais social do que no Playstation. Saí, fui no banco sacar um dinheiro, e voltei pra casa pra ver o jogo. Essa parte já tá contada. Não sei por que diabos fiquei achando que o dia já ia estar acabando quando o jogo chegasse ao fim. Como fui tolo…

O dia estava acabando, de fato. Acabando de começar! Tava caçando um telefone amarelo pra May, e mandando mensagens pra um povo da craigslist (preciso escrever um post sobre a craigslist, é tipo um “MercadoLivre da cidade”, uma invenção divina). Uma boa opção de compra era, adivinhem pra que lado? Aeee, exatamente, pro lado da Cambie! Aproveitei que tinha que comprar meu tênis – e devolver o do Wyll, que já tava emprestado há três semanas – e calculei uma nova rota.

De novo fiz a besteira de comer uma maçã sem achar o lixo primeiro, e fiquei carregando o miolo por muitos quilômetros. Tem coisas que a gente não aprende, né? Cheguei na loja, pedi pra experimentar o sapato. Achei que era tamanho 9 e meio. Não tinha. Só 9. Experimentei, e ficou bom. Parecendo um pouco folgado, na verdade. Aí o vendedor me convenceu a experimentar o 8 e meio. Ficou certinho, e decidi levar. Já saí calçado, que era pra ter conforto máximo na caminhada.

Depois de muitos quarteirões, comecei a sentir o sapato apertado. Não na ponta, como é normal, mas sim nas laterais. “Vamos ver se acostuma”. Continuei andando, passei pela Best Buy, parei no mercado porque já tinha almoçado, comido duas maçãs e ainda tava com fome. Comprei uns cookies (yummy!), e sentei lá por perto, pra folgar os cadarços. Não deu muito jeito, e acho que vou voltar na loja amanhã pra trocar pelo tamanho 9 mesmo.

Do mercado, é claro que eu podia pegar o metrô pra casa. Mas, qual seria a graça, não é mesmo? Qual seria a graça de chegar em casa com tranquilidade, conforto e segurança? Resolvi voltar andando – por outro caminho. Dessa vez não me perdi. Só escolhi uma rota um pouco não-otimizada, e vaguei mais que o necessário. Nesse tempo todo, fiquei checando o celular, esperando a bróder do telefone da May me responder. Nada. Cheguei em casa, e vi que um dos Iscos tinha chegado aqui, mas não tinha ninguém em casa pra receber na hora, e o cara deixou um aviso.

Desci pra tentar pegar o aviso, pra ir buscar no correio, e nada. Minha chave não funciona na porrinha da caixa de correio! Peguei a chave do Wyll e voltei, todo vitorioso. Nada de aviso. Ô inferno. Peguei o código do pacote e paletei até o correio. Lá fui muito bem atendido, e a moça disse que não tinha nada no meu nome. Dei o endereço e ela disse que tinha um pacote, mas que eu precisaria de um documento original e um comprovante de residência. Voltei pra resgatar o passaporte, e dei graças aos céus por já ter uma conta de telefone pra pagar. No correio, a mulher me entregou um pacote maior que minha mala de viagem. Eu esperava uma embalagem bem feita, mas não TÃO bem feita!

Em casa, gastei uns quinze minutos cortando fita adesiva e plástico bolha usando uma chave, até conseguir chegar à caixa, no centro de tudo. A lente tá perfeita, linda e maravilhosa, mas ainda não deu pra testar porque faltam anéis adaptadores. Estou trabalhando nisso. Ela é tãããão bonita! Aí deitei um pouco, pra descansar.

Foi só encostar na cama que a infeliz do telefone responde. Pediu pra ir encontrá-la… Do lado da CAMBIE! AAAAAAHHHH! NÃÃÃÃÃO!

Bom, queria resolver tudo hoje, então calcei o sapato – apertado – de novo e saí. Quando tava na metade do caminho, ela me liga, perguntando se eu já tava no SkyTrain, e se tinha como ser um pouco mais tarde, porque ela tinha que apagar as coisas dela do celular, e resgatar fotos, etc. Disse que vinha me encontrar em Downtown. Comemorei o fim das caminhadas. Claro, fui tolo novamente.

Dali a 40 minutos ela liga de novo, dizendo que conseguiu resolver tudo em casa, e não teve que vir pra Downtown. Pediu pra eu encontrá-la lá mesmo. Pelo menos era mais perto do SkyTrain do que o endereço anterior que tínhamos combinado. Já fui pro skytrain quase me arrastando, ouvindo tudo que é música alucinante pra criar forças. Cheguei na casa dela às 20h. Nessas horas que a gente vê como o mundo é foda, e é preciso estar atento às coincidências.

A mulher trabalha com cinema, tem uma empreitada em LA, e tá abrindo uma filial aqui. Tava vendendo o telefone porque não tinha conseguido se acostumar, preferia um outro, maior, que facilitava as tarefas dela como produtora. Comentei que vim pra Vancouver trabalhar com cinema, que me formei na USP, e tava indo pra VFS. Ela disse que conhece quase todos os professores de VFX de lá, e que é uma ótima escola. No fim, ainda disse assim: “salva meu número, e quando quiser trabalhar, me dá um toque, que eu te apresento pra um monte de gente aqui. A gente tá sempre precisando de alguém pra VFX e motion”. Contou que a namorada do sócio dela é brasileira, e que ela é super amiga de várias pessoas da américa latina aqui em Vancouver também.

Aparentemente, todo mundo aqui trabalha em cinema! O Paul também já encontrou um cara da indústria no SeaBus, quando ele tava absolutamente perdido, nos primeiros dias. Essa conversa de menos de dez minutos com a Jen me fez ter certeza que é aqui mesmo que o circo vai pegar fogo e que eu só volto pra São Paulo se for obrigado! Quando percebi, já tava em casa, muito mais animado do que nunca para as aulas começarem, e muito menos cansado do que quando saí. Menos cansado, mas morrendo de fome though. Aí descobri que os DEZESSEIS iogurtes que comprei na semana passada só eram válidos até o dia 12. Fiquei puto. Abri um. Não tinha virado sabor umbu ainda – como dizia minha bisavó. Mandei pra dentro, sem culpa. Depois dele, ainda mandei mais dois. O objetivo é, quando (se?) esse negócio estragar, ter o menor prejuízo possível!

Ah, no total do dia, hoje andei 16km. Ainda queria ir ao cinema, mas não vou obrigar minhas pernas. Vai ficar pra amanhã.

Post sem fotos. Tá difícil andar isso tudo e ainda carregar a câmera nas costas. Mas estou trabalhando nisso, aguardem.

Day-to-Day

Delivery de Sofá.

June 17, 2014

Assistir o jogo no Canadá tem suas bizarrices. Nesse não rolou gol, mas no outro, era preciso atenção para saber que foi gol. O narrador é um cara muito discreto, nunca grita, e fica dando informações estatísticas sobre copas passadas. Na hora do gol ele fala tipo “and goal! Brazil scores and now leads the game”. Não repete, nem fica até ficar sem ar. Também não toca musiquinha quando é gol. Na verdade, não toca musiquinha at all. Se você estiver só ouvindo, não pode se distrair, senão acaba perdendo os gols!

Aí, hoje eu tava aqui, assistindo a partida, quando toca o interfone. Era o tal delivery de sofá – porque o anterior tava com defeito e precisava ser trocado. Ok, eu não consigo imaginar alguém trabalhando direito durante um jogo, na verdade, eu não consigo conceber alguém trabalhando longe de uma tv ou rádio. Os camaradinhas subiram, totalmente alheios ao que tava rolando, e eu fiquei por perto, vendo a partida e eles carregando os sofás, sem saber decidir no que prestar mais atenção.

No fim das contas, deu tudo certo, e um dos entregadores resolveu me agradecer dizendo “Muchas gracias”. Quase gritei com o carinha, dizendo “I AM NOT MEXICAN, DUDE! I’M FROM BRAZIL, AND I HOPE MEXICO LOSES THE GAME! DON’T THANK ME IN SPANISH!”. Mas me controlei, e só agradeci em inglês mesmo.

É engraçado estar tão longe de casa, a ponto de as pessoas nem saberem direito o que é que significa um jogo pra gente. E foi isso, meu resumo do jogo, somado a uma percepção mais do que prática de que coisas que são importantes para milhões de pessoas podem não significar absolutamente nada pra outras milhões. Na teoria é fácil, mas na prática é bem curioso, mesmo.