Day-to-Day

Requiem For A Dream.

April 6, 2009

Há bastante tempo que tento assistir esse filme, com minhas tentativas frustradas por motivos diversos. Finalmente, hoje consegui assistir.

Algumas coisas podem ser observadas, além do fato de o roteiro ser brilhante e pesado, a abordagem ser pesada, mais pesada do que a maioria está acostumada, e o desenvolvimento é condicionado por uma série de repetições que nos fazem entrar completamente em cada personagem, em cada situação, desespero e crise. O roteiro é totalmente aceitável no dia a dia, ou seja, pode estar acontecendo algo parecido com o seu vizinho, ou com qualquer um e não seria nenhum absurdo, impossível.

A câmera está sempre muito perto dos rostos, nos aproximando mais do que gostaríamos, mais do que fazemos no dia a dia com quem está ao nosso redor. Isso força e facilita a ligação com os personagens. Câmeras improváveis, situações em que o mundo parece flutuar ao redor do protagonista, pelo menos pra mim, lembraram muitas situações reais. Coisas pelas quais você passa e fica ‘aéreo’, deslocado do resto, preso em seu mundo particular.

Sequências rápidas de imagens de objetos (como a das pílulas, ou da cocaína, entre muitas outras), não mostram exatamente o que faz cada personagem, mas, ao mesmo tempo, nossa cabeça processa e entende melhor do que entenderia caso fossem mostradas de forma direta e objetiva. O mesmo vale para os efeitos das drogas, das crises. Principalmente para nossa querida Sara Goldfarb, que tem alucinações.

O sujeito que planejou aquelas tomadas, dos dois um: ou já passou por aquilo e soube transformar bem para a linguagem cinematográfica, ou fez muitas pesquisas sobre os efeitos de cada situação mostrada.

O filme é tão “fechado”, bem elaborado, que não deixa uma brecha sequer para críticas negativas (da minha parte). A trilha monta as seqüências de forma magistral (prestando atenção, dá pra saber, só pela trilha, quando a cena vai cortar), expandindo a integração do público na história.

Tá deveras confuso, isso aí, mas acho que consegui falar tudo que queria. Se me vier uma luz, eu melhoro o texto. Sintam-se à vontade para fazerem suas análises nos comentários!

  • [J] April 6, 2009 at 8:54 pm

    sei la tito.
    senti tanto no formato do texto uma influencia do cineclube de sabado
    (ou nao?)
    acho q vc deve frequentar mesmo! vai ser legal pra voce!

  • Donk April 7, 2009 at 5:47 pm

    Dá até raiva ver que vc só assistiu a esse filme agora. Mas que bom que assistiu!

    Sei lá, o filme é introspectivo demais, me fez, à época, refletir quais eram os meus vícios – não só os de ordem alucinógena.
    Acho que o filme nos traz, na verdade, não os efeitos da coca, heroína, anfetamina, mas sim o posto do ser humano como degradado pelas suas próprias “evoluções”. É a representação da destruição do ser humano como “zoon politikón”, onde são cortados pela raíz os princípios da vivência em sociedade. A amizade, o casamento, a integridade, tudo isso tem sido colocado em cheque por conta da necessidade cada vez maior de correr – correr para algo, correr de algo – contrariando a lógica social e instigando a individualidade, a competitividade, a solidão.

    Abraço.

  • Donk April 7, 2009 at 5:53 pm

    Um blog muito bom: http://pipocasetretas.wordpress.com/