Day-to-Day

New York – Day Four.

March 21, 2013

Se no segundo dia parecia que eu tinha andado muito, só tenho a declarar: estávamos apenas esquentando. Hoje saí de casa às 8h00. Não tinha ninguém acordado em casa e na rua tava fazendo -1 grau. Ontem de noite eu tomei consciência de que faltava pouco tempo pra viagem acabar, então folheei o guia inteiro, selecionando tudo que me interessava. Com essa lista, passei pro mapa e fui marcando as posições de cada coisa. Por fim, saí juntando tudo em sequência, numa rota confusa, que ia de um metrô pro outro, e chegava no próximo ponto.

Pra começar, desci até o fim da linha E, pra ver o memorial do World Trade Center. Acho que a catástrofe foi marcante pra todo mundo, mas eu lembro de estar em casa, assistindo ao vivo – enquanto faltava uma aula – então, nunca mais esqueci disso e queria ver como é que tá a cidade ao redor, mais de dez anos depois. A foto aí embaixo é do segundo dia, mas o prédio novo é esse, em construção. Tem um outro, menos avançado, escondido atrás dele. A previsão é de inaugurar o primeiro nesse ano.


World Trade Center

Hoje encontrei muita gente na rua, à lá Avenida Paulista, aos trancos e barrancos pra atravessar. Do WTC, fui pra Wall Street, que é praticamente uma fortaleza, com trocentas barreiras onde costumava ser uma pista, grades, polícia e seguranças ao redor da New York Stock Exchange. Tem uma igreja incrível de frente para a rua, mas tava em reforma – na verdade, tem muita coisa em reforma, acho que por consequência do furacão Sandy. Caminhei a rua toda, passei por vários prédios legais, mas nada fotografável. Muita gente e muito turista. Eu, que estava me disfarçando tanto de americano, me senti até um pouco deslocado. Segui rua acima até chegar de volta no metrô, e parti pro Pier 17, que o guia descrevia como um lugar de boas experiências gastronômicas, e lojas de lembrancinhas, além de ser na beira de um braço de mar.


Wall Street, de baixo pra cima

Fui chegando e passando por mais obras, e o povo ao redor diminuindo. Quando percebi, estava no terceiro andar, subindo pelas escadas externas, e tava tudo fechado. Fiquei por lá um pouco, apreciando a vista da Brooklyn Bridge e o frio escroto, até que resolvi voltar. Deve ser interessante com pessoas também, mas ainda era muito cedo, e não conseguia conceber a idéia de comer algo derivado de peixe àquela hora.



Brooklyn Bridge e Pier 17

Voltei pro metrô, e agora parti pra uma aventura mais comercial. No guia, achei três lojas de interesse, uma chamada Quark Spy, com vários artigos incríveis à lá filmes de espionagem, outra chamada Forbidden Planet, com quadrinhos, bonecos raros e esses brinquedos mais nerds, e a Barnes and Noble da 5th Avenue, que é a maior livraria do mundo – fui procurar um livro pra mim e um pra May. TCC tá aí, batendo na porta! Saí do metrô e meu pé já começou a doer de novo, fui meio mancando por várias quadras até chegar na Quark Spy. Fechada. Falida, na verdade. Xinguei um pouco e comecei a voltar. No endereço da Forbidden Planet também tinha outra coisa construída. Por sorte, avistei a loja, alguns metros mais à frente, do outro lado da rua. É bem diferente de uma livraria normal, e até mais radical que lojas só de quadrinhos. Arrisquei um quadrinho pós-apocalíptico que vou ler na volta, e parti. Na Barnes and Noble encontrei o meu livro, mas não o da May. Terminei que não levei nada, mas fiquei abismado com o tamanho do lugar. Quando você acha que tá chegando no fundo, tem uma outra portinha, que leva pra outra seção. Surreal.

No caminho de lá, passei pela Madison Square e parei uns minutinhos pra tomar uma água, comer um croissant e uns donuts – massa de donut é muito bom! Por que não deu certo no Brasil? Saindo da livraria, fui ver como era o maior clichê novaiorquino, e caminhei 5th Avenue acima, até chegar na Times Square – já tinha passado no subsolo umas duas vezes, mas a superfície é outra realidade. Era mais ou menos o que eu esperava encontrar pela cidade inteira. Grandes telas de led, luminosos, neons, cartazes gigantes, muita gente na rua, bueiros soltando vapor, trânsito (quase) caótico, teatros com peças famosas, e por aí vai. Fiquei vários minutos observando o fluxo, os lugares, e já tava quase entrando no metrô quando vi no mapa que o Rockefeller Center era ali perto.


Times Square

Pra quem tá com o pé doendo, e já andou pra caralho, que diferença fazem algumas quadras? Fui até lá me arrastando e entrei na loja da NBC. Me entupi de coisas de Community (duas camisas, uma pra May), fiquei rindo da criatividade dos produtos e chorando com os preços. Por fim, sentei num banquinho lá pelo centro, perto de uma pista de patinação no gelo, e detonei o resto dos meus lanchinhos e aguinha. Minha programação já tinha sido quase toda concluída e ainda não era nem 1h00pm. Percebi a proximidade com o Chrysler Building e dei no pé. Sempre tive grande curiosidade pra ver esse prédio, desde que assisti Os Produtores (a refilmagem, que gosto muito) e um personagem fala que tá parecendo o Chrysler Building. Depois de vê-lo na realidade, de fato são parecidos.


Chrysler Building

Agora sim, voltei pro metrô, fiz várias baldeações e saí perto da B&H de novo. Agora, já com uma listinha definida do que comprar – só coisinhas pequenas mesmo, parafusinhos, fitas, LEITOR DE CARTÃO – saí rápido com tudo na mão e voltei pro metrô, agora com destino: casa!

Era perto de 2h00pm quando cheguei em casa. Soquei as coisas na mala e fui ver o quê mais dava pra fazer hoje. Procurei saber da Estátua da Liberdade, ou Ellis Island, e descobri que ambas estão fechadas por conta dos danos do furacão. Ou seja, o que eu mais queria ver de perto, não vou conseguir. Foda-se. Resolvi então ir no American Museum of Natural History, que é relativamente perto daqui. No caminho, comprei uma pizza pequena (havaiana, de novo! tô começando a achar que gosto dela). Queimei a boca toda – sério – e guardei uns pedaços na mochila. Na fila do museu, a moça do caixa disse que como o museu fechava dali a pouco (faltavam duas horas), eu podia pagar quanto quisesse. O ingresso era vinte doletas. Sugeri quinze, a mulher falou que era muito, e não valia a pena – eu não ia conseguir ver tudo. Paguei dez. De fato, não deu tempo de ver tudo.


Bichinhos do Museu de História Natural

Esse museu é aquele do filme “Uma Noite no Museu”, com o Ben Stiller. Acho que nunca entrei num prédio tão grande com o objetivo de percorrê-lo inteiro. São trocentas galerias, temas, bichos, maquetes, esqueletos, textos, vídeos, janelas, aquários, plantas, índios, instrumentos, e por aí vai. Fiquei um bom tempo na seção dos meteoritos, mais um bocado nas pedras e gemas preciosas – tem cada coisa linda. Aí subi e fui ficando abismado com a qualidade das coisas. Os bichos, tem uns que até agora não sei se eram empalhados ou modelos feitos do zero. Os ambientes são todos perfeitos, a água é totalmente convincente, tudo incrível e congelado para toda a eternidade. O nível de detalhe de tudo é absurdo, e pensar que a maioria dessas coisas já tá lá há bem mais de cinquenta anos!

Quando o museu tava fechando e eles começaram a botar a galera pra fora, voltei pro metrô, com destino final em casa mesmo. Sem brincadeira, acho que peguei uns dezesseis ou dezoito trens hoje, entre idas, vindas e baldeações. Não é moleza andar sem parar das 8am às 6pm, com uma mochila nas costas! Por aqui, programei o dia de amanhã, bem mais light que o de hoje, e tracei as linhas gerais do fim de semana. Nova York é infinita, e amanhã vou para o norte, bem fora do centro, que os programas são de mato!

Como vocês podem ver, esse post já tá cheio de fotos bonitinhas, e aproveitei pra ilustrar os anteriores também. Dêem uma olhada e se divirtam. Por uma questão ideológica anamórfica, a maioria delas vai estar em 2.4:1, cinemascope! Amanhã estou de volta por aqui com mais aventuras!

  • May March 21, 2013 at 11:32 pm

    :D :D :D