Day-to-Day

New York – Day Three.

March 21, 2013

A programação de hoje foi bem diferente da de ontem, assim como o clima! Saí mais cedo, direto pra Grand Central Station, carregando minha mala vazia na mão. O destino da vez era Poughkeepsie, pra encontrar com a Kimi, que recebeu trocentas coisas pra mim aqui ao longo de vários meses – eBay spree. O trem para Poughkeepsie saía às 9h45, me programei pra chegar na estação com folga. Qual não foi minha surpresa desagradável ao desembarcar e descobrir que só tinha dez minutos para achar onde comprava os tickets, achar a plataforma do trem, entrar e sentar? Saí correndo, de mala na mão, tentando me orientar e cumprir os horários.

Como turista, você tem duas opções, e cada uma dela vai ter um resultado diferente. A minha preferida é me disfarçar de local, prestar atenção em tudo e ir me orientando sem precisar perguntar nada pra ninguém. A outra é o extremo oposto, se passar por perdido completo e já chegar nas pessoas com “Hi, can you help me?”. E aí é mais jogo você fingir que não sabe nada, nem em que cidade você tá, porque a explicação vai ser detalhada e clara – nada pior que uma explicação pela metade. Tava quase apelando pra essa tática quando achei as placas que guiavam pro guichê da Metro-North Railway. Já nessa tacada descobri o preço da passagem e a plataforma de embarque.

Na fila mesmo, já fui caçando indicações de onde ficava a track 23, pra sair correndo assim que tivesse o ticket de embarque na mão. Achei, era bem atrás de mim. Entrei no trem, coloquei a mala na prateleira superior e sentei. Em menos de dois minutos, estávamos andando. O subsolo de Nova York é assustador. É infinito, literalmente uma cidade por baixo da outra. São trocentos trilhos, paredes e caminhos, num vão imenso, onde parece que é sempre noite. Faz qualquer coisa de metrô que eu já vi na vida parecer brincadeira. Ficamos pouco tempo no subsolo, porém. Logo o trem cortava as margens do rio Hudson, percorrendo os vários quilômetros que faltavam até a última parada, onde eu desceria. Foi bem tranquilo, e bem bonito, até tirei umas fotos, mas ainda tô sem leitor de cartão!


Acho que é minha foto favorita da viagem

A viagem durou 1h40, exatamente como indicado na tabela com os horários – de trilha sonora, fui ouvindo o EP do Walk Off the Earth, que é show. Na estação, já encontrei a Kimi, e fomos conversando até Vassar. Pegamos um táxi – sem taxímetro – que levou a gente pra lá. Vassar é uma faculdade daqui, onde a Kimi tá fazendo intercâmbio. De acordo com ela, Poughkeepsie é a cidade mais low-budget das redondezas. Não tem transporte público, mal tem ônibus, não tem metrô, os táxis não tem taxímetro e chegam no horário que querem, enfim. Deixamos a mala no quarto de Kyndra – por conta do Spring Break, todo mundo foi deslocado de seus dormitórios originais, e a Kimi foi parar no quarto dessa tal Kyndra.


Kimi! e eu

Descemos até o salão de convivência do dormitório e encontramos o Ricardo – também brasileiro, do Rio, que tá fazendo intercâmbio por lá também. Fomos almoçar numa pizzaria e eles foram contando as histórias do lugar enquanto caminhávamos. Na pizzaria encontramos o Otávio, também brasileiro, e logo mais chegou o Nicolas, todos muito amigos. O almoço foi ótimo – ainda não sei porque pedi uma pizza havaiana, mas levei metade para viagem, o que foi bem útil na volta – e conversamos um bocado. Depois, o Nicolas e o Otávio nos abandonaram para resolver suas vidas, e a Kimi e o Ricardo foram me apresentar o campus.

Passamos pelo prédio central, biblioteca, film and drama, vimos o prédio da Música, as quadras de squash… O lugar é imenso – boa parte dele estava coberta de neve – e muito bem cuidado. Todos os ambientes são agradáveis, aquecidos, com paredes em tons quentinhos, chão acolchoado, tudo que faz falta na USP. Não sei porque em SP a gente não assume que vai fazer frio de verdade, e programa as coisas pra isso, instala aquecedores, sei lá. Porque todo ano faz frio. A gente sabe que faz frio, e é isso aí, a gente só tenta sobreviver, ao invés de encarar a realidade. Nesse aspecto, NY tá anos luz à frente, mas depois discorro sobre o assunto.

Depois do tour, voltamos pro dormitório, soquei tudo dentro da mala – tem uns brinquedos bem legais, EVF, monitor, mattebox, uma pá de filtros – e ficamos conversando sobre a vida, sobre o Brasil, CTR, TCC, intercâmbio… Quando percebi a hora, já eram 4h10pm, e o meu trem saía às 4h40pm. Chamamos um táxi correndo e já descemos com a mala. A despedida foi meio às pressas, mas o taxista também correu até a estação, e lá estava eu, correndo de novo contra o tempo pra comprar o ticket e entrar no trem! Foi exatamente igual à vinda. Assim que entrei no trem, as portas fecharam.

Na volta, detonei os pedaços de pizza que tinham sobrado e fiquei olhando a paisagem passar do lado de fora, me controlando pra não descer do trem e sair explorando tudo a pé. Tenho esse treco por natureza fechada. Se eu acho um lugar onde pouca gente vai, me dá uma vontade louca de caminhar por lá, olhar pra tudo, sentir o lugar. Sabe quando você pega um gato que fica muito tempo em casa, e solta? O bicho sai correndo pra uma árvore e sobe, depois sai correndo pra comer uns matos, cheirar flores, rolar na grama. É tipo o que eu sinto, só que menos radical. Tenho isso desde muito tempo já, e tô percebendo direito agora. Enfim, fiquei com vontade de explorar a floresta coberta de neve – é tudo marrom ou branco.

Cheguei em casa, fiquei um tempo brincando de quebra-cabeça pra encaixar tudo na mala e não ter que jogar roupas fora, mas deu certo. Aí já era tarde e fiquei por aqui mesmo, programando os próximos dias. Temos muita caminhada pela frente. Amanhã vou ver se providencio o leitor de cartão também!

  • May March 21, 2013 at 4:10 pm

    clamo por fotos!

  • Luiz March 21, 2013 at 9:13 pm

    Aaeeehhhhh Tito to lendo seus relatos todos os dias. Sao muito legais de ler e para risada dê montão. Beijos

  • Getro March 21, 2013 at 10:13 pm

    Coloca uns fotos aê, meu!