Na ensolarada e tropical cidade de Salvador, Carolina Martins chega em casa pouco antes do almoço. A moça que cuida da portaria a chama e entrega o pacote que chegara.
— Que ótimo! Obrigado, Maria. Comprei um livro pela internet, já tava começando a achar que não iam entregar!
Enquanto sobe até o décimo andar, ela repara no remetente do pacote. “Rafael Porto?”
Ao chegar à cozinha, já abriu o pacote e segura o livro com uma das mãos e o envelope do rapaz com a outra. Ela coloca o livro sobre a mesa e se concentra em abrir a carta cuidadosamente para não rasgar o papel.
Ela lê a mensagem, espaçando alguns sorrisos aqui e ali. Em seguida, dedica sua atenção ao livro, abrindo-o, deliciando-se com o toque da capa levemente enrugada pelo tempo e folheando as páginas amareladas. Por tanto tempo ela procurara aquela pequena preciosidade, e por um acaso do destino, quase não chegara a seu destino.
Numa mistura de apreço e educação, ela responde a carta, enviando-a naquela mesma tarde, a caminho da universidade.
Salvador, 17 de Março de 2009
Prezado Rafael,
Agradeço profundamente pelo envio do livro. Essa edição é bem rara, e eu tinha passado vários meses procurando por ele.
Gostaria de saber como faço para cobrir suas despesas com o envio.
Mais uma vez, obrigada.
Carolina Martins
PS: Não se preocupe, ele não vai sentir ciúmes. Ele nem sequer existe. Hahaha.
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